terça-feira, 6 de outubro de 2009

Induzir e deduzir

Nigel Warburton

A indução e a dedução são dois tipos diferentes de argumentos.
Um argumento indutivo envolve uma generalização baseada num certo número de observações físicas. Se eu observar um grande número de animais com pêlo, concluindo a partir das minhas observações que todos os animais com pêlo são vivíparos (isto é, dão à luz crias em vez de porem ovos), estaria a usar um argumento indutivo.
Um argumento dedutivo, por outro lado, parte de certas premissas, passando depois, longinquamente para uma conclusão que se segue dessas premissas. Por exemplo, das premissas “todas as aves são animais” e “os cisnes são aves”, posso concluir, portanto, todos os cisnes são animais: esse é o argumento dedutivo.
Os argumentos dedutivos preservam a verdade. Isto significa que, se as premissas são verdadeiras as suas conclusões têm que ser verdadeiras. Entraríamos em contradição se afirmássemos as premissas e negássemos a conclusão. Assim, se as premissas “todas as aves são animais” e “ os cisnes são aves” são ambas verdadeiras, têm que ser verdade que todos os cisnes são animais.
Ao invés, os argumentos indutivos com premissas verdadeiras podem ter ou não conclusões verdadeiras. Mesmo que todas as observações de animais com pêlo, por mim efectuadas tenham sido fidedignas e que todos os animais sejam de facto vivíparos e mesmo que eu tenha feito milhares de observações, pode vir a descobrir-se que a minha conclusão indutiva de que “ todos os animais com pêlo são vivíparos” é falsa. Na verdade, a existência de um plátipo ornitorrinco, um tipo peculiar de animal com pêlo que põe ovos, significa que se trata de uma generalização falsa.


Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia, Gradiva, Lisboa, 1997, p.172

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