sexta-feira, 7 de junho de 2013

Trabalho Individual

 “A Filosofia e o Sentido – Existe sentido para a vida? Que sentido tem a vida?” 

Com este ensaio, pretendo discutir a tese de Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo existencialista. O existencialismo, é atribuído a Søren Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês do século XIX. Para Kierkegaard, o homem, como indivíduo, é o único responsável em dar significado à sua própria vida, assim como a vivê-la de forma apaixonada e sincera. Esta corrente filosófica desenvolveu-se entre as duas grandes guerras mundiais, que dominaram e marcaram a primeira metade do século XX, principalmente no contexto europeu. A colocação de questões existenciais, dá-se nos períodos mais “negros” e devastadores da Humanidade. Percebe-se, assim, o desenvolvimento desta corrente filosófica num dos períodos mais destruidores da História da Humanidade. Atualmente, também vivemos um período mais “negro”, sendo este um dos motivos da escolha do tema. O existencialismo é uma corrente filosófica que busca o conhecimento da realidade através da experiência imediata da própria existência, destacando a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade. O sentido da filosofia existencialista pode ser esclarecido em três pontos: 1.A irredutibilidade do indivíduo (afirma a originalidade da existência individual. O verdadeiro e primário é o indivíduo e não o todo); 2. A existência como liberdade (a estrutura da existência não é o pensamento, mas a liberdade absoluta, que não está submetida ou ligada a algo. Deste modo, o homem não tem uma essência ou natureza, sendo, no seu melhor, a “invenção” da sua própria liberdade); 3. A fenomenologia como método (a fenomenologia – reflexão de um fenómeno – é o método de análise da existência e, sendo como liberdade o principio fundamental, estabelece o sentido do real e de si mesma).
De uma maneira geral, os filósofos da existência, pensam o indivíduo como uma realidade irredutível e único. O homem é um ser condicionado, situado no mundo, que não se reduz ao pensamento, englobando todas as dimensões do indivíduo: a razão, a emoção, a vontade, as circunstâncias com que se depara, etc. O homem constitui uma existência singular e subjetiva, estando em constante construção. Cada homem, mediante a sua liberdade, escolhe os seus valores, construindo-se como indivíduo e procurando dar sentido à sua existência e à realidade. O existencialismo consiste nos princípios acima referidos.

Desenvolvimento – Tese da teoria existencialista de Jean-Paul Sartre
Em 1946, Jean-Paul Sartre publicou o ensaio “O Existencialismo é um Humanismo”, oferecendo uma resposta sobre a pergunta: “o que é o existencialismo?”, visto que, na opinião de Jean-Paul Sartre, a expressão “existencialismo” estava a ser vulgarizada e mal empregue. Sartre procurava, também, responder às críticas dos católicos e dos marxistas (apesar de Sartre também ser marxista), que incriminavam o existencialismo de deixar o homem num estado de gratuidade, onde tudo é permitido, pois se não existe Deus não há como nos condenarmos uns aos outros, e de “obscurecer o lado luminoso da vida”, criando um descompromisso com a solidariedade e estagnando a ação social.
Sartre começa por explicar que usa o vocábulo “humanismo” no sentido de que toda a ação passa pela subjetividade, como o homem é subjetivo, toda a ação é humana. Segundo a teoria existencialista, o homem, ao deparar-se com algo injusto, pensa “isto é humano”. Apesar desta ideia parecer uma visão pessimista, esta é na verdade uma conceção otimista, segundo Sartre, isto é: se é humano, pode-se ou não realizar o dito ato, visto que não há nada além do homem, que o coage a optar por certo ato.
Neste ponto, Sartre explica a ideia de que a existência antecede a essência, pressuposto defendido tanto pela vertente católica, como pela vertente ateia do existencialismo. No início da sua explicação, Sartre expõe a ideia oposta, comparando o homem a um objeto fabricado. No fabrico de qualquer objeto, é necessário ter um modelo ou um protótipo, que definirá o produto. Deste modo, a essência antecede a existência (o modelo/protótipo antecede o produto fabricado). A partir deste ponto, as duas escolas existencialistas diferenciam-se, tendo diferentes maneiras de continuar a explicar a ideia da existência anteceder a essência. A escola católica defende que existe um Deus criador, que “produz” o homem, no seu projeto divino, por conseguinte, a essência de todos os homens é diferente e única, pois foi concebida por Deus. Sartre, apologista do existencialismo ateu (que não admite a existência de Deus), defende que, por conseguinte, a existência humana antecede a essência. O homem existe no mundo, surge no mundo, para depois se definir como pessoa, no seu processo de crescimento. Aliás, o homem só pode dizer o que é a humanidade, depois do próprio homem existir, por isso, apenas se pode julgar a partir daquilo que já está feito. Em suma: o homem é aquilo que existe, isto é, o homem é aquilo que faz. Contudo, o homem não pode responsabilizar a natureza, pela sua existência, porque não há nada que determine o comportamento do homem. Ou seja, o homem faz-se a si próprio, tendo total liberdade para escolher aquilo em que se torna (a sua essência). Assim, nada justifica os atos humanos, sejam eles “bons” ou “maus”. O homem está condenado à sua própria escolha.
Sartre afirma “o homem antes de mais nada é um projeto que se vive subjetivamente”. O homem é, assim, responsável pelas suas decisões e pelos seus atos. Como consequência, o homem não é aquilo que idealizou ser, mas sim o projeto resultante das escolhas e dos atos que são da responsabilidade do próprio homem. Contudo, expressando a ideia de que o homem é responsável por si mesmo, o existencialismo ultrapassa a ideia da subjetividade do indivíduo, que os críticos do existencialismo querem atribuir-lhe. Isto acontece porque, quando o homem escolhe que tipo de homem ser, este julga como todos os homens devem ser (baseando-se no princípio de que o homem quer o seu próprio melhor). Deste modo, o homem está “condenado” à subjetividade humana, sendo o homem responsável por toda a humanidade.
Neste momento, Sartre explicita a ideia existencialista de “angústia”. Segundo Sartre, o homem, ao entender que as suas escolhas atingem não só a si, mas a toda humanidade, fica assombrado com a responsabilidade dos seus atos, sentindo-se angustiado. Consequencialmente, apenas o “homem de má fé” consegue disfarçar a angústia, disfarçando a sua responsabilidade e atribuindo-lha a outrem. Nesta atribuição de responsabilidade, o homem está a escolher a mentira, não só para si próprio (a sua existência) como para a existência de todos os outros homens. Deste modo, o homem que nega a angústia, tem na dita angústia, a sua própria forma de existir. Sartre refere ainda que o homem sente e sentirá, sempre, angustia em qualquer momento de decisão e responsabilidade, porque esta decisão implica o abandono de todas as outras vias e opções. Com isto, Sartre volta a afirmar que o homem tem total liberdade para escolher aquilo em que se torna (a sua essência). Considerando a liberdade como único fim moral, Sartre afirma que, se alguém nega a dita liberdade, esse alguém pode ser julgado como “covarde”.
Sendo o homem totalmente livre nas suas escolhas, qual o papel da moral na corrente existencialista? Sartre defende que existem dois tipos de moral. A moral cristã defende que o homem deve seguir o caminho “mais duro” (Sartre não entende qual é o caminho “mais duro”). Já a ética moral, defendida por Kant, afirma que o homem deve tratar as pessoas como fim, e nunca como um meio. Contudo, para Sartre esta visão também levanta problemas, pois o homem, escolhendo algo como fim, tratará as outras opções como meios. Segundo Sartre, não é o sentimento que determina a nossa escolha pela moral a ser seguida. Justificar uma ação pelo sentimento terá seu valor apenas depois de o ato ser realizado pelo homem. Portanto não nos podemos guiar pelos nossos sentimentos, na escolha das ações. Desta forma, também não existe uma moral que guie o homem, pois o homem é livre nas suas escolhas. Cada escolha, implica um compromisso com toda a humanidade. Ao escolher um projeto, o homem opta por determinada moral.
Nesta altura, Sartre explica como vê a proposição fundamental cartesiana: cogito, ergo sum (penso, logo existo). Para Sartre, significa que o outro é a condição para a existência do homem, e que sem o reconhecimento do outro, o homem não é nada. Segundo a interpretação de Sartre, para o homem se conhecer, é necessário que o outro o reconheça, antecipadamente. Sartre afirma que mesmo não havendo essência, para toda a existência humana há uma condição: “a priori, há um conjunto de limites que esboçam a situação do homem no universo”.
Conclusão
Por fim, Sartre justifica a razão do seu existencialismo ser um humanismo (.O “seu” existencialismo é humanista, por ser o homem o único obreiro das suas ações. Sartre também justifica a sua teoria como existencialista, porque o homem, ao se projetar para fora de si próprio, acaba por se projetar no mundo. Deste modo, o homem tem sempre a possibilidade de se superar a si mesmo, tendo a constante liberdade de se reinventar.
Um dos maiores focos da tese de Jean-Paul Sartre é que apesar de todas as diferenças humanas, o que o homem fará de si próprio é uma questão em aberto. Deste modo, se características diferenciadoras vão ser convertidas em obstáculos ou vantagens, desafios a superar ou desculpas para nada fazer, cabe ao homem, optar, na liberdade (único fim moral) das suas decisões e da sua existência, que antecede a sua essência.
Bibliografia

  • Livro: Paiva, Marta; Tavares, Orlanda; Ferreira Borges; José (2012) “Contextos 11”. Porto Editora
  • Internet:http://criticanarede.com/existencialismo.html; http://www.philosophy.pro.br/existencialismo.htm; http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_26/sartre.html; http://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo.

    Eduardo
    11.º C

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