segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Homem e Cultura - a Natureza Cultural do Homem

Sem homem não há cultura. Mas sem cultura não há homem. (...)
No último milhão de anos desapareceram numerosas espécies animais, ao passo que o homem se perpetuou. Por causa das mudanças no meio ambiente, houve animais que não resistiram e se extinguiram. O homem., esse, vai aguentar tudo, pois sabe fabricar não só as suas armas e os seus utensílios, mas também aquilo de que carece para sobreviver num meio ambiente diferente. De facto, o homem é o único exemplo conhecido, no mundo vivo, de um ser que logrou a proeza de criar o seu meio ambiente.
Ignora-se em, que momento o homem perdeu os seus instintos. Esse facto capital deve ter-se produzido cedo. Foi ele que permitiu que nos tornássemos homens. A ave colocada perante materiais que constituirão o seu ninho, põe-se a construí-lo, impelida por uma força a que não consegue subtrair-se. Por muito admirável que seja o seu ninho, o animal que o edificou não passa de um autómato: ele fá-lo como o construíram todos os seus antepassados, sem jamais imaginar a mínima alteração. O homem, se não aprender, não sabe fazer que fazer dos materiais com os quais se edifica a mais rudimentar das choças. Ele não sabe que fazer fabricar um utensílio ou acender o lume por instinto. é necessário inclusivamente ensiná-lo a andar. As crianças-lobos, permanecendo até á adolescência fora do meio humano, isoladas na floresta, perdem a possibilidade de adquirir traços fundamentais como a linguagem e mesmo a posição vertical. Em virtude do seu legado cultural, o homem afastou-se do animal, mas tornou-se estritamente dependente dos outros homens. Para que ele se converta realmente num homem, é indispensável que viva a sua existência social no meio dos seus, sob a influência de todos os estímulos que lhe fornecem a sua família e a sua tribo. (...)

A cultura é, por conseguinte, o meio de adaptação mais eficaz do homem ao seu ambiente. Ela desempenhou um papel decisivo no acréscimo do duplo carácter da espécie humana: a sua unidade e a sua diversidade
R. Clarke

Sem comentários:

Enviar um comentário