domingo, 23 de janeiro de 2011

MGF e diálogo entre culturas

José Brazielas 10ºB Nº17
José Lopes 10ºB Nº18

MGF
Porquê a Mutilação Genital Feminina?
Quando nos debatemos com a escolha do tema pudemos pesquisar um pouco sobre todos eles, tendo como base um tema actual, pouco conhecido e abordado, mas também um tema que se pudesse enquadrar com a diversidade cultural e todos os conceitos inerentes a ela.
Ao chegarmos à MGF pudemos presenciar vários testemunhos de raparigas que tinham passado por uma experiência destas e encontrámos uma notícia que falava sobre a prática deste acto nos países do Primeiro Mundo, nomeadamente Portugal. Ao vermos isto e todas as dimensões ligadas à MGF, decidimos imediatamente desenvolver e debater este tema. Seguimos as indicações dadas pelo professor e finalmente, através da informação recolhida e seleccionada, chegámos a este trabalho.
Três dimensões: Tradição/Problemática Sócio-Cultural, Direitos Humanos e Consequências Futuras
A partir do tema da MGF podemos identificar três dimensões essências: a tradição/problemática sócio-cultural, Direitos Humanos e as consequências futuras.
- Negar uma tradição/cultura?
A MGF, como já foi referido anteriormente, tem origem de ordem cultural. A sua prática está cercada de silêncios e é vivida em segredo. Manifestar-se contra este costume é difícil e, às vezes, perigoso para as mulheres ou homens que se opõem. Os principais argumentos defensores desta tese são que se a mulher não for circuncidada: nunca irá arranjar marido, irá ser encarada como uma “prostituta”, excluída pela sociedade e família e acusada de rejeitar a sua identidade cultural. Por sua vez existem alguns, se lhes podemos chamar, “benefícios”: melhoramento da fertilidade da mulher e também interesses económicos, sendo um deles uma fonte de rendimento para quem realiza tal acto. Bem, ponderando estes argumentos, podemos afirmar: Será legítimo, uma mulher negar a sua própria cultura?
- Direitos Humanos
A Mutilação Genital Feminina é um costume sócio-cultural que causa danos físicos e psicológicos irreversíveis, e ainda, é responsável por mortes de meninas. Pode variar de brandamente dolorosa a horripilante, e pode envolver a remoção com instrumentos de corte inapropriados (faca, caco de vidro ou navalha) não esterilizados e raramente com anestesia. Viola o direito de toda jovem de se desenvolver de um modo saudável e normal. E, devido ao influxo de imigrantes da África e do Médio Oriente na Austrália, no Canadá, nos EUA e na Europa, esta mutilação de mulheres está a tornar-se uma questão de Saúde Pública. Algo que não se deve desconsiderar são os custos do tratamento contínuo das complicações físicas resultantes e os danos psicológicos permanentes. Têm-se promulgado leis para ilegalizar e criminalizar esse costume. Embora muitos códigos penais não mencionem directamente os termos Circuncisão Feminina ou Mutilação Genital Feminina, é perfeitamente enquadrado como uma forma de "abuso grave de crianças e de lesão corporal qualificada". Vários organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm enviado esforços para desencorajar a prática da mutilação genital feminina. A Convenção sobre os Direitos da Criança, assinada em Setembro de 1990, considera-a um acto de tortura e abuso sexual. Será correcto colocar os direitos humanos em causa devido a uma tradição?
- Consequências Futuras
As consequências desta prática são diversas como já podemos verificar. Desde consequências a nível psicológico, sexual e físico. A nível físico muitas raparigas passam por infecções, tumores, hemorragias e por outras doenças derivadas do mau tratamento destas, como a anemia ou dores durante o acto sexual.
A nível psicológico as consequências são de carácter diverso desde sentimentos de culpa, ansiedade, medo, receio ou até mesmo casos de suicídio.
A nível sexual toda esta problemática leva as mulheres a sentirem vergonha da sua sexualidade e a ter medo do acto sexual ou mesmo da concepção de filhos.
Muitas pessoas pensam que com o uso de anestesia esta prática seria menos dolorosa e preveniria mais eficazmente o combate às doenças consequentes. Mas outros continuam a defender a ideia que mesmo com estes cuidados a integridade psicológica e sexual nunca será ultrapassada. Esta revela-se por ser a principal objecção relativamente ao uso da anestesia. Ponderando todas as consequências futuras, será favorável para uma mulher seguir a sua tradição?
Problematização
Com a ponderação de todas estas dimensões e as suas diferentes teses podemos pegar em todos e “pesá-los” em cada prato da balança. Ficando num lado as consequências e os direitos humanos e no outro lado a tradição. Relacionando tudo podemos considerar que a negação de uma tradição pode acarretar sérias consequências, mas ao mesmo tempo a sua aceitação e afirmação pode trazer problemas futuros. Por sua vez também se pode um problema de Saúde Pública que traz grandes despesas a nível da saúde.
Uma das principais maneiras do travar é a reeducação das gerações mais velhas e ancestrais que a praticam e também as famílias destas mulheres de forma a dar-lhes uma perspectiva do que realmente tal prática possa trazer e tentar mostrar os danos físicos e psicológicos que se podem evidenciar. Por sua vez tal acto vai contra o multiculturalismo, pois estamos a ir contra a história própria de uma cultura, mesmo que consideremos esta prática bárbara segundo este modelo deveríamos respeitá-la e aceitá-la.
Conclusão
Com este trabalho, vimos o nosso conhecimento a crescer relativamente a temas muito interessantes e importantes como a diversidade cultural e a MGF. Sendo temas actuais e de interesse público.
Hoje assistimos em primeiro plano à diversidade cultural, por causa dos fenómenos migratórios (entrada de estrangeiros), pela fácil troca de informação, pelo rápido acesso a produtos, usos e costumes oriundos dos diferentes cantos do Mundo. Ao mesmo tempo que nos agrada e enriquece, esta diversidade traz com ela sérios problemas com os quais nos defrontamos constantemente: conflitos de valores.
Por isso sucedem-se fenómenos que muitas vezes nos escandalizam ou nos deixam indignados (por exemplo, a prática da mutilação genital feminina). A diversidade cultural e os conflitos que ela acarreta sugerem-nos novamente o problema do relativismo: tudo é relativo ou poder-se-á estabelecer algum consenso entre as diferentes culturas?
A resposta a esta questão pode ser diferente consoante a atitude que tomarmos face à real diversidade cultural que os nossos dias põem a descoberto. Podemos indicar três modelos de referência a partir dos quais se compreende melhor esta questão: o etnocentrismo, o multiculturalismo e o interculturalismo.
O modelo intercultural remete-nos, assim, para a tolerância, conceito indispensável para compreendermos o diálogo entre as diversas culturas. Actualmente, este conceito refere-se, não só ao reconhecimento da diferença, como também à tomada de consciência de que a diferença é algo de positivo e enriquecedor. Uma vez que ninguém é detentor da verdade, importa que acolhamos a diferença, que nos confrontemos com ela. Só desse modo é possível a evolução material e espiritual da Humanidade no seu todo.
Livros: “Guia de estudo: Filosofia 10ºano”, Porto Editora; “Contextos”, Filosofia 10ºano, Paiva, Marta e outros, Porto Editora.
Sites: www.wikipédia.com; www.oms.org

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