segunda-feira, 7 de junho de 2010

Será que tudo pode ser vivido em público?

Rita Novo
11.º A

Em linhas gerais, pensa-se que a vida pública é a vida de cada pessoa com as que a rodeiam e a privada é a de cada indivíduo consigo mesmo. Ora, estas definições não são as mais correctas. Em ambas as formas de vida existe uma relação consigo próprio e com os outros, porque não podemos prescindir da sociedade. Não é por estarmos sozinhos dentro da nossa casa que escapamos à vida na sociedade.
Então, uma vez que não se pode distinguir estas duas formas de vida pela relação com os outros, deve-se articular a resposta a esta pergunta a vários outros níveis.
Num plano mais geral, depende do modo como se apresenta a relação com os outros.
Na vida pública o que está em causa é a pessoa enquanto membro de uma colectividade independente e soberana - o Estado. Cada membro da sociedade é cidadão e, como tal, tem também uma vida política porque intervém não só na altura das eleições mas também porque faz conhecer as suas opiniões noutras circunstâncias; mas, além disso, entre o Estado e o cidadão existe um número importante de entidades políticas que têm uma autonomia parcial, precisamente a autonomia que lhes confere o Estado: em Portugal trata-se de municípios, conselhos, distritos, entre outros.
É precisamente a este nível que se desenrola a vida pública dos cidadãos e, do mesmo modo, a organização do Estado faz com que este tenha instituído instâncias públicas como tribunais, escolas e hospitais pelas quais se responsabiliza.
Assim, a vida pública centra-se mais na qualidade de cidadão, contrariamente à privada que diz respeito à vida individual da pessoa assim como às relações sociais que ela tem com os seus próximos e com os grupos aos quais se associa. No privado, o Estado não se intromete respeitando a autonomia de cada um.
Contudo, geralmente, não se fala da vida pública mas sim daquilo que se faz em público ou em privado. Os termos de público e de privado adoptam um significado diferente conforme o contexto no qual aparecem, mas o sentido primordial provém da diferença entre a vida do ser humano enquanto cidadão membro de uma colectividade autónoma e a sua vida enquanto pessoa individual tendo relações com outras pessoas particulares.
Assim, a minha questão inicial pode ter vários sentidos porque a expressão “em público” tanto pode significar o exercício político da vida como cidadão, como significar um conjunto de actividades no meio de pessoas desconhecidas, como por exemplo, na rua. Deste modo, pode tratar-se de actividades em ambientes destinados ao exercício de uma função pública, como na praia, ou ainda em ambientes privados nos quais uma multiplicidade de pessoas convive, como no balneário de uma piscina.
Concluindo, cada actividade tem um lugar próprio para se realizar; isto é, tem não só um contexto espacial e temporal específico mas também um enquadramento social particular que pode ser público ou privado.

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