sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A dimensão pessoal da ÉTICA: a Intenção ética

“Creio que a primeira e indispensável condição ética é a de estarmos decididos a não viver de qualquer maneira: estarmos convencidos de que nem tudo vem a dar no mesmo, embora, mais tarde ou mais cedo, tenhamos que morrer. Quando se fala de "moral" pensa-se habitualmente a ordem e costumes que é hábito respeitar, pelo menos na aparência e muitas vezes sem que se saiba bem porquê. Mas talvez o busílis da questão não esteja em submeter-nos a um código ou em contrariar o estabelecido (o que também é submetermo-nos a um código, só que às avessas) mas tentar compreender. Compreender porque é que certos comportamentos nos convêm e outros não, compreender o que é que é a vida e o que é que a pode fazer "boa" para nós, seres humanos. Antes de mais, trata-se de não nos contentarmos com ser tidos por bons, como ficar bem frente aos demais, com que nos aprovem... Portanto, será necessário não nos limitarmos a observar à maneira do mocho ou com uma amedrontada obediência de autómatos, mas teremos que falar com os outros, apresentar certas razões e ouvir outras. O esforço de tomar a decisão terá que fazê-lo, porém, cada um de nós, solitariamente: ninguém pode ser livre por ti..”
Fernando Savater, Ética para um Jovem, Lisboa, Editorial Presença, 1994, pp. 63-64

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