segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

É Legítima a publicidade para crianças? - Resposta 1

Rita Novo - 11.º B


O meu interesse por este tema prende-se com o interesse pela aprendizagem e pela desenvoltura das crianças em saber “ler publicidade”.
Mas será que deve então existir publicidade dirigida a crianças?
Esta é, sem dúvida, uma questão importante que deve ser discutida uma vez que pode ter implicações na infância de uma criança.
A infância é um período de grande desenvolvimento físico mas mais do que isso, é um período em que o ser humano se desenvolve psicologicamente, o que envolve graduais mudanças no comportamento e na aquisição das bases de personalidade.
Penso que apesar de tudo o que, com razão, se lhe possa criticar, é credível que se faça publicidade dirigida a crianças. A publicidade ajuda as crianças a crescerem.
Por exemplo, o Media Smart é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Anunciantes e consiste num programa de literacia sobre publicidade nos diferentes meios de comunicação dirigido às crianças do 1º e 2º ciclos a ser introduzido em todas as escolas com vista a ensinar os mais pequenos a "ler a publicidade", a perceber exactamente o que é transmitido e a saberem discernir o que é válido, bom ou necessário do que é lesivo, inútil ou ofensivo.
Na primeira escola em que arrancou este programa uma das frases escolhidas pelos alunos para exemplificar um benefício da publicidade foi "Alguns anúncios transmitem informações importantes sobre saúde e segurança rodoviária"; o que demonstra capacidade de distinção entre os bons e os maus anúncios. As crianças conseguem ver as coisas boas da publicidade e identificá-las, ou seja, podem tirar um bom partido desta. Além disso, podem aprender a definição do bom e do mau, a noção do que faz bem e do que faz mal.
Como mau exemplo, um aluno referiu que se "uma pessoa está a tentar poupar e aparece um reclame a dizer para comprar um carro caro, pode levar a pessoa a fazer coisas más como assaltar um banco para poder comprar". Este exemplo não está errado de todo. A Publicidade joga com o carácter conotativo e simbólico da mensagem e das diferentes linguagens que usa, que remetem para o domínio emocional do auditório e para valores e desejos “ocultos” e inconscientes. Por exemplo, se uma pessoa tem o desejo de ascender socialmente e se o anúncio a um carro exibir luxo e demonstrar charme e poder por parte do indivíduo que vai a conduzir determinado carro, é provável que o sujeito sinta vontade de comprar o carro e de ficar nas mesmas condições e no mesmo cenário que estão adjacentes a essa compra.
Contudo o auditório tem que ser racional e ter em conta a suficiência de provas apresentadas, a plausibilidade das premissas e a adequabilidade das mesmas à conclusão. Qualquer pessoa, adulto ou criança, deve saber distinguir a realidade da ficção. Principalmente as crianças devem começar a ter essa noção.
Apesar disso, não faz mal deixar as crianças sonhar. As crianças precisam de viver a sua inocência, de imaginarem e “viverem” as suas fantasias. Aliás, nesta época natalícia que se aproxima, a publicidade pode ser uma grande ajuda para os pais perceberem as preferências dos filhos e para escolherem presentes que lhes agradem.
Retomando as frases que os meninos disseram durante o debate sobre este tema, outras importantes foram: "os anúncios fazem com que as crianças queiram coisas que são más para elas, como as guloseimas", "são ofensivas ou encorajam maus comportamentos e fazem os pais gastar demasiado dinheiro, porque levam as crianças a insistir para que lhes comprem coisas". É nítido nestas frases que as crianças já começam a ter alguma aptidão para criticar o que vêm na televisão e é mesmo necessário que elas desenvolvam essa capacidade de intervir e de desenvolver as suas opiniões.
É claro nem sempre isto se verifica, por exemplo, um dos alunos disse "pedi para me comprarem uma playstation portátil que tinha visto anunciarem na televisão. E consegui!”. “A decisão de consumo cabe aos consumidores” como disse a secretária-geral da APAN. É inevitável que todos os pais devam estar alertados para o que está por detrás dos anúncios. Todos os pais têm o dever de educar os seus filhos e isso passa também por controlar o que fazem, o que vêm na televisão e na internet, a que horas e por quanto tempo. A propósito disto mesmo, o hábito crescente de colocar uma televisão no quarto das crianças é um hábito a evitar.
Não há que evitar a publicidade, há que aproveitá-la de forma benéfica. Por exemplo, se algum menino não gostar de leite e até vir um outro da mesma idade na televisão a beber e a ficar grande, saudável feliz, pode ser um bom incentivo para que ele mesmo também comece a beber leite.
Voltando atrás e para completar esta ideia, também é dever dos encarregados de educação ensinar a “ler a publicidade” ajudando-os a filtrar toda a informação que lhes chega pela televisão, pela internet e pelos panfletos que tão frequentemente encontramos nos estabelecimentos comerciais a anunciarem os demais brinquedos.
Creio que não é necessário abolir a publicidade dirigida às crianças. Assim como as crianças têm que aprender como atravessar uma estrada e a evitar os contactos com desconhecidos, também têm que aprender a lidar com o mundo real.
De facto estão imersas numa sociedade de consumo. Estão imersas em publicidade. Mas não se trata de eliminar o risco. Trata-se de aprender a reflectir.
As crianças devem sonhar e voar com a publicidade; devem ser felizes e estar alegres como é natural da sua idade mas também devem começar a entendê-la e ir crescendo aos poucos uma vez que a comunicação publicitária é inevitável.

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