“O Cigarro”, de Henri Lebasque
Inês Gonçalves e José Brazielas - Escola Sec. Jaime Magalhães Lima
Fauvismo
Esta corrente, Fauvismo, constituiu
a primeira vaga de assalto da arte moderna propriamente dita. Em 1905, em
Paris, no Salon d’Automne, ao entrar na sala onde estavam expostas obras de
autores pouco conhecidos, Henri Matisse, Georges Rouault, André Derain, Maurice
de Vlaminck, entre outros, o crítico Louis de Vauxcelles julgou-se entre as
feras (fauves). As telas que se encontravam na sala eram, de facto, estranhas,
selvagens: uma exuberância da cor, aplicada aparentemente de forma arbitrária,
tornava as obras chocantes. Caracteriza-se pela importância que é dada à cor
pura, sendo a linha apenas um marco diferenciador de cada uma das formas
apresentadas. A técnica consiste em fazer desaparecer o desenho sob violentos
jactos de cor, de luz, de sol.
Características
Fundamentais
- Primado da cor
sobre as formas: a cor é vista como um meio de expressão íntimo;
- Desenvolve-se em grandes manchas de cor que delimitam planos, onde a ilusão da terceira dimensão se perde;
- A cor aparece pura, sem sombreados, fazendo salientar os contrastes, com pinceladas directas e emotivas;
- Autonomiza-se do real, pois a arte deve reflectir a verdade inerente, que deve desenvencilhar-se da aparência exterior do objecto;
- A temática não é relevante, não tendo qualquer conotação social, política ou outra.
- Os planos de cor estão divididos, no rosto, por uma risca verde. Do lado esquerdo, a face amarela destaca-se mais do fundo vermelho, enquanto que a outra metade, mais rosada, se planifica e retrai para o nível do fundo em cor verde. Paralelos semelhantes podemos ainda encontrar na relação entre o vestido vermelho e as cores utilizadas no fundo.
- A obra de arte nasce, por isso, autónoma em relação ao objecto que a motivou. - A linguagem é plana, as cores são alegres, vivas e brilhantes, perfeitamente harmonizadas, não simulando profundidade, em total respeito pela bidimensionalidade da tela.
- A cor é o elemento dominante de todo o rosto. Esta é aplicada de forma violenta, intuitiva, em pinceladas grossas, empastadas e espontâneas, emprestando ao conjunto uma rudeza e agressividade juvenis.
- Estudo dos efeitos de diferentes luminosidades, anulando ou distinguindo efeitos de profundidade.
- Desenvolve-se em grandes manchas de cor que delimitam planos, onde a ilusão da terceira dimensão se perde;
- A cor aparece pura, sem sombreados, fazendo salientar os contrastes, com pinceladas directas e emotivas;
- Autonomiza-se do real, pois a arte deve reflectir a verdade inerente, que deve desenvencilhar-se da aparência exterior do objecto;
- A temática não é relevante, não tendo qualquer conotação social, política ou outra.
- Os planos de cor estão divididos, no rosto, por uma risca verde. Do lado esquerdo, a face amarela destaca-se mais do fundo vermelho, enquanto que a outra metade, mais rosada, se planifica e retrai para o nível do fundo em cor verde. Paralelos semelhantes podemos ainda encontrar na relação entre o vestido vermelho e as cores utilizadas no fundo.
- A obra de arte nasce, por isso, autónoma em relação ao objecto que a motivou. - A linguagem é plana, as cores são alegres, vivas e brilhantes, perfeitamente harmonizadas, não simulando profundidade, em total respeito pela bidimensionalidade da tela.
- A cor é o elemento dominante de todo o rosto. Esta é aplicada de forma violenta, intuitiva, em pinceladas grossas, empastadas e espontâneas, emprestando ao conjunto uma rudeza e agressividade juvenis.
- Estudo dos efeitos de diferentes luminosidades, anulando ou distinguindo efeitos de profundidade.
Dissecação da Obra
Ao folhearmos um livro sobre História da
Arte na biblioteca chamou-nos a atenção uma época de nome estranho no mínimo. O
fauvismo foi uma corrente que nasceu em França em finais do século XIX e início
do século XX.
Nesse mesmo capítulo deparámo-nos com uma
obra bastante interessante, retratando uma mulher sentada numa cadeira fumando
um cigarro bastante descontraída e com um olhar fixo. O seu autor, Henri Lebasque,
pintou esta obra de arte, de nome “La Cigarrete” em 1921, numa época em que a
mulher começou a sua emancipação e a afirmar-se como um membro da sociedade,
não sendo apenas um objecto ou algo negociável como se pensara até àqueles
tempos. Um dos grandes marcos dessa afirmação e libertação foi o hábito da
mulher começar a fumar. Nesta época fumar tornou-se chique perante a sociedade
feminina. Esta obra retrata mesmo esse marco vincadamente, onde uma mulher
sentada na sua cadeira relaxada (Lebasque transmite esse sentimento ao pintar a
mulher com a mão apoiada na cadeira), desfruta do seu cigarro vestida com boas
roupas de cor amarela e azul e usando um relógio, uma pulseira, brincos e um
colar, um pequeno chapéu e os lábios pintados de vermelho, levando a crer que
pertencesse a uma classe alta da sociedade. Lebasque retrata a típica mulher
parisiense. No plano de trás pode-se notar a luminosidade e a cor clara das paredes
e das portadas das janelas. Neste plano as tonalidades e diferentes cores
distinguem os objectos, não havendo um plano a três dimensões. Ao pegar no
cigarro com os dedos leva a crer que era uma mulher irreverente e despreocupada
com o que os outros poderiam pensar, uma vez que tal gesto não transmite
elegância, por isso se utilizavam as chamadas ponteiras. As linhas pouco
delineadas e as pinceladas grossas e carregadas representam as principais
características do fauvismo. A característica parece ter sido pintada de uma só
pincelada transmitindo a sensação intuitiva, espontânea e violenta que os
pintores fauvistas pretendiam retratar nas suas obras. A face rosada e a sua
pele clara estão de tal forma interligadas que passam a
ideia de quão delicada aquela mulher é, como algo que ao mínimo toque se pode
quebrar. Como se aquela não existisse o resto do quadro estivesse vazio e não
mais fizesse sentido algum existir. Lebasque transmite não apenas a faceta
irreverente da mulher, mas também a sua delicadeza e beleza. Todo o jogo de
cores, tonalidades e planos fazem a simbiose perfeita para que esta obra mereça
ser reconhecida, mas acima de tudo desfrutada e saboreada por cada pessoa,
pretendendo que cada pessoa crie o seu próprio juízo estético e assim possa desenvolver
o seu conceito de belo, fundamentando-se no sentimento de agrado ou desagrado e
na emoção que esta lhe provoca.
Actualmente encontra-se no Museu d’Orsay em
Paris.
Bibliografia
“História da Arte: As vanguardas do
embolismo ao cubismo”, volume16; Edilora Salvab
Sem comentários:
Enviar um comentário