O
Motivo
O
agente desenvolve intenções e age em função de motivos. O motivo
responde ao “porquê?” da acção. É assim por um lado, o
motor da acção,
o que despoleta ou impulsiona a acção e, por outro lado, é a
razão que justifica e explica
a acção praticada e a intenção do agente. É por isto que o
motivo que torna inteligível e dá
sentido à acção.
Motivo
versus causa: é o motivo uma causa?
Em
cada um de nós, a mesma acção pode resultar de uma pluralidade de
motivos e o mesmo motivo pode dar origem a diversas acções. Não
podemos nunca garantir ou prever rigorosamente qual a decisão que
vai ser tomada numa dada situação.
Por
isso podemos dizer que
a)
os motivos não são sinónimo de causa. Os motivos não determinam
as nossas acções da mesma forma que a causalidade natural – o
fogo queima. Os motivos são razões para agir, são o motor, mas
podemos Não agir.
b)
Os motivos fundamentam, legitimam ou justificam os nossos actos.
Dito
de outra forma: a causa determina necessariamente um efeito, a causa
faz ocorrer a acção independentemente da vontade do agente, e, pelo
contrário,
o motivo necessita de uma vontade que decida e conduza à acção. A
relação entre motivo e decisão é variável, isto é, o mesmo
motivo pode dar origem a várias intenções/actos e um mesmo acto
pode ter origem em vários motivos. Por exemplo: ter fome pode dar
origem a ir ao restaurante, cozinhar ou simplesmente não comer. De
forma inversa, podemos também ir a um restaurante por motivos
diversos para além da fome. Conclui-se por isso que não há uma
relação de causa-efeito.
Há
casos em que o comportamento da pessoa parece ser o resultado
automático
de forças afectivas, não tendo existido deliberação e decisão,
neste caso trata-se de uma causa e não de um motivo o que justifica
a acção. Por exemplo, os actos que realizamos num estado de
loucura, de embriaguez ou sob o efeito de drogas, ou aqueles que são
praticados sob coação, não podem ser designados de acções (humanas).
Como
tal, toda a acção humana pressupõe uma vontade livre, ou seja, um
poder de deliberar e decidir por si própria, e como tal a
possibilidade de não cumprir os motivos.
Sem comentários:
Enviar um comentário