3. A superação dos problemas do indutivismo e do verificacionismo: o falsificacionismo
Os métodos científicos
tradicionais baseavam-se, segundo Popper, na ideia de que seria possível: a)
atingir a verdade; b) provar a verdade de uma hipótese.
Por esta razão estes métodos eram percorridos pela
ideia de verificação (pela observação ou pela experimentação). A verificação é
um elemento de confirmação da verdade (pressuposta como alcançável e
configurável).
Pelo contrário, Popper afirma que uma teoria nunca
é verdadeira, (e mesmo que o seja não há forma de o saber) mas sempre
provisória. É provisória enquanto outra melhor a não substituir.
As teorias não são verdadeiras, mas mais ou menos
próximas da verdade e tendem a ser progressivamente mais próximas da verdade
(verosímeis). As conjecturas são progressivamente mais próximas da verdade
na medida em que resistem aos testes
de falsificação a que as anteriores não resistiram.
Então, a falsificação deve ser a principal tarefa
do cientista e da comunidade científica, pois só os testes de refutação
permitem detectar erros e evoluir para conjecturas com maior verosimilitude (ou
verosimilhança).
O facto das conjecturas se aproximarem
progressivamente da verdade e não a alcançarem e o facto da evolução do
conhecimento se realizar pela detecção e ultrapassagem do erro, permite a
Popper avançar com a teoria da falsificabilidade, que é uma teoria explicativa:
- da evolução do conhecimento científico
- do próprio processo interno e metodológico da ciência....e que estende ao conhecimento adaptativo em geral (amiba e Einstein )Outro problema do verificacionismo é o de que o cientista, ao procurar comprovar a hipótese, cria instrumentos, técnicas e experiências que derivam da hipótese e são orientadas por esta para a sua própria confirmação. É como se houvesse um círculo vicioso, a hipótese dirige o “olhar” para o que se quer ver, a sua própria confirmação.
4. método das conjeturas e refutações
Face
a estes problemas que se levantaram podemos mais facilmente compreender a
teoria popperiana do trabalho científico, resumida no seguinte esquema:
Problema-------- Hipótese ------Eliminação de
erros------- Problema
O cientista parte sempre de problemas – que por sua
vez resultam de discrepâncias prévias, por exemplo discrepâncias entre
observações e teorias – e sobre os quais formula teorias explicativas, as
conjecturas. Até aqui não traz grande novidade. A novidade está sobretudo no
papel da testagem.
A testagem ou momento de validação das hipóteses
não visa a confirmação da conjectura, mas a sua refutação. Ou seja é como se o
cientista em vez de querer bem à sua hipótese lhe quisesse mal. Esta linguagem
não é rigorosa, mas tem o intuito de colocar a tónica na intenção, no propósito
do cientista. E o seu propósito é destruir a sua própria teoria.
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