segunda-feira, 4 de novembro de 2013

MOTIVO

O Motivo
O agente desenvolve intenções e age em função de motivos. O motivo responde ao “porquê?” da acção. É assim por um lado, o motor da acção, o que despoleta ou impulsiona a acção e, por outro lado, é a razão que justifica e explica a acção praticada e a intenção do agente. É por isto que o motivo que torna inteligível e dá sentido à acção.

Motivo versus causa: é o motivo uma causa?
Em cada um de nós, a mesma acção pode resultar de uma pluralidade de motivos e o mesmo motivo pode dar origem a diversas acções. Não podemos nunca garantir ou prever rigorosamente qual a decisão que vai ser tomada numa dada situação.
Por isso podemos dizer que
a) os motivos não são sinónimo de causa. Os motivos não determinam as nossas acções da mesma forma que a causalidade natural – o fogo queima. Os motivos são razões para agir, são o motor, mas podemos Não agir.
b) Os motivos fundamentam, legitimam ou justificam os nossos actos.


Dito de outra forma: a causa determina necessariamente um efeito, a causa faz ocorrer a acção independentemente da vontade do agente, e, pelo contrário, o motivo necessita de uma vontade que decida e conduza à acção. A relação entre motivo e decisão é variável, isto é, o mesmo motivo pode dar origem a várias intenções/actos e um mesmo acto pode ter origem em vários motivos. Por exemplo: ter fome pode dar origem a ir ao restaurante, cozinhar ou simplesmente não comer. De forma inversa, podemos também ir a um restaurante por motivos diversos para além da fome. Conclui-se por isso que não há uma relação de causa-efeito. 
Há casos em que o comportamento da pessoa parece ser o resultado automático de forças afectivas, não tendo existido deliberação e decisão, neste caso trata-se de uma causa e não de um motivo o que justifica a acção. Por exemplo, os actos que realizamos num estado de loucura, de embriaguez ou sob o efeito de drogas, ou aqueles que são praticados sob coação, não podem ser designados de acções (humanas).
Como tal, toda a acção humana pressupõe uma vontade livre, ou seja, um poder de deliberar e decidir por si própria, e como tal a possibilidade de não cumprir os motivos.

Sem comentários:

Enviar um comentário