domingo, 6 de junho de 2010

O PROBLEMA DA INFORMAÇÃO

Ana Filipa Moleiro
11ºA nº2

Frequentemente ouvimos dizer que vivemos na Era da informação. Vivemos num mundo globalizado onde qualquer facto que tenha acontecido chega em pouco tempo ao outro canto do mundo. Temos a possibilidade de saber em qualquer instante o que está a acontecer, o que aconteceu e até previsões do que acontecerá. No entanto, será que podemos designar por informação tudo aquilo que nos chega?
Esta globalização é, sem dúvida, uma consequência evidente da evolução e desenvolvimento exponencial dos media. Os media estão, hoje em dia, completamente inseridos no nosso quotidiano. Uma pessoa que não veja o telejornal durante uma semana nem que leia um jornal torna-se numa pessoa que parece que não vive no nosso mundo. Os media constituem o melhor sistema de informação que se possa conceber. Uma teia apertada cobre a superfície do globo, capta e transmite imediatamente os acontecimentos .
Contudo, embora os media sejam o melhor sistema de transmissão de informação, será que aquilo que transmitem é de facto informação? Para conseguirmos responder a esta questão, penso que deveríamos começar por definir o que é informação, uma vez que se tentarmos responder a um problema sem dominarmos aquilo que está em causa então a sua resolução será impossível. Desta forma, definir informação torna-se crucial para que prossigamos com uma possível resposta.
Segundo Claude Elwood Shannon, um engenheiro electricista e matemático americano que é considerado o fundador da Teoria da Informação, informação é tudo aquilo que reduz a incerteza. Desta forma, então tudo aquilo que nos é fornecido através dos media será informação se conseguir reduzir as incertezas. Como nos apercebemos facilmente, estamos então rodeados de quantidades absurdas de artigos que nos são tantas vezes apresentados como informação, mas que, na verdade, não o são.
A designação de Era da Informação está assim errada, uma vez que o que temos não é informação e sim uma explosão de dados e factos que, isoladamente, não têm significado e não produzem compreensão.
Esta falsa informação que nos é revelada é facilmente explicada pela necessidade de vender. Como é evidente, um jornal não tem futuro se não conseguir lucrar, e, para isso, é necessário vender jornais. Ora, para que tal aconteça, é necessário que aquilo que é publicado seja do interesse da população.
Torna-se assim imperativo colocar a seguinte questão: Se os jornais nos bombardeiam de artigos que não são informação e mesmo assim os compramos ou se os jornais com menos informação são os mais vendidos, então o que está mal?
Podemos imediatamente inferir que aquilo que está mal é a sociedade. O que condiciona e conduz a esta falta de verdadeira informação é o facto de a própria sociedade a apreciar e a desejar. Todos criticam as revistas cor-de-rosa, mas a verdade é que cada vez existem mais. Todos criticam certos canais de televisão pelos seus deploráveis telejornais ou outros programas, mas a verdade é que as audiências não param de subir. Coloca-se assim um problema que não apresenta um fim. Como é que se há-de resolver o problema da falta de verdadeira informação se grande parte da sociedade gosta dessa não-informação e nem sequer procura a verdadeira? Entramos assim numa questão que apenas se torna resolúvel se se reeducar a sociedade, se se criar na sociedade novamente o interesse pelo verdadeiro conhecimento.
Porém, terei eu, enquanto indivíduo e, nós, considerando as pessoas que partilham a mesma opinião que eu, o direito de criticar e julgar essas pessoas? Embora essa não-informação não leve a uma redução das incertezas, que direito tenho eu de dizer que é pior do que aquilo que eu considero informação? Cada pessoa possui critérios valorativos diferentes, dá importância a coisas diferentes. Se, vivendo numa democracia e considerando que todas as pessoas são livres e iguais em dignidade e em direitos, Dotados de razão e de consciência , como posso eu dizer que aquilo que valoram é menos importante?
Aparentemente, teria que ir contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Contudo, talvez não seja necessário fazê-lo e talvez até a própria declaração nos ajude a resolver a questão.
É evidente que não podemos criticar as pessoas por gostarem de saber isto ou aquilo que não é realmente informação. No fundo, todos nós gostamos de nos divertir, de relaxar e esquecer o trabalho e, de facto, muita da suposta informação que passa tem um certo carácter lúdico. Contudo, temos que ter consciência de que isso não é verdadeira informação e perceber que para além do mero entretenimento temos que conhecer o que realmente informa. Assim como está escrito nos Direitos Humanos que todos os homens são livres, também está escrito que todos os homens são dotados de razão e consciência, mas, para isso, é necessário que de facto percebam que necessitam de verdadeira informação e não meros factos que os distraiam. O culto da mera diversão, da despreocupação com o importante, intimamente ligado à ausência de inquietações culturais verdadeiras, provoca a perda do centro de gravidade das hierarquizações humanas .
O homem que não se questiona, que não procura saber, é um ser alienado, despossuído de cultura, que se guia pela coordenada da indiferença produzida pela saturação de antagonismos3. Ora, a humanidade tem sofrido um desenvolvimento fantástico, será que queremos, nós, século XXI, parar esta sinergia?

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