sexta-feira, 10 de maio de 2013

John Searle - A economia como Ciência Social e natureza histórica e psicológica da decisão económica

A economia, os contextos, os estados mentais e as intencionalidades dos agentes

 A economia ocupa-se da produção e distribuição de bens e serviços. Note-se que o economista em acção pode simplesmente tomar como garantida a intencionalidade. Pressupõe que os empresários tentam fazer dinheiro e que os consumidores preferirão sai-se melhor do que pior. E as «leis da economia», em seguida, referem resultados ou consequências sistemáticas de tais suposições. Dadas certas suposições, o economista pode deduzir que empresários sensatos venderão onde o seu custo marginal igual o rendimento marginal. Observe-se agora que a lei não prediz que o homem de negócios faça a si mesmo esta pergunta: «Irei eu vender onde o custo marginal iguala o rendimento marginal?» Não, a lei não refere o conteúdo da intencionalidade individual. Elabora antes consequências de tal intencionalidade. A teoria da forma em microeconomia elabora consequências de certos pressupostos acerca dos desejos e possibilidades dos consumidores e empresas empenhadas na compra, produção e venda. A macroeconomia elabora as consequências de tais pressupostos para nações e sociedades inteiras. Mas o economista não tem que preocupar-se com questões como esta: «Que é o dinheiro realmente?» ou «O que é realmente um desejo?» Se for muito sofisticado na economia do bem-estar, poderá preocupar-se com o carácter exacto dos desejos dos empresários e consumidores. Mas, mesmo num caso assim, a parte sistemática da sua disciplina consiste em elaborar as consequências dos factos a propósito da intencionalidade.
Visto que a economia se funda, não em factos sistemáticos acerca das propriedades físicas, como a estrutura molecular, mas antes em factos relacionados com a intencionalidade humana, com desejos, práticas, estados de tecnologia e estados de conhecimento, segue-se que a economia não pode imunizar-se à história ou ao contexto. A economia, enquanto ciência, pressupõe certos factos históricos acerca das pessoas e das sociedades que em si mesmas não são parte da economia. E quando estes factos mudam, a economia deve também mudar.”
Jonh Searle, 1984

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