segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Publicidade - uma forma de manipulação? Resposta 2

Sara Felizardo - 11.º B



O uso da palavra tanto serve para a verdade como para dizer a mentira, tanto para o bem como para o mal. Mas a partir da argumentação, surgem múltiplas verdades que a sociedade tem legitimidade de contestar. Mas… e se não possuir competência retórico-argumentativa? Poderá ser alvo de má fé, comprometendo a sua autonomia e identidade?
Para diferenciarmos certas publicidades, teremos de constatar a relação dos conceitos de Ethos, Pathos e Logos em que poderá predominar um em vez dos outros. Uma vez realçando o Pathos, já dizia Aristóteles, era uma actividade manipuladora que fazia com que o auditório se esquecesse de quem era pelo grande envolvimento emocional. Naturalmente, verificamos que a publicidade falaciosa pressupõe uma manipulação em que consiste o poder sobre o seu auditório sem este se aperceber, uma imposição que o poderá constringir de compartilhar a sua opinião ou adoptar um determinado comportamento. Quando não nos sentimos à vontade com algum assunto específico, somos facilmente enganados pela linguagem sofisticada, jogo de palavras, difícil de dominar e de extremo poder expressivo, somos obrigados subtilmente.
No meu entender, não querer ouvir o outro é refutar sem quaisquer razões, simplesmente negando a liberdade de expressão e de recepção, de aceitar ou não a sua mensagem, e assim, a não existência de dialéctica (o confronto entre duas teses/ideias). Contudo, hoje em dia apesar de nos sentirmos mais instruídos, está nas nossas mãos pronunciarmo-nos ou fiarmo-nos no que nos impõem, ou seja, cabe-nos a nós garantir a verdade e não encobrir a mentira. Enfim, o mau uso da retórica designada como retórica negra na publicidade existe conscientemente quer no apelo à emoção e aos sentimentos do auditório ou pelo o uso de falácias e sofismas no seu discurso. Recorrendo a comportamentos, ao excesso de figuras de estilo, a figuras artísticas, à criação de situações de medo pelo uso abusivo da autoridade, à repetição, à sincronização entre os sujeitos e hipnose que torna incapaz de resistir à mensagem e até o recurso ao contacto físico que impressionam o público, sendo capaz de mentir sobre os factos e deformar a realidade induzindo à ilusão como ainda dissimula-los para se pretender a adesão involuntária, tudo isto para fazer aceitar determinada tese através da influência da mente humana.
Para finalizar, podemos prevenir-nos colocando alguns limites à persuasão existente na publicidade, uma imposição de regras fundamentais para o exercício de liberdade através do domínio da ética exigindo uma reflexão, por consequente que impeçam a manipulação.
E apesar do orador aprovar a tese, a «culpa» é nossa, do auditório de aceitarmos a falsidade dessa publicidade e ficarmos tão emocionalmente seduzidos que não temos consciência das nossas atitudes, do nosso juízo, perdemos a capacidade comunicativa e argumentativa. “Não saber usar da palavra para convencer não será, no fim das contas, umas das grandes fontes de exclusão?”

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