domingo, 15 de março de 2009

Darwin - 200 anos depois

Celebra-se este ano o bicentenário do nascimento do naturalista inglês Charles Darwin, mais conhecido pela publicação do livro Sobre a Origem das Espécies através da Selecção Natural ou a preservação de raças favorecidas na luta pela vida” (abreviado muitas vezes para A Origem das Espécies), na qual este apresenta a primeira teoria evolucionista apoiada em sólidos argumentos científicos e factos constatáveis. 150 anos depois, a proposta de Darwin continua a ser a mais aceite pela comunidade científica para explicar a origem e a grande diversidade de espécies que povoam o nosso planeta, com alguns ajustes e acrescentos derivados das novas descobertas nos campos da Genética e da Biologia Molecular. Mas será que toda a população pensa do mesmo modo?
Na verdade, estudos realizados revelam que 32% da população do Reino Unido, o país de nascimento de Charles Darwin, apoia a hipótese criacionista, enquanto 51% acreditam no design inteligente (teoria que afirma que muitos dos fenómenos do universo e dos seres vivos são melhor explicáveis por uma causa inteligente), em detrimento da teoria da evolução. Ainda associado a este estudo veio a descoberta de que grande quantidade das pessoas acha que a Terra foi criada nos últimos 10 mil anos. É preocupante que, em pleno século XXI, a maior parte das pessoas pense assim, quando toda a evidência científica demonstra que esse facto está errado. As razões desta situação, que não acontece só no Reino Unido mas também por todo o mundo, passam principalmente por três aspectos: em primeiro lugar, as pessoas têm muita dificuldade em separar a questão da origem das espécies da questão da existência ou não de Deus, isto é, muita gente ainda mistura ciência e religião, quando, na verdade, uma não implica a outra ou, pelo menos, não são inconciliáveis; em segundo lugar, a tentativa de instituir o criacionismo e o design inteligente como perspectivas científicas, quando evidentemente não o são, leva as pessoas leigas a questionar se estas não terão um fundo científico de verdade, embora ambas se apoiem em factos para os quais a ciência ainda não dá resposta como confirmações de que a sua teoria está correcta (uma versão moderna do “deus das lacunas”) ou argumentos falaciosos ou pobremente sustentados (como é o caso de defender que as constantes do universo foram feitas de modo a sustentar a vida, quando na verdade não sabemos se caso estas variassem a vida não existiria, embora sob outra forma); em terceiro lugar, muitas são as pessoas que vêem o evolucionismo como um fim dos valores morais humanos, já que defende a “luta pela sobrevivência” e a “sobrevivência do mais forte”. Contra este terceiro aspecto podemos argumentar não só que o evolucionismo não promove nenhum tipo de anarquia (na verdade, o código moral e ético do ser humano deriva da Razão, e não da sua dimensão biológica), mas também que hoje em dia os maiores conflitos morais (guerras, terrorismo,…) têm como base questões religiosas e não científicas.
É urgente promover o esclarecimento científico da população. Uma sociedade informada é uma sociedade melhor preparada para o progresso e para os desafios do presente e do futuro. Para isso muito contribuem as exposições e eventos abertos ao público, como é o caso da exposição sobre a vida e obra de Charles Darwin que estará na Fundação Gulbenkian até dia 24 de Maio e que aconselho a visitar.

Diogo Costa, 11.º B

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