domingo, 6 de maio de 2012

Ética Kantiana - 10


O Imperativo Categórico e o Imperativo Hipotético

Um imperativo categórico é um mandamento absoluto da razão, representa uma acção como objectivamente necessária por si mesma. A acção é boa em si mesma e por si mesma, independente de qualquer finalidade. O imperativo categórico é a forma que assume a lei moral, é uma imposição que o sujeito, enquanto ser racional, faz a si mesmo, à sua dimensão sensível.
O imperativo categórico, enquanto lei moral obrigante e incondicional, assume diversas fórmulas, entre as quais, “Age apenas segundo um princípio (máxima) tal que possas, ao mesmo tempo, querer que ele se torne lei universal”. A lei da razão impõe, pois, que a máxima da acção seja universalizável, isto é, seja aplicável a toda a gente.
O imperativo categórico assume também a seguinte fórmula: “Age de tal forma que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio”. Quer isto dizer que não devemos tratar as outras pessoas como meros meios para alcançar os nossos intentos, mas tratá-las sempre como fins em si mesmas.
O imperativo categórico distingue-se do imperativo hipotético. Este último representa uma acção possível como meio para alcançar qualquer outra coisa que se deseja; a acção é tida como boa consoante a sua finalidade. Este tipo de imperativo emerge de uma vontade heterónoma, isto é, de uma vontade que obedece às inclinações sensíveis, a objectos que lhe são exteriores. Seguindo o imperativo hipotético, o homem, porque determinado por impulsos, desejos, inclinações, enfim, por tudo o que é exterior à sua vontade racional e autónoma, não é livre. A liberdade exige a independência da vontade às pressões da sensibilidade.
O imperativo categórico pode resumir-se da seguinte forma: Faz somente aquilo que possa ser universalizável; Considera o outro como pessoa, porque ele é um fim em si mesmo e nunca um simples meio de que te possas servir; Só seguindo o imperativo categórico alcançamos a liberdade autêntica (como autodeterminação da razão).
A ética kantiana é uma ética deontológica, pois está direccionada não para as consequências da acção, mas sim para a intenção, para o dever. Já a ética utilitarista é uma ética teleológica, pois tem sempre em vista a maior felicidade geral.
O valor moral de uma acção resulta do cumprimento do dever, ou seja, a acção é sempre uma acção por dever, daí que só as acções por dever são moralmente boas. As acções por dever impõem-se-nos pelo imperativo categórico (“Age apenas segundo um princípio tal que possas ao mesmo tempo querer que ele se torne lei universal”). Para S. Mill a moral é vista como promoção do prazer e da felicidade geral ou seja, o valor da moral reside na consequência da acção.
Para Kant a recompensa em termos de felicidade do homem não é/deve ser um bem, procurado mas resulta de o homem decidir cumprir e submeter-se à sua lei moral. Ou seja, não deve ser ela o fim da acção moral. Para a ética kantiana a vontade é autónoma pois obedece unicamente à razão, ao dever, à lei moral. Em Mill a acção é heterónoma, pois está focalizada na promoção do maior bem para o maior número – exterior à razão.

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