domingo, 7 de março de 2010

A natureza indeterminada do homem - 2

No supermercado da vida quase todos os animais parecem ser tecnologia de ponta, ferramentas finissimamente calibradas com o fim de cumprirem esta ou aquela tarefa num determinado nicho ecológico. Como acontece com outros instrumentos semelhantes, servem muito bem para o que servem mas não servem para nada mais. Quando as circunstâncias ou a paisagem mudam, perdem o vigor e extinguem-se irremediavelmente. Pelo contrário, os seres humanos são anatomicamente indigentes, têm um desenho grosseiro e carente de adequação precisa, mas suportam as mudanças e compensam com a sua actividade inventiva as limitações a que estão sujeitos. (…)

Fernando Savater, A coragem de escolher. Pub. Dom Quixote

Sem comentários:

Enviar um comentário