segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cultura como molde do pensamento e do comportamento

O nosso comportamento, sem que disso tenhamos consciência, inspira-se (…) quase a cada momento em normas que nos servem de guias ou modelos. O nosso penteado, o fato, a linguagem que utilizamos, os gostos culinários ou estéticos, a maneira de exprimir a alegria, a dor, a raiva, e muitas vezes mesmo os nossos pensamentos mais íntimos, tudo isto nos foi proposto, fornecido, ensinado pelo meio em que crescemos e onde evoluímos.
(…) A cultura é efectivamente uma espécie de molde em que são colocadas as personalidades psíquicas dos indivíduos; esse molde propõe-lhe ou fornece-lhe modos de pensamento, conhecimentos, ideias (…). A criança que nasce e cresce numa cultura particular (nacional, regional, de classe, etc.) está destinada a ter que gostar de certos pratos, a comê-los de certa maneira, de ligar determinados sentimentos a determinadas cores, e a casar segundo um rito particular, a adoptar certos gestos ou mímica, a compreender os estranhos numa óptica particular, etc. A mesma criança, se à nascença tivesse sido retirada da sua cultura e submetida a outra, teria gostado de outros pratos, comido de maneira diferente, casar-se-ia seguindo outros ritos, não recorria sequer à mímica e compreendia de maneira diferente os nossos estranhos”.
G. Rocher, Sociologia Geral I, Ed. Presença, Lisboa, pp.71-72; 89; 112-113 e 210

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