quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Luís Sousa nº20 10ºB
Vítor Rodrigues nº28 10ºB

Introdução:
Realizámos este trabalho, no âmbito da disciplina de Filosofia, e que trata o tema da multiculturalidade e das diferentes posições tomadas em relação a este. Após a devida pesquisa sobre o tema iremos expor o que entendemos sobre este e iremos usar esse conhecimento para problematizar os argumentos e as várias teses referentes a um problema, neste caso a mutilação genital feminina. E assim o relacionar com o tema da multiculturalidade e a interacção entre culturas.

O que é a cultura?
Numa breve definição de cultura podemos dizer que: “A cultura é tudo o que não é natureza.”; esta definição, embora simples, é correcta, pois a cultura são todas as criações humanas. Ou seja, é tudo o que é criado pelo homem, de ordem material e espiritual, que foi construído e adquirido ao longo do tempo, em resposta ao meio em que este se situa.
Sendo assim é tudo o que forma o homem e que foi formado por este.
A cultura foi criada como mecanismo de sobrevivência, para fazer face à falta de determinadas respostas imediatas e biológicas, para certas situações que lhe são colocadas pelo Meio Natural e Social. Assim, a razão da existência da cultura é o permitir a formação do homem, dando-lhe uma forma de interpretar a realidade em que se encontra inserido.
A cultura é comum a todos os homens, pois todo o ser humano a têm, de forma a responder às suas necessidades comuns, mas é também esta que permite a distinção entre as diferentes sociedades/grupos, visto que cada sociedade possui valores culturais distintos; assumindo assim a função de elemento diferenciador.

O que é a multiculturalidade?
A Multiculturalidade é a existência de diferentes culturas inseridas no mesmo espaço social. Sendo assim a coexistência entre diversos grupos, que têm diferentes valores culturais e que leva à existência de uma diversidade de culturas.

Posições Relativas em relação à Multiculturalidade
ETNOCENTRISMO
Esta posição define a atitude de um indivíduo que defende os valores da sua cultura como superiores e como sendo os únicos ideais verdadeiros e válidos, julgando os outros indivíduos à luz dos seus próprios valores. Os valores da sua comunidade são universalizáveis e desejáveis, podendo-se aplicar a todos os homens.
Os argumentos que defendem esta atitude são os de achar que a interacção entre culturas e a troca de experiências e conhecimentos com outras culturas diferentes põe em causa a identidade cultural de um povo.
No etnocentrismo podem ser vistas duas posições, uma de marginalização e outra de assimilação.
O etnocentrismo marginalizante é aquele em que existe uma cultura dominante que recebe o outro no seu espaço, mas que não o acolhe, ou seja, não o integra, levando à formação de uma cultura periférica. Nenhuma das culturas é afectada, pois não há interacção entre elas.
O etnocentrismo assimilador é aquele em que existe uma cultura dominante que recebe o outro no seu espaço, mas em que o outro perde a sua identidade de origem, devido a um processo de aculturação. Ou seja, nesta posição há uma integração condicionada, visto que o outro é “assimilado” pela cultura dominante, somente se se dispuser a participar na cultura dominante e deixar cair a sua cultura de origem.
Estra posição pode ser benéfica pois permite a preservação da cultura, mas poderá ser ainda mais maléfica, como já pode ser observado (2º Guerra Mundial), devido a atitudes xenófobas. Além de poder levar à opressão das culturas minoritárias.

MULTICULTURALISMO (RELATIVISMO CULTURAL)
Esta posição defende que cada cultura tem um valor particular e incomparável. Promovendo uma atitude de respeito, tolerância e aceitação. Defendendo que os valores dependem dos padrões de cada cultura.
Esta posição tem a vantagem tem a vantagem da mútua aceitação, mas é possível a criação de “caos” se ambas as culturas forem postas em confronto directo, perante a existência de valores opostos, que não possam coexistir.
Sendo assim se esta posição for adoptada, terá um indivíduo de aceitar algo que toma como errado, só porque a cultura do outro, considera o acto como correcto e certo?

INTERCULTURALISMO
Esta posição leva à existência de respeito mútuo e equilibrado entre culturas, fomentando o diálogo, a interacção e a troca de experiências, tendo como objectivo o enriquecimento destas. Existe assim uma flexibilidade repartida entre as culturas envolvidas, baseada em valores e normas básicas de aceitação universal, como é o caso dos Direitos Universais do Homem.
Esta é talvez a posição mais correcta a tomar em relação à Multiculturalidade, sendo quase que uma posição intermédia entre as duas posições anteriormente referidas. Pois é a única que tem como base valores básicos e universais, comuns a todo o homem, permitindo assim a existência de equilíbrio na interacção entre culturas.
Esta posição apresenta um único limite, que é a de arranjar uma forma para que este equilíbrio se mantenha, permitindo assim a evolução conjunta das culturas.
Mutilação Genital Feminina

Escolhemos este tema entre os temas sugeridos pois, para além de se tratar de um tema muito falado na comunicação social recentemente, é um tema cuja relação com os assuntos abordados nas aulas é muito visível, permitindo-nos abordar o assunto da multiculturalidade e os direitos universais do homem
A mutilação genital feminina consiste na remoção de uma parte ou a totalidade dos órgãos sexuais de mulheres e crianças.
Esta prática, que tem por base valores culturais e que faz parte da tradição de muitas culturas, viola o direito da dignidade humana e da liberdade, pois as vítimas da MGF não têm a possibilidade de se desenvolver psicológica e sexualmente de modo saudável. Este costume causa danos físicos e psicológicos irreversíveis, podendo causar morte e sendo tão doloroso, que pode ser considerado tortura. Mas pelo simples facto de fazer parte dos valores culturais de certas culturas, e de ter supostos benefícios, leva a existência de diferentes respostas/posições perante esta prática.
Embora existam várias respostas para este problema, nós decidimos abordar as duas que talvez sejam mais aparentes e visíveis, para responder à pergunta: “Qual é a atitude certa a tomar perante a MGF?”
Posição 1:
Tese: A mutilação genital feminina é crime e a sua prática deve ser impedida.
Argumentos: Devemos ter uma atitude activa perante esta prática, tentando por um fim à prática da mesma. Embora seja uma tradição, continua a ser um crime e uma violação dos direitos humanos
É uma prática violenta que põe em causa a vida, a liberdade, a dignidade e até a feminilidade das suas vítimas. Em que não é respeitada a vontade da vítima e cuja execução viola os direitos da vítima, e as marca para toda a vida, tanto psicologicamente, como fisicamente.
Assim sendo os direitos do homem devem superar qualquer valor cultural.

Posição 2:
Tese: A mutilação genital é uma prática cultural e deve ser respeitada.
Argumentos: Deve-se respeitar e não interferir na execução desta prática pois faz parte dos costumes e da cultura de uma sociedade. Devemos respeitar os ideais, crenças e cultura de cada um, pois cada homem tem o direito ao seu espaço de liberdade. Além disso esta prática trata-se de algo benéfico, que assegura a castidade da mulher, ostenta beleza estética e é higiénico.
A posição que por nós foi tomada foi a posição 1, pois julgamos que deve haver um respeito cultural equilibrado de modo a que todos possam enriquecer a sua cultura através do diálogo, mas sob o cumprimento do cumprimento de ideais básicos e vitais, que é a ideia defendia pelo interculturalismo.

Conclusão
Com este trabalho concluímos que a cultura tem uma grande importância na vida humana, podendo beneficiá-lo e prejudicá-lo, e que nem sempre há uma linha definida em que posição deve tomar. Aprendemos também que a Multiculturalidade apresenta vários problemas e várias respostas. Descobrimos também tudo o que está envolvido na prática da MGF, a sua origem e as suas consequências, bem como possíveis respostas para esse problema.
Bibliografia
 http://pt.wikipedia.org/wiki/Mutila%C3%A7%C3%A3o_genital_feminina
 http://dossiers.publico.pt/dossier.aspx?idCanal=967
 http://www.amnistia-internacional.pt/index.php?Itemid=105&id=99&option=com_content&task=view

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