quinta-feira, 23 de junho de 2011

O valor da arte


Sónia Costa 10ºB

Existem no mundo milhares de obras de arte que valem milhões de euros, galerias que as protegem como se fossem tesouros preciosos e salas de concertos enormes que não deixam nem um lugar vago. Actualmente em muitos países modernos se tem investido na arte, na sua divulgação e na educação artística dos seus cidadãos. Um artista, nos tempos actuais, ganha prestígio, mérito e muitos lucros com o seu trabalho. Talento é a palavra-chave para o sucesso e para uma recompensa valiosa. Mas, então o que tem a arte de especial para que as pessoas lhe atribuam tanto valor? E onde está esse valor na obra? Será que a obra de arte tem valor por si mesma, como defende a teoria objectivista, ou tem valor porque tem uma função na sociedade? Para que a obra de arte tenha valor em si mesma seria necessário negar o subjectivismo e afirmar o objectivismo, assim como o seu valor perante todas as pessoas. No entanto nem todas as pessoas estão dispostas a pagar o mesmo preço por um bilhete para um concerto ou para ser proprietário de uma obra. Nem todas as pessoas afirmam de igual modo o valor de uma mesma obra de arte: o que eu pagaria por uma pintura poderia ser para uns considerado como um exagero mas para outros uma ninharia. O valor que reside na obra não é igual para todos e deste modo o seu valor dependerá do sujeito e não de si mesma. Kant defendia que a arte só seria considerada arte na medida em que o seu valor não fosse visto como um meio para alcançar um fim. No entanto todo o que possuímos é com tendência à utilidade, compramos um quadro e colocamo-lo na parede com o objectivo de decorar a nossa casa ou criar um espaço mais familiar e confortável. Hume também defendia o subjectivismo como Kant, no entanto acreditava que a obra de arte tinha valor, tinha utilidade pois causava prazer. Segundo o que dizia, era a sensação de agrado que as obras de arte provocavam em nós que as tornava valiosas e despertava o nosso interesse por elas. Na realidade o interesse causa sensações de querermos adquirir o objecto e desejar que ele nos pertença. No entanto, como oposição à sua teoria, um chocolate causa sensação de agrado mas não é considerado uma obra de arte nem é visto como algo valioso e importante nas nossas vidas. Além disso, existem obras de arte que aparentemente não proporcionam qualquer prazer, uma obra que mostre por exemplo o horror e o sofrimento causado pela guerra não é de modo algum agradável aos nossos olhos.
A obra de arte é assim valiosa por ser interessante aos nossos olhos mas não por causar prazer. O escritor russo Leão Tolstoi defende que o valor da arte se encontra na função moral que ela desempenha, ou seja, nega que a obra de arte tenha valor em si mesma ou que seja valiosa por provocar prazer. Na sua opinião a obra exprime as emoções do artista que contagiam as pessoas. No entanto existem inúmeras obras sem funções morais, por exemplo a arte abstracta é dificilmente compreendida para afirmarmos que transporta sentimentos que causem uma determinada acção moral. Então a arte pode ter valor por si mesma, pelo prazer que causa, pelas emoções que provoca ou pela sua função moral que desempenha, no entanto o maior factor que pode ser considerado para o seu valor é o conhecimento que provoca. Chama-se cognitivismo estético à teoria que defende esta posição. Se esta teoria fosse admitida por todos seria uma grande vantagem para os artistas de todo o mundo. Desde muito cedo que o homem procura o conhecimento e não tem medo de financiar a sua procura, os governos gastam enormes quantias na ciência para permitir o desenvolvimento do conhecimento. No entanto não é possível provar empiricamente que a arte produz conhecimento mas podemos admitir a hipótese que o conhecimento que provoca, apesar de ser diferente do das ciências, não deixa de ser conhecimento. Apreciar obras de arte é uma maneira de entender melhor tudo o que nos rodeia inclusive nós próprios. Se a obra de arte transporta a realidade tanto como a imaginação, a verdade como a mentira, o amor como o ódio, a sua compreensão permitiria o conhecimento da vida, da multiplicidade dos sentimentos, emoções, paixões, ideias, etc. Além disso a arte provoca sensações visuais, auditivas, tácteis que fazem parte da nossa actividade mental que conduzem ao olhar, ouvir e sentir. Aliás é assim que começamos a aprender quando somos novos: pintávamos com as mãos para sentir a tinta e a tela, cantávamos para decorar a tabuada, dançávamos ao som das nossas músicas preferidas como se as sentíssemos dentro de nós e olhávamos para a televisão para ver todos aqueles desenhos animados cheios de cor que nos atraiam para longas tardes sentados no sofá a vê-los. Sabíamos os nomes das cores porque as víamos pintadas no desenho, tocávamos um instrumento porque aprendíamos com o tacto e com o som a fazê-lo. A ciência faz parte da nossa infância mas a arte é quem mais impulsiona aos primeiros conhecimentos de uma longa vida. E é por isso que actualmente olhamos para uma obra de arte e a conseguimos compreender ou pelo menos tirar uma opinião sobre ela, o belo e o feio estão connosco desde muito novos e vão sendo desenvolvidos. Os pormenores não passam despercebidos e a nossa mente analisa a arte como forma de conhecimento. A arte pode assim contribuir para alargar o nosso entendimento, pois explora e enriquece muitos aspectos da experiência humana. A arte nunca pode rivalizar com a ciência, são conhecimentos diferentes que se completam, enriquecendo o nosso conhecimento cada uma à sua maneira. A melhor destas hipóteses apresentadas para o valor dado à arte é, para mim, o conhecimento. A arte proporciona emoções e cria novas sensações que nos fazem aprender com elas, é desenvolvido a imaginação, a criatividade, a compreensão do mundo e de nós próprios. A arte deve ser entendida como uma forma de desenvolvimento que permite sensações que não podem de maneira alguma serem proporcionadas pela ciência. A vida contém mais do que apenas a lógica e o raciocínio, a vida merece ser vivida, sentida, ouvida e tocada e é a arte que proporciona isso. A música completa-nos, as cores alegram-nos e as imagens tornam-se únicas aos nossos olhos. O conhecimento permitido pela arte proporciona uma melhor compreensão da vida e deve ser valorizado por isso.

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