sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O Auditório Universal

«O auditório universal é, em primeiro lugar, uma construção ideal elaborada em função de um discurso que aspira ao consenso de todos os homens racionais sobre o que, nesse discurso, é dito. Mais do que uma ideia, ele é um ideal, ou, para utilizar, como Perelman faz regularmente, a terminologia kantiana, uma ideia reguladora.»

Rui A. Grácio. Racionalidade Argumentativa, p. 91.

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Trabalho de análise de filme - o problema do livre-arbítrio


Actividade: análise temática e argumentativa de filme
Objectivo:
A)       aplicar correctamente os termos que constituem a rede conceptual da acção humana;
B)       identificar teses, argumentos (ou justificações) em conflito no filme
C)      desenvolver o pensamento analítico e crítico e a precisão conceptual

Tarefa:
1 - ver o filme
2 - redigir um discurso de análise do filme, no mínimo 1 página e no máximo 4 páginas A4, Times New Roman 11, espaçamento 1,5, margens 3 cm.,
2.2. o discurso deve dar conta da história que o realizador quis contar.
2.3. o discurso deve dar conta da acção (acções) e projecto que o actor principal tem, bem como das dificuldades que se lhe levantam
2.4 o discurso deve terminar com a discussão do problema do livre-arbítrio (por exemplo: a acção humana é determinada radicalmente, determinada moderadamente, ou totalmente independente das condições e leis físicas, psíquicas e sociais (libertismo)?

Condições:
1 - o aluno tem de defender o trabalho - em aula do dia 10 de Janeiro
2 - o não domínio de uma única palavra aplicada na análise do filme implica zero valores.
2 - o discurso tem de apresentar 50% dos termos apresentados no quadro B e 30% dos termos apresentados no quadro C.
3 - entrega em papel A4 V/V, agrafado, até dia 7 de Janeiro.

Avaliação -  critérios da disciplina; trabalho escrito e defesa
Peso:

Quadro A
Hipótese A
Hipótese B
Relatório Minoritário - Realizado por Steven Spielberg  - EUA, 2002 Cor – 145 min


Quadro B
- Acontecer vs. Fazer
- voluntário vs. Involuntário
- motivo vs causa
- intenção vs espontâneo
- Agir vs. Reacção
- Consciente vs. Inconsciente
- Projecto vs. ausência de deliberação
- Decisão vs impulso mecânico
- Deliberação vs imediatez da resposta
- Condicionante vs determinante
- Intenção vs alteração do real
- Consequências imprevistas vs. Previstas
- Necessidade vs possibilidade
- Natureza dada vs natureza adquirida
- Instinto vs aprendizagem

Liberdade Absoluta – Liberdade Condicionada
Tudo Poder Fazer – Poder realizar todo o apetecer
Condicionante – Determinante
Condicionantes Físicas – Condicionantes Sociais
Condicionantes Psíquicas – Condicionantes Culturais
Determinismo Natural e Físico – Livre-Arbítrio
Incompatibilismo – Compatibilismo
Libertismo - Determinismo Radical

Quadro C
absoluto / relativo
abstracto / concreto
antecedente / consequente
aparência / realidade
a priori / a posteriori
causalidade / finalidade
compreensão / explicação
contingente / necessário
dedução / indução
dogmático / crítico
dúvida / certeza
empírico / racional
essência / existência
finitude / infinitude
formal / material
identidade / contradição
imediatez / mediação
intuitivo / discursivo
particular / universal
saber / opinião sensível / inteligível
sentido / referência
ser / devir
subjectivo / objectivo
substância / acidente
verdade / validade
teoria / prática
transcendente / imanente

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

publicidade, retórica e consumo


http://economico.sapo.pt/

Estudo

Jovens informados são imunes ao discurso das marcas

Catarina Madeira  
22/12/11 07:08
Estudo diz que as marcas já não são mobilizadoras para os jovens, que querem “comunicação honesta e genuína”.
O discurso das marcas é cada vez menos mobilizador para os jovens, que todos os dias são "bombardeados" com informação. Para serem aceites neste segmento, as marcas terão de adoptar um discurso "genuíno" e "honesto".
Esta é uma das conclusões do estudo "Crise, Valores e Marcas nos jovens", promovido pela Bottom Line, agência de publicidade do Sistema Ativism, junto de 830 jovens, entre os 15 e os 23 anos, com o objectivo de descobrir e estudar os comportamentos dos jovens e os seus pensamentos face às marcas e à crise actual.
No universo das marcas, o que esta geração mais valoriza é "o que eu gosto", o preço, a qualidade e a funcionalidade. António Fuzeta da Ponte, director-executivo da Bottom Line, diz que esta é "a geração mais bem informada de sempre" e que, por isso, está preparada para "distinguir exactamente o que lhes interessa".
 
In http://economico.sapo.pt/

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Heitor, Aquiles e o problema do livre-arbítrio


Ana Margarida 
Ana Rita 
10.º D

Hipótese de trabalho: a defesa do determinismo absoluto
No determinismo absoluto, todos os acontecimentos dependem sucessiva e necessariamente das suas causas. Um acontecimento pode ser simultaneamente causa e efeito. Tudo o que fazemos é inevitável, não o podíamos ter feito de outra maneira. De acordo com esta tese, a decisão de Heitor não pode ser livre, por várias razões:
Þ    Heitor não podia fugir de Troia, pois tinha um filho e por razões biológicas era incapaz de o abandonar;
Þ    Heitor não podia atraiçoar a sua cidade, pois seria punido;
Þ    Heitor não podia recusar lutar contra Aquiles, pois em criança tinha sido educado para se tornar num bom guerreiro e também lhe ensinaram que a cobardia era algo odioso.
Logo, Heitor não teve escolha: só podia lutar contra Aquiles.

                O comportamento das pessoas é causado por fatores fora do seu controlo (ex.: genética, ambiente onde cresceu). Se o agente não tem controlo sobre esses fatores, não se trata de uma ação livre. Se uma ação é praticada livremente, o agente poderia decidir praticar outra ação diferente em vez dessa; no entanto, não se pode praticar uma ação diferente da que se praticou, logo, a pessoa não agiu livremente (não tinha outra hipótese).
O indeterminismo tem uma falha, pois nem todas as ações são fruto do acaso: uma pessoa alimenta-se porque tem fome e abre a janela porque tem calor.
O libertismo também tem um defeito: a decisão humana está limitada ao meio físico que a rodeia, por exemplo, uma pessoa que esteja no sexto andar de um prédio e queira sair do edifício, não se vai atirar pela janela, pois sabe que morrerá, simplesmente decidirá se irá utilizar as escadas ou o elevador.
O compatibilismo defende que o Homem pode escolher, mas por trás das razões que levaram o Homem a fazer uma certa escolha estão uma série de fatores que a determinaram, impossibilitando a existência de outras escolhas – a escolha não foi livre.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

O que precisa um homem para ser um cidadão?


INSPETOR de CIRCUNSTÂNCIAS - 2


Só vamos aplicar o inspetor de circunstâncias aos argumentos de tipo condicional - Modus Ponens ou Modus Tollens.

Esta operação da avaliação realiza-se nestes tipos de argumentos porque a tabela de verdade não permitiu ser conclusiva. 
A tabela de verdade é conclusiva quando se verificam que todos os valores de verdade da coluna do conetor mais abrangente são verdadeiros (tautologia) ou são falsos (contradição). 
Mas pode acontecer serem uns verdadeiros e outros falsos. Neste caso temos uma contingência. (veja bem o que significa contingência!?)
Uma contingência precisa de uma rede mais fina para detetar a validade do argumento. 

por exemplo:
1ª premissa:            ~A -> B      
2.ª premissa:           ~B 
Conclusão:              A  

1º - calcula-se o valor de verdade para cada uma das premissas e para a conclusão, nas colunas respectivas 
2.º - verifica-se se existe uma linha com a situação de        V      V       F   
3.º - se existir o argumento é inválido, pois traduz uma IMPOSSIBILIDADE
4.º - se não existir o argumento válido.
5º - se existir simultaneamente uma linha com valor V V V e outra V V F conta - obviamente - a que traduz a invalidade do argumento. 


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

teoria da evolução da vida


O que é uma ação? O que não é uma ação?


A palavra ‘acção’ emprega-se às vezes para falar de animais não humanos (diz-se que a acção das cigarras é benéfica para a agricultura) ou, inclusive, de objectos inanimados (diz-se que a gravitação é uma forma de acção à distância ou que a toda a acção exercida sobre um corpo corresponde uma acção igual de sentido contrário). Mas sobretudo usamos a palavra ‘acção’ para nos referirmos ao que fazem os humanos. Aqui só nos interessa este tipo de acção, acção humana.
As nossas acções são (algumas das) coisas que fazemos. Na realidade o verbo ‘fazer’ cobre um campo semântico bastante mais amplo que o substantivo ‘acção’. O latim distingue o agere do facere (aos quais corresponde em português agir e fazer). Ao substantivo latino actio, derivado de agere, corresponde o substantivo acção. Assim, até de um ponto de vista etimológico, ‘acção’ só carreia a carga semântica de ‘agir’ e não propriamente de ‘fazer’.
Tudo quanto realizamos é parte da nossa conduta, mas nem tudo o que realizamos constitui uma acção. Enquanto dormimos realizamos muitas coisas: respiramos, suamos, damos voltas, apertamos a cabeça contra a almofada, sonhamos, talvez ressonemos alto ou falemos em voz alta ou andemos sonâmbulos pela casa. Todas estas coisas as realizamos inconscientemente, enquanto dormimos. Realizamo-las mas não nos damos conta delas, não temos consciência de que as realizamos. A estas coisas que fazemos inconscientemente não lhes vamos chamar acções.
Vamos reservar o termo ‘acção’ para as coisas que realizamos conscientemente, dando-nos conta de que as fazemos.
Há, no entanto, coisas que fazemos conscientemente, dando-nos conta delas, mas sem que à sua realização corresponda uma intenção nossa. Damo-nos conta dos nossos ‘tiques’ e de muitos dos nossos actos reflexos, mas realizamo-los involuntariamente, constatamo-los como espectadores, não os efectuamos como agentes. (A palavra ‘agente’ é outra das palavras derivadas do verbo latino agere.) Por algo que sentimos depois de comer damo-nos conta de que estamos a fazer a digestão. Mas fazer a digestão não constitui (normalmente) uma acção. Pelos sorrisos dos que nos observam damo-nos conta de que estamos a ser ridículos. Mas ser ridículo (praticar actos ridículos) não é uma acção, mas uma reacção, algo que nos passa despercebido e que lamentamos (a não ser que o façamos de propósito, como provocação; neste caso já seria uma acção). Também não chamamos acção a esses aspectos da nossa conduta de que nos damos conta, mas que não efectuamos intencionalmente.
No presente estudo limitar-nos-emos às acções humanas conscientes e voluntárias, às que daqui em diante chamaremos acções (sem mais). Uma acção é uma interferência consciente e voluntária de um homem ou de uma mulher (o agente) no normal decurso das coisas, que sem a sua interferência haveriam seguido um caminho distinto do que por causa da acção seguiram. Uma acção consta, pois, de um evento que sucede graças à interferência de um agente e de um agente que tinha a intenção de interferir para conseguir que tal evento sucedesse."
MOSTERÍN. Racionalidad y Acción Humana

sábado, 19 de novembro de 2011

'Mais rápidos que a luz'? Afinal Einstein tinha razão - Ciência - DN

O postulado de que a velocidade da luz - 300 000Km/s é a velocidade máxima tem sido posta em causa no último mês por se verificar que os neutrinos viajam mais rápido do que a própria luz.



Mas talvez haja um erro de medição....!?
Existe uma Hipótese em fase de discussão científica que explicaria o facto dos neutrinos andarem feitos loucos a acelerar...


'Mais rápidos que a luz'? Afinal Einstein tinha razão - Ciência - DN

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

PP sobre Falácias e Argumentos

Classifique as seguintes falácias.

A) Professor tem que me deixar passar de ano, senão o meu pai zanga-se e não me deixa voltar a matricular.

B) Não existem dados suficientes para dizermos que não têm razão, então têm razão.

C) Como pode Ómega argumentar contra a eficiência dos serviços de saúde se nunca esteve doente!?

D) Sendo a favor da sesta, és as favor da preguiça e a preguiça é algo económica e socialmente má.

E) "Mas toda a gente faz!!"

F) Se no meu Bairro as pessoas são X, então em todo o lado é assim.

G) Ou se é rico ou se é pobre. (...)

H) Se jogarmos no euromilhões ficamos ricos. se ficarmos ricos somos poderosos, se formos poderosos podemos conduzir a vontade dos outros. se conduzirmos a vontade dos outros somos líderes. se formos líderes seremos adorados.

I) A Ómega disse de Ypsilón: "tu não és homem, não és nada". Phi pensa: Ómega considera Ypsilón uma mulher.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

INSPETOR DE CIRCUNSTÂNCIAS - 1

USE o INSPETOR de circunstâncias para DEMONSTRAR a INVALIDADE do seguinte argumento: Se o determinismo da natureza existir, então poderemos ser livres. Somos livres. Logo o determinismo da natureza existe.

Demonstre a validade do seguinte argumento:

Se partilha uma ética deontológica, então não justifica o valor da ação através do que o homem realiza. Justifica o valor da acção através do que o homem realiza. Logo não tem uma ética deontológica.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

História da Ciência

Acesso gratuito a 346 anos de ciência na Internet O arquivo da The Royal Society Entre os documentos mais valiosos está a primeira investigação de Isaac Newton sobre a cor. Newton explica para a revista o revolucionário descobrimento que fez em 1672: a cor é uma propriedade inerente à luz e a luz branca é composta por uma mistura de outras cores. Os internautas também poderão consultar os trabalhos levados a cabo por Darwin ou então pelo primo dele, Francis Galton que, em 1891, descobriu que as impressões digitais eram uma marca pessoal e podiam ser utilizadas para a identificação do indivíduo. Pouco depois, a Scotland Yard (corpo da polícia britânica) começou a utilizar este método, que se foi estendendo por todo o mundo. Benjamin Franklin utilizou em 1752 uma pipa para demonstrar a sua teoria sobre a electricidade. Pensava o cientista que os relâmpagos eram electricidade que se deslocavam das nuvens para a Terra, e suspeitava que essa electricidade poderia ser apanhada artificialmente empinando uma pipa durante uma tempestade. Felizmente Franklin estava certo e sobreviveu à experiência. (...) http://www.jn.pt/PaginaInicial/Tecnologia/Interior.aspx?content_id=2092999&page=2 http://royalsocietypublishing.org/search

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Natureza dada vs. natureza adquirida e a dimensão social do homem

Menina viveu fechada e na porcaria até aos sete anos. Hoje ainda não fala, mas já ri
Luis M. Faria
Quinta feira, 27 de outubro de 2011

85 por cento do cérebro desenvolve-se até aos cinco anos. Uma criança que cresça privada de estímulos fundamentais em matéria de socialização e linguagem nunca mais recupera. Os casos de 'meninos selvagens', felizmente, são raros, mas de vez em quando aparece um que nos faz arrepiar ou chorar. Um desses casos é o de Dani, a menina que foi descoberta num quarto sujo da Florida.


Danielle - nome por que era tratada, ou não, pela família - tinha quase sete anos quando uma denúncia anónima levou a polícia a sua casa. A assistente social que primeiro lá entrou teve de sair para se aliviar, emocional e fisicamente. Os polícias não ficaram muito melhor. Um disse depois que era a pior cena que alguma vez encontrara.

Todo a casa fedia, com bocados de fezes espalhados pelo chão e pelas paredes. No meio disso, uma mãe e dois filhos crescidos não pareciam incomodados. Só ao fim de minutos indicaram aos visitantes um quarto ao fundo, de onde vinha uma espécie de gemido.

Nesse quarto - um espaço do tamanho de um armário, que de mobília só tinha um velho colchão imundo, com molas saídas - estava a pequena Danielle. Olhar esquivo, desgrenhada, com insetos a passar-lhe por cima e usando apenas uma fralda suja, vivera ali a maior parte da sua curta vida.

Fatores puramente externos

A primeira preocupação dos polícias foi levar a criança ao hospital. Mas antes dirigiram à mãe uma pergunta: como foi capaz? Ela respondeu que fizera o seu melhor, antes de começar a gritar para não lhe levarem a sua "bebé".

No hospital, constatou-se que Danielle estava gravemente subnutrida. O peso era muito abaixo do normal para a idade, mas ela não conseguia engolir comida sólida, ou mastigar. Ficou a soro. Uma vez lavada e examinada, os médicos concluíram que nunca ultrapassaria a grave situação de deficiência em que a mãe a pusera.

Os problemas nada tinham a ver com qualquer fator físico. Originalmente, não havia nada de errado no corpo da rapariga - nenhuma doença, nenhum atraso. Fora o modo como a criaram que a danificara.

No tribunal, a mãe daria as suas explicações, nenhuma das quais fazia sentido. Só o facto de ela própria ter um Q.I. próximo do atraso mental terá comovido as autoridades.

Uma ténue conexão

A mãe continuava a querer a filha. Mas as autoridades propuseram-lhe um acordo: se renunciasse aos seus direitos, não a mandavam para a cadeia. Recusando, arriscava vinte anos. Ela cedeu.

Danielle foi proposta para adoção. Num site oficial do estado da Florida, o seu retrato aparecia entre o de centenas de outras crianças. Algo terá comovido Diane e Bernie Lierow, um casal de trabalhadores que andava à procura de mais um filho para juntar aos quatro que tinham de casamentos anteriores.

Informados da história daquela criança, foram aconselhados a escolher outra. Mas persistiram. E quando finalmente a conheceram pessoalmente, sentiram que uma ténue conexão se estabelecera. Pelo menos a criança olhara. Ela normalmente não olhava para as pessoas.

Nos cinco anos desde então, a tarefa diária do casal, quando acabam o trabalho (ele remodela casas, ela faz limpezas) tem sido acompanhar o progresso de Dani, como lhe chamam.

"Não era tão mau que justificasse"

A princípio custou muito. Ela não sabia nada. Ensiná-la a ir à casa de banho foi especialmente difícil, mas outras coisas básicas também requereram grande paciência. Afinal, a idade mental de Dani quando a encontraram eram algures entre seis e onze meses. Muitas das suas reações, a começar pelas birras, eram de bebé.

Hoje já vai às aulas de educação especial, já se encosta aos pais, já esboça uma ou outra palavra. Cada novo passo é duramente conquistado, pois o autismo ambiental não se vence num dia. Mas graças ao contacto com gente que a ama, e ao ambiente saudável --os Lierow vivem numa quinta; Dani adora cavalgar - o progresso é imenso.

A mãe biológica continua a lamentar a perda da filha. Ainda há tempos mostrou a um repórter o dossiê do processo. Um dos elementos que lá constam é o relatório da visita efetuada logo em 2002 por uma assistente social. A situação na altura já era parecida com a de 2005, mas não foi considerado necessário intervir.

Não era tão mau que justificasse, explicam as autoridades. E mais três anos passaram até alguém perceber. O livro que os Lierow agora publicaram (Dani's Story) pode ser uma ajuda.



Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/menina-viveu-fechada-e-na-porcaria-ate-aos-sete-anos-hoje-ainda-nao-fala-mas-ja-ri=f683684#ixzz1c5Gfl5xx

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Falácias, sofismas e mentiras

Uma proposição é verdadeira ou falsa, mas a falsidade pode ou não ser propositada. Quando alguém produz intencionalmente uma proposição falsa dizemos ser uma mentira.

Uma Falácia é um argumento inválido com aparência de válido.Quando surge involuntariamente chama-se paralogismo. Se for criado voluntariamente é um sofisma.

Então, a mentira está para a proposição como o sofisma está para o argumento.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Palavra e Pensamento

Podemos ler uma imagem sem palavras?

Podemos ler uma imagem só usando outras imagens presentes na nossa mente?

Ou a interpretação, a compreensão, das imagens impõem a presença de palavras?

Não será que a complexidade do mundo resulta da complexidade da(s) nossa(s) língua(s)?

http://explicatio.blogspot.com/2010/02/lingua-e-pensamento.html

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Heitor, Aquiles e as formigas - A necessidade e a liberdade


Livre arbítrio - Fernando Savater

Vou contar-te um caso dramático. Já ouviste falar das térmitas, essas formigas-brancas que, em África, constroem formigueiros impressionantes, com vários metros de altura e duros como pedra. Uma vez que o corpo das térmitas é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insectos, o formigueiro serve-lhes de carapaça colectiva contra certas formigas inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos formigueiros é derrubado, por causa de uma cheia ou de um elefante (os elefantes, que havemos nós de fazer, gostam de coçar os flancos nas termiteiras). A seguir, as térmitas-operário começam a trabalhar para reconstruir a fortaleza afectada, e fazem-no com toda a pressa. Entretanto, já as grandes formigas inimigas se lançam ao assalto. As térmitas-soldado saem em defesa da sua tribo e tentam deter as inimigas. Como nem no tamanho nem no armamento podem competir com elas, penduram-se nas assaltantes tentando travar o mais possível o seu avanço, enquanto as ferozes mandíbulas invasoras as vão despedaçando. As operárias trabalham com toda a velocidade e esforçam-se por fechar de novo a termiteira derrubada... mas fecham-na deixando de fora as pobres e heróicas térmitas-soldado, que sacrificam as suas vidas pela segurança das restantes formigas. Não merecerão estas formigas-soldado pelo menos uma medalha? Não será justo dizer que são valentes?

Mudo agora de cenário, mas não de assunto. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que espera a pé firme fora das muralhas da sua cidade Aquiles, o enfurecido campeão dos Aqueus, embora sabendo que Aquiles é mais forte do que ele e que vai provavelmente matá-lo. Fá-lo para cumprir o seu dever, que consiste em defender a família e os concidadãos do terrível assaltante. Ninguém tem dúvidas: Heitor é um herói, um homem valente como deve ser. Mas será Heitor heróico e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero se deu ao trabalho de contar? Não faz Heitor, afinal de contas, a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anónimas? Porque nos parece o seu valor mais autêntico e mais difícil do que o dos insectos? Qual é a diferença entre um e outro caso?
Muito simplesmente, a diferença assenta no facto de as térmitas-soldado lutarem e morrerem porque tem que o fazer, sem que possam evitá-lo (como a aranha come a mosca). Heitor, pelo seu lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. As térmitas- soldado não podem desertar, nem revoltar-se, nem fazer cera para que outras vão em seu lugar: estão programadas necessariamente pela Natureza para cumprirem a sua heróica missão. O caso de Heitor é distinto. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de se bater com alguém mais forte do que ele. Talvez os seus concidadãos lhe chamassem cobarde e o considerassem insensível ou talvez lhe perguntassem que outro plano via ele para deter Aquiles, mas é indubitável que Heitor tem a possibilidade de se recusar a ser herói. Por muita pressão que os restantes exercessem sobre ele, ele teria sempre maneira de escapar daquilo que se supõe que deve fazer: não está programado para ser herói, nem o está seja que homem for. Daí que o seu gesto tenha mérito e que Homero nos conte a sua história com uma emoção épica. Ao contrário das térmitas, dizemos que Heitor é livre e por isso admiramos a sua coragem.

SAVATER, Fernando (1993). Ética Para Um Jovem. Lisboa: Editorial Presença. pp. 21-22

domingo, 16 de outubro de 2011

TESTES - O que pedem certos verbos?



As que facilmente se confundem, geram maior confusão e erro são o resumir e a síntese - no doc verificam-se que são actividades distintas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A formalização simbólica de argumentos. EXEMPLOS

Nota: por problemas de software a conjunção tem o símbolo &.

Actividade: Formalizar argumentos - associa a cada um a formalização correspondente abaixo apresentada.

Ponto de Partida: 1ª tarefa: identificar a CONCLUSÃO do argumento. Esta tarefa é a mais enganadora: pensamos ser fácil e muitas vezes não é.

a) Se souber lógica, então saberei avaliar o argumento. Sei lógica. Daí que saiba avaliar o argumento.

b) Se souber lógica, constato a validade deste argumento. Mas não constato a validade deste argumento. Logo, não sei lógica.

c) Se for à praia e tomar banho, leio um livro. Sucede que não leio um livro, portanto não vou à praia e tomo banho.


d) Está a chover, uma vez que se não chovesse as pessoas não estavam molhadas e as pessoas estão molhadas.


e) A Ana não está contente, pois quando tira positiva num teste fica contente e sempre que fica contente canta. Acontece que a Ana não canta.
((~P → ~Q) & R) → P
((P → Q) & P) → Q
((P → Q) & ~P) → ~Q
((P & Q) → R) & ~R) → ~ (P & Q)
(((P → Q) & (Q → R)) & ~R) → ~Q

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Problema da semana - lógica

1.
Demonstre que o provérbio português
«depressa e bem não há quem»
é logicamente distinto de
«não há quem (faça) depressa e não há quem (faça) bem».

2.
2.1. Formalize o seguinte argumento:
«Se liberdade é fazer tudo o que apetece, então é legítimo uma vontade escravizar outra. Não é legítimo uma vontade escravizar outra. então, liberdade não é fazer tudo o que nos apetece.

2.2 Mostre que o argumento é uma tautologia (a proposição composta é VERDADEIRA em todas as CIRCUNSTÂNCIAS)

Lógica Proposicional

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ciência e a tarefa de aproximação à verdade por falsificação


^
Partículas mais rápidas que a luz desmentem Einstein
É uma descoberta que a confirmar-se abrirá novas perspetivas cientificas. físicos franceses anunciaram ter medido partículas elementares da matéria a uma velocidade superior à da luz.

A descoberta contraria a teoria da relatividade de Einstein
Os neutrinos, partículas elementares da matéria, foram medidos a uma velocidade que ultrapassa ligeiramente a velocidade da luz, considerada até agora como um "limite intransponível", anunciaram hoje físicos de um centro de investigação francês.

Caso seja confirmado por outras experiências, este "resultado surpreendente" e "totalmente inesperado" face às teorias formuladas por Albert Einstein poderá abrir "perspetivas teóricas completamente novas", sublinha o Centro Nacional de Investigação Científica (CNRS, na sigla em francês), em França.

As medições efetuadas pelos especialistas com experiência internacional desta investigação, a que se chamou Opera, concluíram que um feixe de neutrinos percorreu os 730 quilómetros que separam as instalações do Centro Europeu de Investigação Nuclear (CERN), em Genebra, do laboratório subterrâneo de Gran Sasso, no centro de Itália, a 300,006 quilómetros por segundo, ou seja, uma velocidade superior em seis quilómetros por segundo à velocidade da luz.

Corrida de 730 quilómetros

"Por outras palavras, para uma corrida de 730 quilómetros, os neutrinos cruzaram a linha de chegada com 20 metros de avanço" sobre a luz, caso esta tivesse percorrido a mesma distância terrestre, exemplifica o CNRS.

"Longos meses de investigação e de verificações não nos permitiram identificar um efeito instrumental que explique o resultados das nossas medições", reconheceu o porta-voz da investigação Opera, Antonio Freditato, que se mostrou "ansioso" por comparar estes resultados com outras experiências.

"Tendo em conta o enorme impacto que tal resultado poderá ter na Física, são necessárias medições independentes para que o efeito observado possa ser refutado ou então formalmente estabelecido", sublinha o CNRS.

"É por isso que os investigadores do projeto Opera desejam abrir este resultado a um exame mais amplo por parte da comunidade de físicos", acrescenta.

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/particulas-mais-rapidas-que-a-luz-desmentem-einstein=f675845#ixzz1Ymhmy0sU

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Problema da semana - lógica

1 - Pode uma argumento dedutivo válido ter premissas falsas? Porquê?

2 - Pode um argumento dedutivo válido ter conclusão falsa e premissas verdadeiras?

3 - Pode um argumento não dedutivo válido ter uma conclusão provavelmente verdadeira?

4 - A validade é o valor lógico do argumento? Porquê?

5 - A verdade é o valor lógico da proposição? Porquê?

sábado, 17 de setembro de 2011

Direitos dos animais?


Direitos dos animais?
por ANSELMO BORGES
Sobre esta questão complexa, existem três posições filosófico-jurídicas fundamentais. No Ocidente, predomina a concepção chamada kantiana, que só reconhece direitos às pessoas. Nas últimas décadas, o movimento animalista vem defendendo a tese de que há animais não humanos que são pessoas. A terceira proposta é a de um modelo de sociedade na qual se reconhece a dignidade dos humanos, mas tem em atenção o valor dos animais.
1 Na concepção predominante, só a pessoa humana é sujeito de direitos. A dignidade da pessoa humana é o fundamento dos direitos humanos. Mas significa isso que os animais devam ser remetidos para o domínio das coisas? O constitucionalista J. Gomes Canotilho pergunta justamente, numa obra colectiva sobre os desafios para a Igreja de Bento XVI, se precisamente um desses desafios não é desenvolver uma ecologia em que "as diferenças entre 'algo e alguém' não remetam para o domínio das coisas a problemática humana dos outros seres vivos da Terra".
2 Num texto famoso de 1789, Jeremy Bentham inquiria: Qual é a característica que confere o direito a uma consideração igualitária? E respondia, perguntando: "Será a faculdade da razão ou, talvez, do discurso? Mas um cavalo adulto é, para lá de toda a comparação, um animal muito mais racional assim como mais sociável do que um recém-nascido de um dia, uma semana ou até um mês. Mas suponhamos que não era assim; de que serviria? A questão não é: pode raciocinar?, pode falar?, mas: pode sofrer?"
O chamado utilitarismo moral coloca o centro precisamente na capacidade de sofrer e de sentir prazer. Para Peter Singer, defensor célebre desta concepção, os seres sensíveis têm interesses, concretamente o interesse do maior prazer possível e da menor dor possível, seguindo-se daí que, ao contrário da concepção anterior, temos deveres directos para com todos os seres capazes de sentir. A desigualdade de tratamento deriva do chamado especiesismo - julgo que se deve dizer assim e não especismo -, que consiste na preferência que damos aos humanos sem qualquer outra razão que não a pertença a uma espécie, no caso, a espécie humana.
Singer, professor da Universidade de Princeton, escreve textualmente, em Ética Prática: "Devemos rejeitar a doutrina que coloca a vida dos membros da nossa espécie acima da vida dos membros de outras espécies. Alguns membros de outras espécies são pessoas; alguns membros da nossa não o são. De modo que matar um chimpanzé, por exemplo, é pior que matar um ser humano que, devido a uma deficiência mental congénita, não é capaz nem pode vir a ser uma pessoa."
3 A filósofa Adela Cortina, numa obra importante - Las fronteras de la persona -, atravessa toda esta problemática, para defender a sua tese, com a qual me identifico. A vida é valiosa por si mesma, mas ainda mais a dos seres sensíveis, que têm a capacidade de sofrer e ter prazer. Os animais têm um valor intrínseco e não meramente instrumental, havendo, por isso, uma obrigação directa de lhes não causar dano.
Mas há seres que não só têm valor intrínseco "mas também absoluto". Os direitos humanos são naturais, isto é, a sociedade política não os concede, mas simplesmente os reconhece, pois são anteriores ao pacto político. Os outros animais não têm o sentido da dignidade e da humilhação. Os humanos "são capazes de reconhecer se a sua própria vida é digna ou indigna, a partir do reconhecimento que outros fazem dela e a partir da sua própria autoconsciência". Para os outros animais basta uma vida materialmente satisfeita; mas a ideia de uma vida digna é diferente: "brota do reconhecimento de estar a ser tratado segundo a norma da espécie, que é, em última análise, a da liberdade."
E os membros da nossa espécie que não podem de facto exercer essas capacidades, como os deficientes mentais profundos? "Isso não os torna membros de outras espécies, mas pessoas que é preciso ajudar para poderem viver ao máximo essas capacidades, o que só conseguirão numa comunidade humana que cuide deles e os promova na medida do possível."

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Lógica Formal

O que é a lógica?
- A lógica é uma disciplina que estuda as condições segundo as quais podemos afirmar ou negar a validade de um raciocínio (argumento).
- A lógica interessa-se pelas regras do pensamento.

- No domínio da lógica não interessa a verdade ou a falsidade.
A verdade diz respeito ao acordo do pensamento com a realidade: quando afirmamos algo sobre o real, o que afirmamos pode ser verdadeiro ou falso. Exemplo: «esta frase está escrita a preto». É verdade. Se dissermos: «esta frase está escrita a amarelo», é falso.
- Essas frases que proferimos sobre a realidade são frases declarativas (não são interrogativas, apelativas, imperativas, exclamativas ou interrogativas), declaram algo sobre algo e, por isso, podem ser verdadeiras ou falsas. As frases declarativas chamam-se juízos ou proposições.

Articulando Proposições podemos formar raciocínios. Um raciocínio acontece quando se infere (extrai uma conclusão) uma nova ideia de ideias antes dadas, ou seja, se extrai uma nova proposição a partir de proposições já conhecidas.

Há dois grandes tipos/grupos de raciocínios: o DEDUTIVO e o NÃO DEDUTIVO.
O que diferencia os dois?
No 1.º a conclusão que se extrair não poder deixar de ser aquela que se extraiu. A conclusão é necessária (imposição da razão) tendo em conta as frases de partida. Assim, de frases verdadeiras só se pode concluir uma frase verdadeira: a verdade da conclusão é uma consequência da verdade das frases de partida.
Exemplo:
Todos os homens são mortais (premissa 1)
Os alunos do 11º são homens (premissa 2)
Logo, os alunos do 11º são mortais (conclusão).

No 2.º a conclusão que se extrai pode ser mais ou menos forte em função das frases conhecidas, mas não é uma necessidade lógica que assim seja: é só mais ou menos provável, mais ou menos razoável, mais ou menos aceitável.
Exemplo: os três gatos Nó, Só e Pó comeram carapau e ficaram doentes. Logo, todos os gatos que comem carapau ficam doentes (ou o carapau põe os gatos doentes). Parece claro que a conclusão é muito pouco provável. o argumento é fraco: a conclusão não tem proposições fortes onde se sustentar.

Agora um exemplo com um argumento Não dedutivo forte:
Os três gatos Nó, Só e Pó têm 3 anos e durante os últimos mil dias comeram carapau. O Nó, que era muito inteligente, pensou: «se todos este dias fui alimentado com carapau, o jantar de hoje também será carapau» (fez uma INDUÇãO - um tipo de raciocínio não dedutivo). A sua conclusão tem todo o sentido, pois as premissas de onde parte são fortes. MAS não é uma necessidade lógica. PODE (possibilidade) acontecer o dono ter-lhe dado o que ficou da sardinha do seu jantar...

Pergunta: qual o termo que se opõe a necessidade lógica?

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Um planeta com dois sóis


(...) dois pores-do-sol seguidos deixaram de ser uma fantasia do planeta Tatooine, casa de Luke Skywalker, acontece mesmo em Kepler 16, um sistema com duas estrelas e um planeta que giram a cerca de 200 anos-luz de distância da Terra.



http://publico.pt/Ci%C3%AAncias/um-planeta-com-dois-sois-ja-nao-e-ficcao-cientifica_1512093

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Exame de Filosofia em França - BAC secção SE

Le candidat traitera, au choix, l’un des trois sujets suivants :
1 er Sujet - La liberté est-elle menacée par l’égalité ?
2ème Sujet - L’art est-il moins nécessaire que la science ?

3ème Sujet
Expliquez le texte suivant :
Si c’est l’intérêt et un vil calcul qui me rendent généreux, si je ne suis jamais
serviable que pour obtenir en échange un service, je ne ferai pas de bien à celui qui
part pour des pays situés sous d’autres cieux, éloignés du mien, qui s’absente pour
toujours ; je ne donnerai pas à celui dont la santé est compromise au point qu’il ne lui
reste aucun espoir de guérison ; je ne donnerai pas, si moi-même je sens décliner
mes forces, car je n’ai plus le temps de rentrer dans mes avances. Et pourtant (ceci
pour te prouver que la bienfaisance est une pratique désirable en soi) l’étranger qui
tout à l’heure s’en est venu atterrir dans notre port et qui doit tout de suite repartir
reçoit notre assistance ; à l’inconnu qui a fait naufrage nous donnons, pour qu’il soit
rapatrié, un navire tout équipé. Il part, connaissant à peine l’auteur de son salut ;
comme il ne doit jamais plus revenir à portée de nos regards il transfère sa dette aux
dieux mêmes et il leur demande dans sa prière de reconnaître à sa place notre
bienfait ; en attendant nous trouvons du charme au sentiment d’avoir fait un peu de
bien dont nous ne recueillerons pas le fruit. Et lorsque nous sommes arrivés au
terme de la vie, que nous réglons nos dispositions testamentaires, n’est-il pas vrai
que nous répartissons des bienfaits dont il ne nous reviendra aucun profit ? Combien
d’heures l’on y passe ! Que de temps on discute, seul avec soi-même, pour savoir
combien donner et à qui ! Qu’importe, en vérité, de savoir à qui l’on veut donner
puisqu’il ne nous en reviendra rien en aucun cas ? Pourtant, jamais nous ne donnons
plus méticuleusement ; jamais nos choix ne sont soumis à un contrôle plus rigoureux
qu’à l’heure où, l’intérêt n’existant plus, seule l’idée du bien se dresse devant notre
regard.
SENEQUE, Les bienfaits
La connaissance de la doctrine de l'auteur n'est pas requise. Il faut et il suffit que
l'explication rende compte, par la compréhension précise du texte, du problème dont
il est question.

O valor da arte


Sónia Costa 10ºB

Existem no mundo milhares de obras de arte que valem milhões de euros, galerias que as protegem como se fossem tesouros preciosos e salas de concertos enormes que não deixam nem um lugar vago. Actualmente em muitos países modernos se tem investido na arte, na sua divulgação e na educação artística dos seus cidadãos. Um artista, nos tempos actuais, ganha prestígio, mérito e muitos lucros com o seu trabalho. Talento é a palavra-chave para o sucesso e para uma recompensa valiosa. Mas, então o que tem a arte de especial para que as pessoas lhe atribuam tanto valor? E onde está esse valor na obra? Será que a obra de arte tem valor por si mesma, como defende a teoria objectivista, ou tem valor porque tem uma função na sociedade? Para que a obra de arte tenha valor em si mesma seria necessário negar o subjectivismo e afirmar o objectivismo, assim como o seu valor perante todas as pessoas. No entanto nem todas as pessoas estão dispostas a pagar o mesmo preço por um bilhete para um concerto ou para ser proprietário de uma obra. Nem todas as pessoas afirmam de igual modo o valor de uma mesma obra de arte: o que eu pagaria por uma pintura poderia ser para uns considerado como um exagero mas para outros uma ninharia. O valor que reside na obra não é igual para todos e deste modo o seu valor dependerá do sujeito e não de si mesma. Kant defendia que a arte só seria considerada arte na medida em que o seu valor não fosse visto como um meio para alcançar um fim. No entanto todo o que possuímos é com tendência à utilidade, compramos um quadro e colocamo-lo na parede com o objectivo de decorar a nossa casa ou criar um espaço mais familiar e confortável. Hume também defendia o subjectivismo como Kant, no entanto acreditava que a obra de arte tinha valor, tinha utilidade pois causava prazer. Segundo o que dizia, era a sensação de agrado que as obras de arte provocavam em nós que as tornava valiosas e despertava o nosso interesse por elas. Na realidade o interesse causa sensações de querermos adquirir o objecto e desejar que ele nos pertença. No entanto, como oposição à sua teoria, um chocolate causa sensação de agrado mas não é considerado uma obra de arte nem é visto como algo valioso e importante nas nossas vidas. Além disso, existem obras de arte que aparentemente não proporcionam qualquer prazer, uma obra que mostre por exemplo o horror e o sofrimento causado pela guerra não é de modo algum agradável aos nossos olhos.
A obra de arte é assim valiosa por ser interessante aos nossos olhos mas não por causar prazer. O escritor russo Leão Tolstoi defende que o valor da arte se encontra na função moral que ela desempenha, ou seja, nega que a obra de arte tenha valor em si mesma ou que seja valiosa por provocar prazer. Na sua opinião a obra exprime as emoções do artista que contagiam as pessoas. No entanto existem inúmeras obras sem funções morais, por exemplo a arte abstracta é dificilmente compreendida para afirmarmos que transporta sentimentos que causem uma determinada acção moral. Então a arte pode ter valor por si mesma, pelo prazer que causa, pelas emoções que provoca ou pela sua função moral que desempenha, no entanto o maior factor que pode ser considerado para o seu valor é o conhecimento que provoca. Chama-se cognitivismo estético à teoria que defende esta posição. Se esta teoria fosse admitida por todos seria uma grande vantagem para os artistas de todo o mundo. Desde muito cedo que o homem procura o conhecimento e não tem medo de financiar a sua procura, os governos gastam enormes quantias na ciência para permitir o desenvolvimento do conhecimento. No entanto não é possível provar empiricamente que a arte produz conhecimento mas podemos admitir a hipótese que o conhecimento que provoca, apesar de ser diferente do das ciências, não deixa de ser conhecimento. Apreciar obras de arte é uma maneira de entender melhor tudo o que nos rodeia inclusive nós próprios. Se a obra de arte transporta a realidade tanto como a imaginação, a verdade como a mentira, o amor como o ódio, a sua compreensão permitiria o conhecimento da vida, da multiplicidade dos sentimentos, emoções, paixões, ideias, etc. Além disso a arte provoca sensações visuais, auditivas, tácteis que fazem parte da nossa actividade mental que conduzem ao olhar, ouvir e sentir. Aliás é assim que começamos a aprender quando somos novos: pintávamos com as mãos para sentir a tinta e a tela, cantávamos para decorar a tabuada, dançávamos ao som das nossas músicas preferidas como se as sentíssemos dentro de nós e olhávamos para a televisão para ver todos aqueles desenhos animados cheios de cor que nos atraiam para longas tardes sentados no sofá a vê-los. Sabíamos os nomes das cores porque as víamos pintadas no desenho, tocávamos um instrumento porque aprendíamos com o tacto e com o som a fazê-lo. A ciência faz parte da nossa infância mas a arte é quem mais impulsiona aos primeiros conhecimentos de uma longa vida. E é por isso que actualmente olhamos para uma obra de arte e a conseguimos compreender ou pelo menos tirar uma opinião sobre ela, o belo e o feio estão connosco desde muito novos e vão sendo desenvolvidos. Os pormenores não passam despercebidos e a nossa mente analisa a arte como forma de conhecimento. A arte pode assim contribuir para alargar o nosso entendimento, pois explora e enriquece muitos aspectos da experiência humana. A arte nunca pode rivalizar com a ciência, são conhecimentos diferentes que se completam, enriquecendo o nosso conhecimento cada uma à sua maneira. A melhor destas hipóteses apresentadas para o valor dado à arte é, para mim, o conhecimento. A arte proporciona emoções e cria novas sensações que nos fazem aprender com elas, é desenvolvido a imaginação, a criatividade, a compreensão do mundo e de nós próprios. A arte deve ser entendida como uma forma de desenvolvimento que permite sensações que não podem de maneira alguma serem proporcionadas pela ciência. A vida contém mais do que apenas a lógica e o raciocínio, a vida merece ser vivida, sentida, ouvida e tocada e é a arte que proporciona isso. A música completa-nos, as cores alegram-nos e as imagens tornam-se únicas aos nossos olhos. O conhecimento permitido pela arte proporciona uma melhor compreensão da vida e deve ser valorizado por isso.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

É a Arte uma forma de comunicação?

José Brazielas, 10.º B

É a Arte uma forma de comunicação?
A Arte é um meio de comunicação por excelência. “A Arte pode ser compreendida como uma linguagem ampliada e generalizada” (F. Heinemann).
O artista que cria uma determinada obra de arte tem sempre algo a dizer, a afirmar, algo que pretende partilhar com a pessoa que aprecia o seu trabalho. Numa primeira abordagem, encontramos na comunicação pela arte um conjunto de elementos semelhantes aos da comunicação linguística que fazemos diariamente seja com os nossos colegas, família, amigos, entre outros. Um emissor, neste caso o artista, que pretende transmitir uma mensagem (mediante a obra) a um receptor (espectador/observador). Para tal, torna-se necessário a existência de um “código” que permite que a mensagem seja entendida por ambos (emissor/receptor). Este código permite uma troca de ideias e impressões entre os intervenientes e sem ele a mensagem não poderia ser compreendida na totalidade. Por exemplo, todos nós (portugueses) falamos a mesma língua de forma a podermos comunicar de uma forma a que nos percebamos uns aos outros. No caso da arte é mesmo assim, mas este “código” não é dado, é transmitido ao receptor por meio de características, imagens, objectos, cores, texturas, formas, entre outros que lhe desencadeiem determinado tipo de emoções que o levem a pensar, agir de uma forma diferente daquela que possuía no passado. Claro que as diversas interpretações da obra dependem em grande parte do meio cultural, tradições e valores que o sujeito possui. Por isso muitos artistas, não atribuem um título à sua obra para não influenciar e condicionar de maneira nenhuma a interpretação que o sujeito pode fazer. Assim cada olhar pode fazer a sua própria apreciação e interpretação sem qualquer tipo de condicionantes.
A Arte, nas suas múltiplas manifestações, não é uma linguagem discursiva (permite dizer o que não se diz por palavras), não se preocupa em obedecer rigidamente às regras lógicas do pensamento, mas pode assumir diferentes sentidos, e portanto está sujeita a múltiplas interpretações. Como forma de comunicação, a obra de arte interpela o espectador e influencia-o na maneira como concebe a realidade e actuará perante ela. É neste sentido que a arte é uma linguagem ampliada e generalizada. Esta pode influenciar o sujeito de diversas formas desde de transmitir diversos sentimentos, valores, emoções, modos de pensar e também de ver e sentir o mundo. A obra de arte é o pano de fundo onde o artista retrata os seus sentimentos, o seu mundo, as suas interpretações da realidade, a sua herança cultural, valores, tradições dando-se assim, o artista, a conhecer a outras pessoas.
Todas as pessoas têm necessidade de se exprimir de certa forma, de mostrar os seus sentimentos, mas acima de tudo esperam que esses sentimentos sejam transmitidos e provoquem um efeito nos outros. O graffiti é uma forma de expressão adoptada por muitos jovens que revela um carácter espontâneo, pouco profissional, ainda que muitas vezes seja feito de uma forma um pouco marginal.
Actualmente, nas nossas sociedades, a dimensão comunicativa da arte surge com diversos contornos. Surge-nos principalmente em diversas formas:
- A arte como meio de expressão e transmissão de sensações do artista que pretendem provocar uma reacção no espectador;
- A arte como forma de transmissão de ideias e crítica à sociedade;
¬ - Entre outros.
A arte pode assumir o papel de crítica à sociedade. Aquando da dissertação de uma obra que nos foi pedida pelo professor de filosofia, pude verificar que muitos quadros, incluindo o meu, eram grandes críticas à sociedade daqueles tempos. O meu quadro retratava uma mulher da alta sociedade que fumava descontraidamente no seu cadeirão. Este quadro foi pintado no século XX, numa altura em que a mulher começou a assumir o seu papel na sociedade e tinha como função ser um incentivo e alertar as outras mulheres para que reivindicassem os seus direitos e se afirmassem na sociedade daquele tempo. Através deste exemplo podemos verificar o papel fundamental que a obra de arte tem relativamente na transmissão de ideias e crítica à sociedade, mas acima de tudo no papel de despoletar sentimentos de revolta, de mudança e que levem o espectador a agir de variadas formas para que possam haver melhorias a vários níveis. Muitas obras de arte serviram como maneira de protesto e de crítica à sociedade em que o artista vivia e só mais tarde puderam ser reconhecidas a nível universal já que naquela altura a sua exposição poderia albergar o risco da obra ser destruída. É este carácter histórico-cultural que leva uma obra a ser reconhecida por todos.
A arte pode também ser um meio de expressão e transmissão de sentimentos e sensações do artista. O quadro “O Grito” de Edvard Munch representa um bom exemplo deste assunto. Nesta obra o autor transmite sentimentos de desespero, aflição, ansiedade e medo, que dependem da interpretação de cada um. Por essa razão, “O Grito” é um dos muitos quadros reconhecidos a nível universal pela razão de produzir um misto de sentimentos nas pessoas e de possuir uma pluralidade de sentidos graças aos diferentes gostos, cultura, leituras, interpretações dos espectadores convertendo-se assim numa obra aberta.
À pergunta: é a Arte uma forma de comunicação? Podemos responder “Sim”. A arte transmiti-nos sentimentos que nunca experimentámos, mostra-nos novas ideias que antes nunca tínhamos pensado e também apresenta-nos novas maneiras de pensar que nos levam a agir de forma diferente. Mas acima de tudo, todo o tipo de arte é extremamente actual, pela maneira como comunica connosco e ao mesmo tempo apreciando uma obra de arte, projectamos nela as nossas vivências, valores, modos de pensar, sentir e de agir e a nossa maneira particular de compreender o mundo. As únicas condições são uma mente aberta e um espírito crítico que nos possibilita argumentar porque nos agradou ou não tal obra e discutir com outros sujeitos o seu conteúdo e a interpretação que cada um fez quando contemplou aquele conjunto de cores, formas, texturas, traços que estão interligados de tal forma que desencadeiam todo o tipo de sensações nos espectadores de forma a que todos nós possamos evoluir em todos os sentidos.

Obras de ARTE em análise

10.º C - Ana Marques e Dámaris Maia