sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A Implicação

Por que razão a implicação material apresenta como valor lógico a verdade, ainda que o valor lógico das suas proposições seja falso?

P
Q
P → Q
V
V
V
V
F
F
F
V
V
F
F
V






No argumento dedutivo, a verdade das premissas impõem necessariamente a verdade da conclusão. Ora, isto é evidente na implicação. Veja-se a 1.ª linha e a 2.ª linha.
A 2.ª linha mostra a impossibilidade lógica presente num argumento dedutivo.

Exemplo de um modus ponens e de uma falácia da negação do antecedente:

P
Q
P → Q
P
Logo, Q
V
V
V
V
V
V
F
F
V
F
F
V
V
F
V
F
F
V
F
F
P
Q
P → Q
não P
Logo, não Q
V
V
V
F
F
V
F
F
F
V
F
V
V
V
F
F
F
V
V
V







A verdade impõe a verdade, mas a falsidade nada impõe. Isto é, a verdade do antecedente impõe que o consequente seja verdadeiro. Mas quando o antecedente não se  realiza, quando é falso, o consequente pode ou não acontecer, pode ou não ser verdade.

Exemplo:
Se fizer sol, Ípsilon vai à praia.
Haver sol, impõe que se conclua que Ípsilon foi à praia.
Mas, o facto de não haver sol, não permite afirmar que Ípsilon vá à praia, nem que não vá à praia.

A conclusão precipitada forma uma falácia.

Porque existem falácias na disjunção inclusiva e não na disjunção exclusiva?

A disjunção exclusiva tem a forma «ou P ou Q». O seu símbolo é V
Exemplos de expressões: O conhecimento é possível ou o conhecimento não é possível.
Numa disjunção exclusiva a falsidade só ocorre quando ambas as proposições são falsas.
P
Q
P Ú Q
V
V
F
V
F
V
F
V
V
F
F
F






               
A disjunção inclusiva tem a forma «P ou Q». O seu símbolo é Ú
Exemplo: Platão foi filósofo ou escritor
Numa disjunção inclusiva a verdade é uma propriedade da proposição complexa se uma das frases for falsa.

P
Q
P Ú Q
V
V
V
V
F
V
F
V
V
F
F
F






No bar da escola, o funcionário pergunta: Quer pão com queijo e/ou pão com fiambre?
Ipsílon responde: tanto faz.
Neste caso, são verdadeiras as proposições:
- pão com queijo;
- pão com fiambre;
- pão com queijo e fiambre.
Se a resposta do funcionário for trazer um Pão com marmelada as anteriores proposições são falsas – esta proposição torna as outras 3 proposições falsas.

Mas supondo que
o funcionário perguntar: Quer pão ou com queijo ou pão com fiambre?
 Ipsílon responde: tanto faz.
Neste caso a verdade está quando o pão tem fiambre e também quando o pão tem queijo. Mas o pão não pode ser misto e não pode trazer marmelada.
Se trouxer marmelada nenhuma das proposições simples é verdadeira e a proposição composta é falsa. Se trouxer um pão misto ambas as proposições simples são verdadeiras e o valor de verdade da proposição composta ´e falsa.



No caso da disjunção exclusiva, a afirmação de uma proposição impõe necessariamente a negação da outra, e vice-versa (como a falsidade de uma impõe a verdade da outra) - uma vez que não só uma é possível.
Assim, podemos ir da afirmativa para a negativa e da negativa para a afirmativa. Ou seja podemos ir do falso para o verdadeiro e do verdadeiro para o falso.
Mas isto não ocorre na disjunção inclusiva.
Aqui, da verdade de uma proposição não podemos concluir a falsidade da outra, nem a sua verdade – pois o valor de verdade que impõe o conetor é o da verdade da proposição composta se ambas forem verdadeiras ou uma for verdadeira e a outra falsa.
A piada está em podemos afirmar a verdade de uma proposição a partir da negação da outra. Ou seja, podemos a partir do falso o verdadeiro.

Vejamos um argumento falacioso. P ou Q; P; Logo, Q

P
Q
P Ú Q
P
Q
V
V
V
V
V
V
F
V
V
F
F
V
V
F
V
F
F
F
F
F






Relembrando que um argumento dedutivo é aquele que da verdade das premissas se garante a verdade da conclusão, constatamos que é um argumento IMPOSSÍVEL – É O TAL ARGUMENTO QUE MOSTRA A INVALIDADE DO ARGUMENTO DEDUTIVO, POIS VERIFICAMOS QUE EXISTE A POSSIBILIDADE DO IMPOSSÍVEL – O QUE É UMA CONTRADIÇÃO.

Mas a partir da negativa já é possível:

P
Q
P Ú Q
~P
Q
V
V
V
F
V
V
F
V
F
F
F
V
V
V
V
F
F
F
V
F