sábado, 19 de dezembro de 2009

A publicidade é manipulação do auditório?

Ana Carolina Trabulo - 11.º A


Vivemos num mundo cada vez mais consumista, onde tudo parece mais descartável. O tempo dedicado a ver televisão, a aceder à internet, a ler revistas e jornais – entre outros – preenche grande parte dos dias das pessoas que vivem nas cidades mais desenvolvidas industrialmente.
Os media, a publicidades, o marketing têm o poder de seduzir. Os agentes económicos criam alianças para a obtenção de poder económico e/ou reconhecimento. Tudo isto através da influência social e do dinheiro.
O que passa nas televisões é mediatizado, onde um acontecimento irrelevante é transformado em acontecimento. Este sensacionalismo faz aumentar as audiências e consequentemente o lucro. O fenómeno mediatizado gera uma promoção à volta do assunto sobre o qual se debruça. Porém, para além de promover, também tem o poder de destruir. Resultando, em suma, numa grande percentagem de cidadãos mal informados, intoxicados por meias verdades, criando opiniões essencialmente manipuladas. Por isso os media são apelidados de quarto poder (para além dos três conhecidos: poder legislativo, executivo e judicial).
Em resposta à pergunta inicial, a publicidade é manipuladora. Esta é a tese que defenderei.
A publicidade é a divulgação de produtos e serviços. É uma comunicação de carácter persuasivo que visa defender os interesses económicos de uma indústria, empresa, grupo sócio-económico. Desta forma, o principal objectivo da publicidade é fazer com que a mensagem chegue ao auditório alvo e convencer o público sobre o que deve consumir, comprar, escolher. Os meios e métodos utilizados nem sempre provocam no público a melhor opção de escolha, pois esta é mascarada (manipulada).
Para conseguir este fim os agentes publicitários elegem um público-alvo, trabalham de forma eficiente a imagem e o som e optam por um discurso cuidado onde só atribuem mérito ao produto e nunca as suas fraquezas.
O facto de se centrarem num tema específico faz com que elejam um auditório particular, com determinadas características. Isto permite-lhes aceder ao inconsciente e assim dirigir a conduta do consumidor. Há então um uso eficiente do pathos onde os conteúdos publicitários são dirigidos às emoções do espectador, remetendo para valores e desejos ocultos (que permanecem no subconsciente) privando-o emocionalmente e anulando a sua capacidade de raciocinar.
Ao impedir a livre adesão do auditório à tese, o orador está a obrigar o receptor (auditório) a aderir a dada mensagem. Esta imposição por parte do orador nega a possibilidade do auditório poder aceitar ou recusar a mensagem. A manipulação é isso mesmo, paralisar o juízo e em tudo fazer para que o receptor abra ele próprio a sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não aprovaria. Impõem-se a palavra em vez de permitir a sua livre circulação. E isto compromete a autonomia e a identidade do indivíduo.
Conseguindo informações sobre aspectos da personalidade do auditório e escolhendo imagens e sons apropriados, impede os sujeitos de se aperceberem de que estão a ser manipulados. O homem, não tendo plena consciência dos desejos e valores ocultos que fazem parte da sua personalidade, deixa então de ter controlo sobre a sua decisão, sobre o motivo que o leva a agir.
A publicidade influência as pessoas, tornando as coisas diferentes do que são realmente, disformes. Esta passividade do consumidor faz da publicidade uma poderosa arma de manipulação e de influência sobre as suas decisões e opiniões.
Há a considerar uma parte da publicidade aparentemente não comercial, mais informativa, como por exemplo aquelas associadas a problemas genéricos da sociedade. Estas, na minha opinião, não visam a adesão incondicional ao assunto particular mas sim um despertar de consciências onde o único propósito é proporcionar às pessoas um momento de reflexão sobre o que se passa no mundo. No fundo, acaba por ser uma consequência de toda a manipulação em que estamos mergulhados. Uma coisa é a realidade publicitária que a televisão transmite e outra coisa bem diferente é a realidade do mundo que nos rodeia.
A publicidade, ensinando formas de consumo, modela as escolhas das pessoas. A ilusão criada através do apelo aos afectos e da deformação do real faz com que a mensagem seja imposta ao auditório sem que este tenha o seu consentimento. Procura suscitar em nós necessidades mediante um código que não se interpreta por meio da razão (logos), mas que vá directamente dirigido às emoções (pathos), onde também poderá influenciar o prestígio do produto em questão (ethos), e creio que é estas são as principais bases da manipulação.
Tendo isto em conta e o que foi dito inicialmente é natural que, nesta sociedade consumista, a publicidade tenha vindo a ter grande presença e a fazer parte dos nossos dias. Estando esta associada a uma comunicação tendenciosa, é importante que as pessoas tenham cultura para não se deixam levar, para pensem por si mesmas.

Fontes consultadas:
MAGALHÃES, Olga; COSTA, Fernando; Entre Margens – Português 11º ano; Porto Editora (Porto), pp.47 e 48
PAIVA, Marta; TAVARES, Orlanda; Contextos – Filosofia 11º ano; Porto Editora (Porto)
http://criticanarede.com/html/filos_ensaiofilosofico.html (consulta: 10-12-09)
http://www.saudelar.com/edicoes/2002/marco/principal.asp?send=socio.htm (consulta: 10-12-09)
http://cyberdemocracia.blogspot.com/2008/10/linguagem-da-publicidade-1.html (consulta: 10-12-09)

1 comentário:

  1. realmente e verdade a publicidade e completamente manipuladora principalmente para crianças e adulescentes.

    ResponderEliminar