A virtude e a felicidade
Dado
que a virtude como actividade própria do homem é a própria
felicidade, a felicidade mais alta consistirá na virtude mais alta e
a virtude mais alta é a teorética, que culmina na sabedoria. Com
efeito a inteligência é a actividade mais elevada que existe em
nós; e o objecto da inteligência é aquele que existe mais alto em
nós e fora de nós. O sage basta-se a si mesmo e não tem
necessidade, para cultivar e alargar a sua sabedoria, de nada que não
tenha em si mesmo. A vida do sábio é feita de serenidade e de paz,
pois que não se afadiga por um fim exterior cujo alcance é
problemático, mas o fim está na própria actividade da sua
inteligência. A vida teorética é portanto uma vida superior à
humana: o homem não a vive enquanto é homem, mas enquanto tem em si
qualquer coisa de divino. "O homem não deve, como dizem alguns,
conhecer enquanto homem as coisas humanas, enquanto mortal as coisas
mortais, mas deve tornar-se, na medida do possível, imortal e fazer
tudo para viver segundo tudo quanto existe nele de mais elevado: e
ainda que isto seja pouco em quantidade, em potência e valor supera
todas as outras coisas" (Et. Nic., X, 7, 1177 b).
Nicola Abbagnano, História da Filosofia, Vol. 1
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