domingo, 7 de março de 2010

A natureza indeterminada do homem

"É uma ideia assente (...) que o homem não tem natureza, mas que tem - ou antes, que ele é - uma história. (...)
Na criança todo o isolamento extremo revela a ausência nela destes sólidos a priori, destes esquemas adaptativos específicos. As crianças privadas demasiadamente cedo de todo o contacto social – as crianças que se chamam “selvagens” - ficam desprovidas, a ponto de aparecerem como animais estranhos. (...) A verdade é que o comportamento, no homem, não deve à hereditariedade específica o mesmo que o comportamento animal deve. A vida, fechada, dominada e regulada por uma “natureza dada”' é substituída aqui pela existência aberta, criadora e ordenadora de uma "natureza adquirida". O que a análise, (...), retém de comum dos homens é uma estrutura de possibilidades, na verdade, de probabilidades que não pode passar ao ser em contexto social, qualquer que ele seja. Antes do encontro de outrem e do grupo o homem não é senão virtualidades.”

L. Malson, As crianças selvagens, Porto Civilização, pp. 5-7

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