segunda-feira, 24 de junho de 2013

Ética e robótica

Há mais de meio século, Isaac Asimov em seu livro de ficção "Eu, Robô” percebeu a necessidade da criação de regras éticas para definir o comportamento dos robôs. Desde sua proposição, as Três Leis da Robótica se firmaram no senso comum como o principal exemplo de modelo de comportamento artificial. São elas:
. 1ª lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por omissão, permitir que um ser humano sofra algum mal.
. 2ª lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos, exceto nos casos em que tais ordens contrariem a Primeira Lei.

. 3ª lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou a Segunda Lei.

Diversos autores de ficção, incluindo o próprio Asimov, exploraram ambiguidades nas Três Leis da Robótica criando situações indesejadas decorrentes de sua utilização. Asimov ainda imaginou uma quarta lei, chamada de Lei Zero, a qual deveria preceder as outras:
. Um robô não pode ferir a humanidade, ou por falta de ação, permitir que a humanidade sofra algum mal.
Muitas obras da ficção baseiam-se nas Leis da Robótica. Dentre elas, muitas obras de Asimov, como o “O Homem Bicentenário”, onde o robô Andrew é programado segundo as leis, e “Eu, Robô”, onde o supercomputador VIKI reinterpreta as leis decidindo subjugar os humanos para protegê-los de sua natureza auto-destrutiva.

No filme Aliens, de 1986, o andróide Bishop serve a tripulação de sua nave segundo a primeira lei de Asimov, ao contrário de Ash, androide do filme Alien, de 1979, que para cumprir sua missão, decide matar toda tripulação.

Em Robocop, de 1987, um ciborgue é construído a partir do corpo de um policial morto em serviço, e programado para seguir três leis similares às Leis de Asimov: servir à população, proteger inocentes e cumprir a lei. Porém, existe uma quarta diretiva secreta, que garante sua submissão aos seus chefes, mesmo implicando na quebra de alguma das outras leis. Contudo, no clímax do filme sua natureza humana consegue desobedecer esta lei (o que nunca ocorreria com robôs reais). Ainda no mesmo filme, é mostrado um resultado perigoso de autonomia em robôs, quando o protótipo de robô policial ED-209 entra em mau-funcionamento durante uma demonstração e acaba assassinando uma pessoa.
Apesar de as leis parecerem adequadas em um primeiro momento, existe uma série de problemas decorrentes da utilização de um conjunto pequeno de regras para guiar o comportamento de um indivíduo. Por exemplo, um robô teria a capacidade de perceber se uma pessoa está sendo ferida? Então ele poderia interromper uma cirurgia evitando que um médico realizasse uma incisão? Como ele poderia analisar o contexto de uma situação para decidir?
Quanto a sempre obedecer ordens dados por humanos, desde que nenhum mal seja causado, surge a dúvida se é adequado que um robô siga qualquer ordem que lhe seja dada por qualquer pessoa. Pode ocorrer de alguém ordenar uma tarefa sem propósito e isso acabar impedindo o robô de executar uma atividade possivelmente mais relevante. Outra questão é que em muitas ocasiões, medidas tomadas por humanos podem ser piores do que aquelas que robôs tomariam. No entanto, ao permitir a um robô a execução facultativa de ordens, abre-se um precedente para insubordinação total entre máquina e homem, como tratado em muitas obras.
Visto que criar um conjunto de regras para definir um comportamento ético é muito complexo, uma alternativa para a construção de robôs morais seria permitir a um robô aprender o comportamento ético, da mesma forma que crianças ao crescer aprendem quais comportamentos são morais. Alan Turing respalda essa idéia no artigo “Can Machines Think?” de 1950, onde é dita a seguinte frase:

“Ao invés de tentar produzir um programa para simular a mente adulta, por que não tentar produzir um que simule a mente de uma criança. Se ela for sujeita a um processo de ensino apropriado, então obteremos o cérebro adulto.”
Isto implica em introduzir conceitos de evolução e aprendizado de máquina no desenvolvimento do robô permitindo que o próprio tenha a capacidade de construir o seu comportamento.
Por outro lado, técnicas evolutivas nem sempre levam a formação de comportamentos éticos. Em 2009, em um experimento feito na Escola Politécnica de Lausanne, na Suíça, robôs programados para cooperar na busca de recursos relativamente escassos aprenderam a mentir uns para os outros com a finalidade de não dividir os recursos encontrados.   

fonte

Robóticaficção e ética - ufrgs


Universidade Federal Rio Grande do Sul

Ética aplicada - ética e Robôs


ONU propõe ética para robôs assassinos

Por , de INFO Online

• Sexta-feira, 31 de maio de 2013 - 18h17

Acima, uma robô em forma de mosquito: esse dispositivo, se armado, pode matar inocentes, diz a ONU
São Paulo - A Organização das Nações Unidas, a ONU, divulgou um documento para questionar a criação e a construção de Robôs Autônomos Letais (LARs). Esses robôs, capazes de matar pessoas ou destruir alvos, usam inteligência artificial para descobrir quem são seus inimigos e matá-los em seguida.
De acordo com a ONU, os fabricantes desses robôs ainda não deixaram claro se a tecnologia pode fazer distinção entre alvos militares e civis. Além disso, também não ficou claro se o robô é “sensível o suficiente” para entender uma bandeira branca (de rendição) ou se o inimigo é uma criança.
Hoje, a ONU acredita que os Estados Unidos, Israel e Inglaterra possuem um pequeno exército de robôs prontos para guerra.
A entidade questiona ainda quem será responsabilizado caso um robô faça um massacre de inocentes numa guerra. A entidade deixa claro que os tribunais não julgam máquinas, mas sim pessoas, portanto, precisa ficar claro quem são os donos dos robôs num eventual conflito.
Enquanto essas questões não são resolvidas, a ONU pede que a criação dos LARs seja paralisado, até que haja uma legislação para isso, além de mecanismos que permitam localizar os donos dos exércitos de robôs.
Segundo Christof Heyns, relator especial da ONU para execuções extrajudiciais, essa suspensão é necessária para que se crie um documento sobre a ética do uso dos Robôs Autônomos Letais em guerras ou conflitos armados.

Fonte:
http://info.abril.com.br/noticias/ti/onu-propoe-etica-para-robos-assassinos-31052013-44.shl
 

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Filosofia e Cinema


A Filosofia no Cinema

FERNANDO MENDONÇA*
“O cinema é a forma contemporânea da arte”
Marilena Chauí

INTRODUÇÃO
Por que estudarei aqui a filosofia no cinema, e não o cinema na filosofia?
Elaborei o tema de modo que o cinema ocupe a posição de objeto fundamental para
estudo e dele a filosofia se torne ponto de apoio. No cinema, a filosofia surgirá como
conseqüência, proveniente dos pensamentos do diretor.
Analisarei temáticas diversas formulando ligações com filmes e filósofos, até o
ponto principal que será uma análise particular do filme “2001-Uma Odisséia no
Espaço”(Kubrick,1968); também nesse filme conectarei os temas diversos para que
haja um fio condutor entre os pensamentos. Como não poderia deixar de ser, minha
opinião estará freqüentemente presente em tudo que será abordado. Citarei uma lista de
filmes no decorrer do trabalho em que se baseia meu estudo filosófico.
Seria muito fácil partir em busca de uma análise em filmes como “O Nome da
Rosa”(Annaud,1986) que trazem a filosofia estampada para que qualquer um a possa
identificar, portanto, não foi esse o caminho que escolhi. Quero fazer deste trabalho um
guia para filmes que aparentem ser mero entretenimento, ou de valor exclusivamente
artístico. Nessas obras há filosofia. Pois ela não existe apenas nos que a declaram
abertamente, mas há casos em que a filosofia está na essência de algo que parece
despretensioso.

Continua...  http://www.ipv.pt/millenium/Millenium29/17.pdf

Exame Nacional de Filosofia e Critérios de Correção

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Trabalho Individual

 “A Filosofia e o Sentido – Existe sentido para a vida? Que sentido tem a vida?” 

Com este ensaio, pretendo discutir a tese de Jean-Paul Sartre (1905-1980), filósofo existencialista. O existencialismo, é atribuído a Søren Kierkegaard, filósofo e teólogo dinamarquês do século XIX. Para Kierkegaard, o homem, como indivíduo, é o único responsável em dar significado à sua própria vida, assim como a vivê-la de forma apaixonada e sincera. Esta corrente filosófica desenvolveu-se entre as duas grandes guerras mundiais, que dominaram e marcaram a primeira metade do século XX, principalmente no contexto europeu. A colocação de questões existenciais, dá-se nos períodos mais “negros” e devastadores da Humanidade. Percebe-se, assim, o desenvolvimento desta corrente filosófica num dos períodos mais destruidores da História da Humanidade. Atualmente, também vivemos um período mais “negro”, sendo este um dos motivos da escolha do tema. O existencialismo é uma corrente filosófica que busca o conhecimento da realidade através da experiência imediata da própria existência, destacando a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade. O sentido da filosofia existencialista pode ser esclarecido em três pontos: 1.A irredutibilidade do indivíduo (afirma a originalidade da existência individual. O verdadeiro e primário é o indivíduo e não o todo); 2. A existência como liberdade (a estrutura da existência não é o pensamento, mas a liberdade absoluta, que não está submetida ou ligada a algo. Deste modo, o homem não tem uma essência ou natureza, sendo, no seu melhor, a “invenção” da sua própria liberdade); 3. A fenomenologia como método (a fenomenologia – reflexão de um fenómeno – é o método de análise da existência e, sendo como liberdade o principio fundamental, estabelece o sentido do real e de si mesma).
De uma maneira geral, os filósofos da existência, pensam o indivíduo como uma realidade irredutível e único. O homem é um ser condicionado, situado no mundo, que não se reduz ao pensamento, englobando todas as dimensões do indivíduo: a razão, a emoção, a vontade, as circunstâncias com que se depara, etc. O homem constitui uma existência singular e subjetiva, estando em constante construção. Cada homem, mediante a sua liberdade, escolhe os seus valores, construindo-se como indivíduo e procurando dar sentido à sua existência e à realidade. O existencialismo consiste nos princípios acima referidos.

Desenvolvimento – Tese da teoria existencialista de Jean-Paul Sartre
Em 1946, Jean-Paul Sartre publicou o ensaio “O Existencialismo é um Humanismo”, oferecendo uma resposta sobre a pergunta: “o que é o existencialismo?”, visto que, na opinião de Jean-Paul Sartre, a expressão “existencialismo” estava a ser vulgarizada e mal empregue. Sartre procurava, também, responder às críticas dos católicos e dos marxistas (apesar de Sartre também ser marxista), que incriminavam o existencialismo de deixar o homem num estado de gratuidade, onde tudo é permitido, pois se não existe Deus não há como nos condenarmos uns aos outros, e de “obscurecer o lado luminoso da vida”, criando um descompromisso com a solidariedade e estagnando a ação social.
Sartre começa por explicar que usa o vocábulo “humanismo” no sentido de que toda a ação passa pela subjetividade, como o homem é subjetivo, toda a ação é humana. Segundo a teoria existencialista, o homem, ao deparar-se com algo injusto, pensa “isto é humano”. Apesar desta ideia parecer uma visão pessimista, esta é na verdade uma conceção otimista, segundo Sartre, isto é: se é humano, pode-se ou não realizar o dito ato, visto que não há nada além do homem, que o coage a optar por certo ato.
Neste ponto, Sartre explica a ideia de que a existência antecede a essência, pressuposto defendido tanto pela vertente católica, como pela vertente ateia do existencialismo. No início da sua explicação, Sartre expõe a ideia oposta, comparando o homem a um objeto fabricado. No fabrico de qualquer objeto, é necessário ter um modelo ou um protótipo, que definirá o produto. Deste modo, a essência antecede a existência (o modelo/protótipo antecede o produto fabricado). A partir deste ponto, as duas escolas existencialistas diferenciam-se, tendo diferentes maneiras de continuar a explicar a ideia da existência anteceder a essência. A escola católica defende que existe um Deus criador, que “produz” o homem, no seu projeto divino, por conseguinte, a essência de todos os homens é diferente e única, pois foi concebida por Deus. Sartre, apologista do existencialismo ateu (que não admite a existência de Deus), defende que, por conseguinte, a existência humana antecede a essência. O homem existe no mundo, surge no mundo, para depois se definir como pessoa, no seu processo de crescimento. Aliás, o homem só pode dizer o que é a humanidade, depois do próprio homem existir, por isso, apenas se pode julgar a partir daquilo que já está feito. Em suma: o homem é aquilo que existe, isto é, o homem é aquilo que faz. Contudo, o homem não pode responsabilizar a natureza, pela sua existência, porque não há nada que determine o comportamento do homem. Ou seja, o homem faz-se a si próprio, tendo total liberdade para escolher aquilo em que se torna (a sua essência). Assim, nada justifica os atos humanos, sejam eles “bons” ou “maus”. O homem está condenado à sua própria escolha.
Sartre afirma “o homem antes de mais nada é um projeto que se vive subjetivamente”. O homem é, assim, responsável pelas suas decisões e pelos seus atos. Como consequência, o homem não é aquilo que idealizou ser, mas sim o projeto resultante das escolhas e dos atos que são da responsabilidade do próprio homem. Contudo, expressando a ideia de que o homem é responsável por si mesmo, o existencialismo ultrapassa a ideia da subjetividade do indivíduo, que os críticos do existencialismo querem atribuir-lhe. Isto acontece porque, quando o homem escolhe que tipo de homem ser, este julga como todos os homens devem ser (baseando-se no princípio de que o homem quer o seu próprio melhor). Deste modo, o homem está “condenado” à subjetividade humana, sendo o homem responsável por toda a humanidade.
Neste momento, Sartre explicita a ideia existencialista de “angústia”. Segundo Sartre, o homem, ao entender que as suas escolhas atingem não só a si, mas a toda humanidade, fica assombrado com a responsabilidade dos seus atos, sentindo-se angustiado. Consequencialmente, apenas o “homem de má fé” consegue disfarçar a angústia, disfarçando a sua responsabilidade e atribuindo-lha a outrem. Nesta atribuição de responsabilidade, o homem está a escolher a mentira, não só para si próprio (a sua existência) como para a existência de todos os outros homens. Deste modo, o homem que nega a angústia, tem na dita angústia, a sua própria forma de existir. Sartre refere ainda que o homem sente e sentirá, sempre, angustia em qualquer momento de decisão e responsabilidade, porque esta decisão implica o abandono de todas as outras vias e opções. Com isto, Sartre volta a afirmar que o homem tem total liberdade para escolher aquilo em que se torna (a sua essência). Considerando a liberdade como único fim moral, Sartre afirma que, se alguém nega a dita liberdade, esse alguém pode ser julgado como “covarde”.
Sendo o homem totalmente livre nas suas escolhas, qual o papel da moral na corrente existencialista? Sartre defende que existem dois tipos de moral. A moral cristã defende que o homem deve seguir o caminho “mais duro” (Sartre não entende qual é o caminho “mais duro”). Já a ética moral, defendida por Kant, afirma que o homem deve tratar as pessoas como fim, e nunca como um meio. Contudo, para Sartre esta visão também levanta problemas, pois o homem, escolhendo algo como fim, tratará as outras opções como meios. Segundo Sartre, não é o sentimento que determina a nossa escolha pela moral a ser seguida. Justificar uma ação pelo sentimento terá seu valor apenas depois de o ato ser realizado pelo homem. Portanto não nos podemos guiar pelos nossos sentimentos, na escolha das ações. Desta forma, também não existe uma moral que guie o homem, pois o homem é livre nas suas escolhas. Cada escolha, implica um compromisso com toda a humanidade. Ao escolher um projeto, o homem opta por determinada moral.
Nesta altura, Sartre explica como vê a proposição fundamental cartesiana: cogito, ergo sum (penso, logo existo). Para Sartre, significa que o outro é a condição para a existência do homem, e que sem o reconhecimento do outro, o homem não é nada. Segundo a interpretação de Sartre, para o homem se conhecer, é necessário que o outro o reconheça, antecipadamente. Sartre afirma que mesmo não havendo essência, para toda a existência humana há uma condição: “a priori, há um conjunto de limites que esboçam a situação do homem no universo”.
Conclusão
Por fim, Sartre justifica a razão do seu existencialismo ser um humanismo (.O “seu” existencialismo é humanista, por ser o homem o único obreiro das suas ações. Sartre também justifica a sua teoria como existencialista, porque o homem, ao se projetar para fora de si próprio, acaba por se projetar no mundo. Deste modo, o homem tem sempre a possibilidade de se superar a si mesmo, tendo a constante liberdade de se reinventar.
Um dos maiores focos da tese de Jean-Paul Sartre é que apesar de todas as diferenças humanas, o que o homem fará de si próprio é uma questão em aberto. Deste modo, se características diferenciadoras vão ser convertidas em obstáculos ou vantagens, desafios a superar ou desculpas para nada fazer, cabe ao homem, optar, na liberdade (único fim moral) das suas decisões e da sua existência, que antecede a sua essência.
Bibliografia

  • Livro: Paiva, Marta; Tavares, Orlanda; Ferreira Borges; José (2012) “Contextos 11”. Porto Editora
  • Internet:http://criticanarede.com/existencialismo.html; http://www.philosophy.pro.br/existencialismo.htm; http://www.cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_26/sartre.html; http://pt.wikipedia.org/wiki/Existencialismo.

    Eduardo
    11.º C

SERRALVES EM FESTA 2013 - este fim de semana

SERRALVES EM FESTA 2013