quarta-feira, 9 de maio de 2012

A ciencia como construção

O conhecimento cientifico como reconstrução da experiência e do real.

Quando dizemos que está quente ou frio estamos a realizar uma apreciação qualitativa e subjetiva .
Por quê?
Cada sujeito que avalia a temperatura tem ele mesmo uma temperatura que influência a sua medição do ambiente exterior, assim como a temperatura ambiente influência a medição da temperatura de um outro objecto. Por exemplo, se estiver a nevar e brincarmos com neve e de seguida lavarmos as mãos a água da torneira será quente. E se alternativamente estivéssemos à lareira e fôssemos lavar as mãos como classificaríamos a mesma água da torneira? 
A temperatura da água da torneira varia em função do ambiente em que o sujeito está assim como depende do próprio estado do sujeito. É esta razão que nos leva a dizer que a avaliação é subjetiva pois depende das circunstancias, da posição do sujeito, assim como do próprio estado do sujeito.

A esta avaliação subjetiva e qualitativa da temperatura a ciência contrapõe uma avaliação objectiva ( que não dependa da posição nem do estado do sujeito ) e quantitativa ( que seja mensurável, que se traduza por números e possa ser assim confirmada e idêntica para todos os sujeitos.

Interessa perceber que a realidade CONHECIDA é criada pelo próprio cientista. Vejamos como. 
o cientista para medir a temperatura teve que:
1º criar uma unidade de medida, tal como o metro o é para medir comprimentos - essa unidade de medida fixou que seriam 0 graus no ponto de congelação da água e que seriam 100 graus na sua evaporação.
2º sabendo que o mercúrio dilata x por calor y, isto é que dilata com uma determinada proporção em função da temperatura, criou o termómetro a mercúrio como instrumento de medida.

O instrumento termómetro dá-nos a temperatura quantitativamente e objectivamente e por isso a medição realizada por um sujeito particular será  idêntica a qualquer outra que outro sujeito fizesse no mesmo lugar e circunstâncias e ao mesmo objecto ( universalidade e intersubjectividade ).

Em conclusão:
1º - A realidade para a ciência é construída porque os fenómenos, os factos científicos só existem a partir de uma teoria e de instrumentos que estão ao seu serviço e que nos dão a conhecer tal facto – que antes não eram conhecidos.
2º - Os factos científicos são construídos também porque são objectivos, pois são concebidos, teorizados matematicamente e conhecidos quantitativamente, de forma a transmitirem características universalmente conhecidas e aceites.
3º - A ciência ao construir os factos dá-nos uma nova visão dos fenómenos e da realidade que não existiria sem a ciência.

Fazendo um confronto com o conhecimento do senso comum:
1º - Este não usa teorias nem instrumentos, o que existe é o que os sentidos captam de forma imediata.
2º - O senso comum conhece subjectivamente, isto é o conhecimento depende sempre da posição do sujeito, da sua cultura, características pessoais e da sua percepção sensorial, daí que o conhecimento seja qualitativo.
3º  - A realidade para o senso comum é aquela que a sua cultura e olhar lhe fornecem – e que jamais põe em causa – como poderia por em causa aquilo que os seus olhos vêm?

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