terça-feira, 8 de maio de 2012

Ciência, Indução e verificabilidade - problematização


 “O critério de demarcação inerente à lógica indutiva – isto é, o dogma positivista do significado ou do sentido – equivalente a exigir que todos os enunciados da ciência empírica (ou todos os enunciados com sentido) sejam susceptíveis de uma decisão definitiva com respeito à sua verdade e á sua falsidade: podemos dizer que têm de ser “ decisíveis de modo concludente”. Isto quer dizer que hão-de ter uma forma tal que seja logicamente possível tanto verificá-los como falsifica-los. (…)
Ora, em minha opinião, não existe nada que possa chamar-se indução. Portanto, será logicamente inadmissível a inferência de teorias a partir de enunciados singulares que estejam “verificados pela experiência”. Assim, pois, as teorias não são nunca verificáveis empiricamente. Se queremos evitar o erro positivista de que o nosso critério de demarcação elimine os sistemas teóricos da ciência natural, devemos eleger um critério que nos permita admitir no domínio da ciência empírica inclusive enunciados que podem verificar-se.
Mas certamente, só admitirei um sistema entre os científicos ou empíricos se é susceptível de ser contrastado pela experiência. Estas considerações sugerem que o critério de demarcação que temos de adoptar não é o da verificabilidade, mas o da falsificabilidade dos sistemas. Dito de outro modo: não exigirei que um sistema cientifico possa ser seleccionado, de uma vez para sempre, num sentido positivo; mas sim que seja susceptível de selecção num sentido negativo por meio de contrastes ou provas empíricas: “Há-de ser possível refutar pela experiência num sistema científico empírico”.
K. Popper, La lógica de la Investigacion científica, Madrid, Tecnos, 1973, pp. 39-40

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