quinta-feira, 21 de maio de 2015

O falsificacionismo


3.       A superação dos problemas do indutivismo e do verificacionismo: o falsificacionismo

Os métodos científicos tradicionais baseavam-se, segundo Popper, na ideia de que seria possível: a) atingir a verdade; b) provar a verdade de uma hipótese.

Por esta razão estes métodos eram percorridos pela ideia de verificação (pela observação ou pela experimentação). A verificação é um elemento de confirmação da verdade (pressuposta como alcançável e configurável).

Pelo contrário, Popper afirma que uma teoria nunca é verdadeira, (e mesmo que o seja não há forma de o saber) mas sempre provisória. É provisória enquanto outra melhor a não substituir.

As teorias não são verdadeiras, mas mais ou menos próximas da verdade e tendem a ser progressivamente mais próximas da verdade (verosímeis). As conjecturas são progressivamente mais próximas da verdade na medida em que resistem aos testes de falsificação a que as anteriores não resistiram.

Então, a falsificação deve ser a principal tarefa do cientista e da comunidade científica, pois só os testes de refutação permitem detectar erros e evoluir para conjecturas com maior verosimilitude (ou verosimilhança).

O facto das conjecturas se aproximarem progressivamente da verdade e não a alcançarem e o facto da evolução do conhecimento se realizar pela detecção e ultrapassagem do erro, permite a Popper avançar com a teoria da falsificabilidade, que é uma teoria explicativa:

  1. da evolução do conhecimento científico
  2. do próprio processo interno e metodológico da ciência. 
    ...e que estende ao conhecimento adaptativo em geral (amiba e Einstein )
    Outro problema do verificacionismo é o de que o cientista, ao procurar comprovar a hipótese, cria instrumentos, técnicas e experiências que derivam da hipótese e são orientadas por esta para a sua própria confirmação. É como se houvesse um círculo vicioso, a hipótese dirige o “olhar” para o que se quer ver, a sua própria confirmação.

4.        método das conjeturas e refutações


Face a estes problemas que se levantaram podemos mais facilmente compreender a teoria popperiana do trabalho científico, resumida no seguinte esquema:

Problema-------- Hipótese ------Eliminação de erros------- Problema

O cientista parte sempre de problemas – que por sua vez resultam de discrepâncias prévias, por exemplo discrepâncias entre observações e teorias – e sobre os quais formula teorias explicativas, as conjecturas. Até aqui não traz grande novidade. A novidade está sobretudo no papel da testagem.

A testagem ou momento de validação das hipóteses não visa a confirmação da conjectura, mas a sua refutação. Ou seja é como se o cientista em vez de querer bem à sua hipótese lhe quisesse mal. Esta linguagem não é rigorosa, mas tem o intuito de colocar a tónica na intenção, no propósito do cientista. E o seu propósito é destruir a sua própria teoria.

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