sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Natureza dada vs. natureza adquirida e a dimensão social do homem

Menina viveu fechada e na porcaria até aos sete anos. Hoje ainda não fala, mas já ri
Luis M. Faria
Quinta feira, 27 de outubro de 2011

85 por cento do cérebro desenvolve-se até aos cinco anos. Uma criança que cresça privada de estímulos fundamentais em matéria de socialização e linguagem nunca mais recupera. Os casos de 'meninos selvagens', felizmente, são raros, mas de vez em quando aparece um que nos faz arrepiar ou chorar. Um desses casos é o de Dani, a menina que foi descoberta num quarto sujo da Florida.


Danielle - nome por que era tratada, ou não, pela família - tinha quase sete anos quando uma denúncia anónima levou a polícia a sua casa. A assistente social que primeiro lá entrou teve de sair para se aliviar, emocional e fisicamente. Os polícias não ficaram muito melhor. Um disse depois que era a pior cena que alguma vez encontrara.

Todo a casa fedia, com bocados de fezes espalhados pelo chão e pelas paredes. No meio disso, uma mãe e dois filhos crescidos não pareciam incomodados. Só ao fim de minutos indicaram aos visitantes um quarto ao fundo, de onde vinha uma espécie de gemido.

Nesse quarto - um espaço do tamanho de um armário, que de mobília só tinha um velho colchão imundo, com molas saídas - estava a pequena Danielle. Olhar esquivo, desgrenhada, com insetos a passar-lhe por cima e usando apenas uma fralda suja, vivera ali a maior parte da sua curta vida.

Fatores puramente externos

A primeira preocupação dos polícias foi levar a criança ao hospital. Mas antes dirigiram à mãe uma pergunta: como foi capaz? Ela respondeu que fizera o seu melhor, antes de começar a gritar para não lhe levarem a sua "bebé".

No hospital, constatou-se que Danielle estava gravemente subnutrida. O peso era muito abaixo do normal para a idade, mas ela não conseguia engolir comida sólida, ou mastigar. Ficou a soro. Uma vez lavada e examinada, os médicos concluíram que nunca ultrapassaria a grave situação de deficiência em que a mãe a pusera.

Os problemas nada tinham a ver com qualquer fator físico. Originalmente, não havia nada de errado no corpo da rapariga - nenhuma doença, nenhum atraso. Fora o modo como a criaram que a danificara.

No tribunal, a mãe daria as suas explicações, nenhuma das quais fazia sentido. Só o facto de ela própria ter um Q.I. próximo do atraso mental terá comovido as autoridades.

Uma ténue conexão

A mãe continuava a querer a filha. Mas as autoridades propuseram-lhe um acordo: se renunciasse aos seus direitos, não a mandavam para a cadeia. Recusando, arriscava vinte anos. Ela cedeu.

Danielle foi proposta para adoção. Num site oficial do estado da Florida, o seu retrato aparecia entre o de centenas de outras crianças. Algo terá comovido Diane e Bernie Lierow, um casal de trabalhadores que andava à procura de mais um filho para juntar aos quatro que tinham de casamentos anteriores.

Informados da história daquela criança, foram aconselhados a escolher outra. Mas persistiram. E quando finalmente a conheceram pessoalmente, sentiram que uma ténue conexão se estabelecera. Pelo menos a criança olhara. Ela normalmente não olhava para as pessoas.

Nos cinco anos desde então, a tarefa diária do casal, quando acabam o trabalho (ele remodela casas, ela faz limpezas) tem sido acompanhar o progresso de Dani, como lhe chamam.

"Não era tão mau que justificasse"

A princípio custou muito. Ela não sabia nada. Ensiná-la a ir à casa de banho foi especialmente difícil, mas outras coisas básicas também requereram grande paciência. Afinal, a idade mental de Dani quando a encontraram eram algures entre seis e onze meses. Muitas das suas reações, a começar pelas birras, eram de bebé.

Hoje já vai às aulas de educação especial, já se encosta aos pais, já esboça uma ou outra palavra. Cada novo passo é duramente conquistado, pois o autismo ambiental não se vence num dia. Mas graças ao contacto com gente que a ama, e ao ambiente saudável --os Lierow vivem numa quinta; Dani adora cavalgar - o progresso é imenso.

A mãe biológica continua a lamentar a perda da filha. Ainda há tempos mostrou a um repórter o dossiê do processo. Um dos elementos que lá constam é o relatório da visita efetuada logo em 2002 por uma assistente social. A situação na altura já era parecida com a de 2005, mas não foi considerado necessário intervir.

Não era tão mau que justificasse, explicam as autoridades. E mais três anos passaram até alguém perceber. O livro que os Lierow agora publicaram (Dani's Story) pode ser uma ajuda.



Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/menina-viveu-fechada-e-na-porcaria-ate-aos-sete-anos-hoje-ainda-nao-fala-mas-ja-ri=f683684#ixzz1c5Gfl5xx

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Falácias, sofismas e mentiras

Uma proposição é verdadeira ou falsa, mas a falsidade pode ou não ser propositada. Quando alguém produz intencionalmente uma proposição falsa dizemos ser uma mentira.

Uma Falácia é um argumento inválido com aparência de válido.Quando surge involuntariamente chama-se paralogismo. Se for criado voluntariamente é um sofisma.

Então, a mentira está para a proposição como o sofisma está para o argumento.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

sábado, 22 de outubro de 2011

Palavra e Pensamento

Podemos ler uma imagem sem palavras?

Podemos ler uma imagem só usando outras imagens presentes na nossa mente?

Ou a interpretação, a compreensão, das imagens impõem a presença de palavras?

Não será que a complexidade do mundo resulta da complexidade da(s) nossa(s) língua(s)?

http://explicatio.blogspot.com/2010/02/lingua-e-pensamento.html

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Heitor, Aquiles e as formigas - A necessidade e a liberdade


Livre arbítrio - Fernando Savater

Vou contar-te um caso dramático. Já ouviste falar das térmitas, essas formigas-brancas que, em África, constroem formigueiros impressionantes, com vários metros de altura e duros como pedra. Uma vez que o corpo das térmitas é mole, por não ter a couraça de quitina que protege outros insectos, o formigueiro serve-lhes de carapaça colectiva contra certas formigas inimigas, mais bem armadas do que elas. Mas por vezes um dos formigueiros é derrubado, por causa de uma cheia ou de um elefante (os elefantes, que havemos nós de fazer, gostam de coçar os flancos nas termiteiras). A seguir, as térmitas-operário começam a trabalhar para reconstruir a fortaleza afectada, e fazem-no com toda a pressa. Entretanto, já as grandes formigas inimigas se lançam ao assalto. As térmitas-soldado saem em defesa da sua tribo e tentam deter as inimigas. Como nem no tamanho nem no armamento podem competir com elas, penduram-se nas assaltantes tentando travar o mais possível o seu avanço, enquanto as ferozes mandíbulas invasoras as vão despedaçando. As operárias trabalham com toda a velocidade e esforçam-se por fechar de novo a termiteira derrubada... mas fecham-na deixando de fora as pobres e heróicas térmitas-soldado, que sacrificam as suas vidas pela segurança das restantes formigas. Não merecerão estas formigas-soldado pelo menos uma medalha? Não será justo dizer que são valentes?

Mudo agora de cenário, mas não de assunto. Na Ilíada, Homero conta a história de Heitor, o melhor guerreiro de Tróia, que espera a pé firme fora das muralhas da sua cidade Aquiles, o enfurecido campeão dos Aqueus, embora sabendo que Aquiles é mais forte do que ele e que vai provavelmente matá-lo. Fá-lo para cumprir o seu dever, que consiste em defender a família e os concidadãos do terrível assaltante. Ninguém tem dúvidas: Heitor é um herói, um homem valente como deve ser. Mas será Heitor heróico e valente da mesma maneira que as térmitas-soldado, cuja gesta milhões de vezes repetida nenhum Homero se deu ao trabalho de contar? Não faz Heitor, afinal de contas, a mesma coisa que qualquer uma das térmitas anónimas? Porque nos parece o seu valor mais autêntico e mais difícil do que o dos insectos? Qual é a diferença entre um e outro caso?
Muito simplesmente, a diferença assenta no facto de as térmitas-soldado lutarem e morrerem porque tem que o fazer, sem que possam evitá-lo (como a aranha come a mosca). Heitor, pelo seu lado, sai para enfrentar Aquiles porque quer. As térmitas- soldado não podem desertar, nem revoltar-se, nem fazer cera para que outras vão em seu lugar: estão programadas necessariamente pela Natureza para cumprirem a sua heróica missão. O caso de Heitor é distinto. Poderia dizer que está doente ou que não tem vontade de se bater com alguém mais forte do que ele. Talvez os seus concidadãos lhe chamassem cobarde e o considerassem insensível ou talvez lhe perguntassem que outro plano via ele para deter Aquiles, mas é indubitável que Heitor tem a possibilidade de se recusar a ser herói. Por muita pressão que os restantes exercessem sobre ele, ele teria sempre maneira de escapar daquilo que se supõe que deve fazer: não está programado para ser herói, nem o está seja que homem for. Daí que o seu gesto tenha mérito e que Homero nos conte a sua história com uma emoção épica. Ao contrário das térmitas, dizemos que Heitor é livre e por isso admiramos a sua coragem.

SAVATER, Fernando (1993). Ética Para Um Jovem. Lisboa: Editorial Presença. pp. 21-22

domingo, 16 de outubro de 2011

TESTES - O que pedem certos verbos?



As que facilmente se confundem, geram maior confusão e erro são o resumir e a síntese - no doc verificam-se que são actividades distintas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

A formalização simbólica de argumentos. EXEMPLOS

Nota: por problemas de software a conjunção tem o símbolo &.

Actividade: Formalizar argumentos - associa a cada um a formalização correspondente abaixo apresentada.

Ponto de Partida: 1ª tarefa: identificar a CONCLUSÃO do argumento. Esta tarefa é a mais enganadora: pensamos ser fácil e muitas vezes não é.

a) Se souber lógica, então saberei avaliar o argumento. Sei lógica. Daí que saiba avaliar o argumento.

b) Se souber lógica, constato a validade deste argumento. Mas não constato a validade deste argumento. Logo, não sei lógica.

c) Se for à praia e tomar banho, leio um livro. Sucede que não leio um livro, portanto não vou à praia e tomo banho.


d) Está a chover, uma vez que se não chovesse as pessoas não estavam molhadas e as pessoas estão molhadas.


e) A Ana não está contente, pois quando tira positiva num teste fica contente e sempre que fica contente canta. Acontece que a Ana não canta.
((~P → ~Q) & R) → P
((P → Q) & P) → Q
((P → Q) & ~P) → ~Q
((P & Q) → R) & ~R) → ~ (P & Q)
(((P → Q) & (Q → R)) & ~R) → ~Q