sexta-feira, 1 de maio de 2009

A retórica da imagem - 4



Com base num trabalho do 11.º B do Ricardo e do Ricardo

Como todo o discurso que visa persuadir tem um auditório a quem é dirigida a mensagem e ao qual há que a adaptar, tem também um objectivo, neste caso evidente: conduzir à compra do produto: lingerie Triumph.

O auditório – público-alvo - nesta publicidade são as mulheres (principalmente jovens).

Dimensões do anúncio:

Este anúncio possui, como a maioria, uma dimensão denotativa, neste caso o aspecto do produto que se deseja vender (a lingerie) e que deve agradar ao potencial cliente; e uma conotativa, o aspecto da modelo, com a qual as mulheres se quererão parecer, levando-as a comprar a lingerie.

O anúncio publicitário usa os meios de persusão já enunciados por Aristóteles:

O Ethos está presente de uma forma muito óbvia e propositada, usando a beleza, sensualidade e de uma modelo conhecida e reconhecida socialmente pela sua simpatia – em determinadas camadas sociais e etárias – propulsionando credibilidade ao anúncio. A própria marca merece confiança pela tradição.

O Pathos, enquanto a modelo e a montagem fotográfica transmitem a sensação de frescura, de leveza, de juventude. Desperta assim emoções agradáveis, com quem o auditório gosta de se identificar.

O cartaz publicitário apresenta ou associa a marca Triumph a valores implícitos como a beleza, frescura, leveza, alegria, juventude, etc. (o que não deixa de ser essencial numa marca de lingerie com muitos anos e que as jovens tendem a associar à roupa das suas mães e avós).

No domínio do Logos há uma proposição visível em letras pequenas mas destacadas com a cor vermelha que afirma da marca que ela é uma arte corporal. Esta proposição remete para um argumento implícito:

A lingerie da Triumph cria arte corporal (que significa que modela o corpo de acordo com padrões de beleza, pois o termo arte está associado, em termos sociológicos, ao de beleza); assim, se quiser ter um corpo modelado pela arte corporal, use lingerie da collection Best Of da Triumph..

Claro que pode-se considerar haver aqui uma falácia informal. Mas mesmo que assim seja considerado, promovendo a manipulação de quem faz associações descuidadas, o certo é que oferece um raciocínio do ponto de vista lógica formal válido.

A Publicidade é um bom exemplo de como apesar de haver argumentos formalmente válidos, ou o auditório aí ler argumentos válidos, poderem ser falaciosos do ponto de vista informal

É claro que todos os valores mais ou menos implícitos visam associar a marca a esses valores e permitem ao auditório criar essas identidades e, claro, raciocínios dedutivos ou indutivos a partir daí.

Neste caso temos a possibilidade de ter um raciocínio dedutivo, embora precedido de uma indução:

Se Cláudia Vieira usa lingerie Triumph e é sensual,
então a cliente usando lingerie Triumph tornar-se-à sensual.

P Q R ( P ∧ Q ) → ( R → Q )
V V V V V V
V V F V V V
V F V F V F
V F F F V V
F V V F V V
F V F F V V
F F V F V F
F F F F V V

Mas este argumento usa um outro - induz previamente ou pressupõe como ideia geral:

Quem usa lingerie Triumph é sensual,
a → b

(mas pergunta-se: é o sensual uma SEGUNDA CARACTERÍSTICA, permitindo compreender o argumento como analogia?)

Modus Ponens: a → b; a; ∴ b


Se o raciocínio antes exposto for traduzido num Modus Ponus e lhe aplicarmos o martelo semântico, temos o seguinte argumento válido – pois não existe nenhuma circunstância com premissas falsas e conclusão verdadeira:
a b a → b a b
V V V V V
V F F V F
F V V F V
F F V F V

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