sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Discussão ético-filosófica e ético-política: o corpo humano e o desenvolvimento científico e técnico: possibilidades e limites.

Rita Novo
Sara Gamelas


A presente discussão tem como objectivo reflectir sobre a importância e o impacto das representações sociais do corpo, da construção social do belo com o apoio da engenharia genética e a pressão, maioritária, dos media para a formatação do corpo.
Para tal, foram considerados alguns sites noticiadores do modo como se realiza uma tese, com algumas críticas sobre o assunto em causa ou subtemas relacionados com o mesmo e ainda alguns programas televisivos que apoiam este estudo, uma vez que se baseiam em exemplos reais de pessoas que dão excessiva importância à representação social do seu corpo devido às pressões sociais.

Inicialmente é necessário perceber se existe ou não uma verdadeira definição de “belo”. De seguida, é preciso analisar quais são os principais factores que as representações sociais do corpo, associadas a uma tentativa de alcance do “belo”, contemplam. A par deste tema, numa tentativa de melhor compreensão das motivações das pessoas para “alcançar o belo”, serão interpretados alguns exemplos. Sem esquecer o importante avanço tecnológico que se tem vindo a verificar crescente ao longo dos últimos anos e que permite satisfazer mais e melhor as necessidades e desejos do ser humano.

"Toda beleza é difícil" já dizia Sócrates.
Podemos, de facto, começar com uma questão fundamental: a problemática definição de belo. Não existe uma definição satisfatória, completa, imutável e intemporal para” beleza”. Por ser um conceito de carácter subjectivo, não há certezas sobre qualquer afirmação que se faça a partir deste. Não existe um consenso universal sobre o mesmo. Contudo, partiremos do pressuposto de que cada pessoa pode alcançar a sua representação ideal de “beleza” para avançarmos.
Interessante seria se percebêssemos quais são as motivações que conduzem as pessoas a recorrer às manipulações genéticas como as cirurgias estéticas e os motivos pelos quais não se sentem confortáveis com o seu corpo; ou seja, por que razões têm imensa necessidade e preocupação em alcançar um suposto ideal, o “belo”.
Começando então por analisar quais são os principais aspectos que as representações sociais do corpo, associadas a uma tentativa de alcance do “belo”, contemplam, destacam-se dois. Por um lado existe apenas uma parte prática que contempla aspectos claramente físicos relativos à estética e saúde corporais. Por outro, com carácter mais subjectivo, há uma necessidade de bem-estar e de conforto para se alcançar uma vida mais saudável do ponto de vista mental. No primeiro, as motivações das pessoas são apenas de carácter prático em que existe uma necessidade de satisfação que se pode obter pelo embelezamento ou de carácter biológico em que o que está em causa é a saúde do indivíduo. No segundo, são os distúrbios psicológicos como depressões ou traumas, influenciados pelas grandes pressões exercidas por parte dos media, que estão em causa.

A par deste tema está o avanço tecnológico. Só podemos falar em “alcançar a beleza, o ideal” tendo em conta o avanço tecnológico e as suas facilitações. Hoje em dia já se encara a manipulação de qualquer organismo com alguma facilidade. Os progressos científicos e técnicos acontecem cada vez mais frequentemente e já existe uma capacidade real de manipular, praticamente, qualquer forma de vida. De facto, trata-se de um enorme contributo para a Humanidade uma vez que proporciona, ao ser humano, novas resoluções para problemas no campo da medicina e agricultura, por exemplo, mas, por outro lado, questões sociais e éticas opõem-se-lhe. Esta é, portanto, uma matéria susceptível a dúvidas e que dá azo a muitas reflexões e discussões. As pessoas com problemas, preconceitos ou constrangimentos quanto ao seu corpo e ao facto de este não ser, nas suas opiniões, “belo” podem, hoje em dia, recorrer a cirurgias e a manipulações genéticas. A questão que se coloca é se haverá algo verdadeiramente condenável, de um ponto de vista ético, na alteração genética do corpo de um indivíduo?

Podemos exemplificar o que temos vindo a discutir com um programa que é divulgado pelo canal de televisão MTV. Este programa baseia-se numa tentativa de jovens adolescentes ficarem parecidos com o seu ídolo, alterando o seu corpo através de cirurgias plásticas. Apesar disto, o programa tem um outro lado mais moralista que alerta para os riscos destas operações plásticas que podem correr mal e resultar em fragilizações na saúde.
Referindo um exemplo mais concreto, num dos episódios, participou uma rapariga de 22 anos que esperava ser modelo. O facto de o seu peito ser pequeno atormentava-a e ela considerava que esse era o motivo pelo qual não poderia vir a ser alguém importante e mundialmente conhecido como o seu ídolo, Jessica Simpson. A rapariga desejava alcançar a perfeição e a beleza absoluta em que o seu ideal / o seu modelo a seguir era o seu ídolo.

Logo aqui podemos concluir que a ideia de “belo” é totalmente de carácter subjectivo e pessoal. De certeza que não partilhamos todos o mesmo ideal. Além disto, é notável a pressão que os media exercem sobre os adolescentes de tal modo que eles já desejam alterar o seu corpo em função do de outra pessoa, que julgam ser perfeito.
Outras motivações que levaram esta rapariga a concorrer ao programa foram a tentativa de facilitação na obtenção de emprego, como modelo, e a vontade de ser reconhecida mundialmente pela sua beleza.

Todavia, é óbvio que este exemplo não pode ser molde para ninguém. Não podemos basear os nossos ideais de belo noutra pessoa e tentar atingi-los tentando tornarmo-nos nela; caso contrário estaríamos a roubar uma identidade que é a única característica exclusiva e singular que nos define enquanto seres.
Não parece existir uma resposta evidente ou, pelo menos, rigorosa para dar a este assunto.
Não há uma razão firme que se oponha à engenharia genética e que nos submeta à rejeição desta nova via para tentar modificar indivíduos em seu próprio provento. Contudo é importante referir que, como em tudo, existem limites na nossa interferência propositada com a natureza. Não podemos negar a nossa naturalidade, o que nos define. É apenas necessário que a engenharia genética esteja sujeita a constantes inspecções às suas propostas e propósitos e que somente se prossiga com aqueles que obtenham a concórdia dos avaliadores que somos, sem dúvida, todos nós.
Aplicando esta “opinião” ao facto de as pessoas se preocuparem excessivamente com o alcance de um “corpo perfeito” estética e psicologicamente, não podemos realmente admitir meramente uma única resposta universalmente aplicável a todos os sujeitos. Tem que haver ponderação sobre cada situação e uma análise particular. Com certeza que uma operação estética para tentar refazer alguma parte do corpo após um acidente não tem o mesmo sentido que uma operação a alguém que apenas não se sinta confortável com o seu corpo.
Contudo é importante não esquecer que cada pessoa tem direito à liberdade de opinião, de convicção, de expressão e de pensamento. Cada ser humano é livre de tomar a sua decisão e manipular o seu corpo conforme a sua vontade, se tiver meios para tal e desde que esteja com saúde mental.
Tudo isto, admitindo que o “belo” é alcançável numa dimensão pessoal.

2 comentários:

  1. Ola estive a ver o vosso blog e achei muito interessante. Gostava de vos pergntar se têm algum material sobre o impacto sociedade de informação (acessibilidade; possibilidade de fornecer informação a todo o mundo) terei que fazer uma dissestação filosófica e precisava de saber como fazer o de informação. Obrigada
    Se preferir responder por e-mail: beatrizsoares15@hotmail.com

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  2. Eu adorei seu texto perfeito mas vc teria algo com o tema O organismo etico, nossa o pode me explicar porque tenho um seminario para entregar e nao to comseguindo assimilar nada da materia... meu e-mail e marcos.amora@infomedic.com.br por favor ta dificil com tanta coisa e meio complicado nao tenho vergonha de dizer mas nossa to para da troço de tanto estudar e nao acho nada neste sentido.

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