segunda-feira, 7 de junho de 2010

Será que tudo pode ser vivido em público?

Rita Novo
11.º A

Em linhas gerais, pensa-se que a vida pública é a vida de cada pessoa com as que a rodeiam e a privada é a de cada indivíduo consigo mesmo. Ora, estas definições não são as mais correctas. Em ambas as formas de vida existe uma relação consigo próprio e com os outros, porque não podemos prescindir da sociedade. Não é por estarmos sozinhos dentro da nossa casa que escapamos à vida na sociedade.
Então, uma vez que não se pode distinguir estas duas formas de vida pela relação com os outros, deve-se articular a resposta a esta pergunta a vários outros níveis.
Num plano mais geral, depende do modo como se apresenta a relação com os outros.
Na vida pública o que está em causa é a pessoa enquanto membro de uma colectividade independente e soberana - o Estado. Cada membro da sociedade é cidadão e, como tal, tem também uma vida política porque intervém não só na altura das eleições mas também porque faz conhecer as suas opiniões noutras circunstâncias; mas, além disso, entre o Estado e o cidadão existe um número importante de entidades políticas que têm uma autonomia parcial, precisamente a autonomia que lhes confere o Estado: em Portugal trata-se de municípios, conselhos, distritos, entre outros.
É precisamente a este nível que se desenrola a vida pública dos cidadãos e, do mesmo modo, a organização do Estado faz com que este tenha instituído instâncias públicas como tribunais, escolas e hospitais pelas quais se responsabiliza.
Assim, a vida pública centra-se mais na qualidade de cidadão, contrariamente à privada que diz respeito à vida individual da pessoa assim como às relações sociais que ela tem com os seus próximos e com os grupos aos quais se associa. No privado, o Estado não se intromete respeitando a autonomia de cada um.
Contudo, geralmente, não se fala da vida pública mas sim daquilo que se faz em público ou em privado. Os termos de público e de privado adoptam um significado diferente conforme o contexto no qual aparecem, mas o sentido primordial provém da diferença entre a vida do ser humano enquanto cidadão membro de uma colectividade autónoma e a sua vida enquanto pessoa individual tendo relações com outras pessoas particulares.
Assim, a minha questão inicial pode ter vários sentidos porque a expressão “em público” tanto pode significar o exercício político da vida como cidadão, como significar um conjunto de actividades no meio de pessoas desconhecidas, como por exemplo, na rua. Deste modo, pode tratar-se de actividades em ambientes destinados ao exercício de uma função pública, como na praia, ou ainda em ambientes privados nos quais uma multiplicidade de pessoas convive, como no balneário de uma piscina.
Concluindo, cada actividade tem um lugar próprio para se realizar; isto é, tem não só um contexto espacial e temporal específico mas também um enquadramento social particular que pode ser público ou privado.

Como potenciar a participação dos cidadãos na vida pública


Sara Judite Ferreira Felizardo

11ºB - 21

Que princípios devem orientar a organização da sociedade de forma a potenciar a participação dos cidadãos na vida pública, ou seja, a pratica do exercício da cidadania?
Ao longo da História e da evolução da humanidade confirma-se que os homens procuram um ideal, tal como na busca pelo ideal de beleza feminino, também desejamos ter uma sociedade definida por cidadãos activos, responsáveis e com capacidade argumentativa capazes de assumir uma posição e assim, dar existência a um espaço público ideal. E, como hoje nada é garantido, temos de fazer sempre algo para estimular o exercício da cidadania para atingirmos um regime político equilibrado que é a democracia.
As realidades do passado, como a ditadura vivida em Portugal em que maior parte das pessoas são chamadas de súbditos não havendo eleições democráticas, nem mais de um partido político, nem a liberdade de expressão produziram hoje possibilidades aos cidadãos de se manifestarem e questionarem o espaço de decisão com debates de matérias de interesse público com instrução e princípios éticos como: a solidariedade, verdade e tolerância.
Perante isto, a cidadania destina-se a um ideal normativo (a que as sociedades devem obedecer) de pertencer e participar numa comunidade política e ser cidadão será ser reconhecido como um membro igual da sociedade e claramente com o direito de participar no processo político, o que corrobora de um ideal distintamente democrático. Estas noções instauradas no séc.XIX surgem após a valorização do espaço público. Eu, por exemplo ainda não sou designada por tal nome, pois não tenho direito de participar no processo político como o direito de votar. Será que todos nós poderemos abordar todos os temas que possam ser argumentáveis? Será que os que pertencem às minorias étnicas, religiosas e culturais serão ouvidos com a devida atenção?
“Sendo seres dotados de razão, somos capazes de pensar por nós próprios e elaborar ideias que podem ser dialogadas no seio da nossa sociedade.”
De acordo com a questão proposta, a construção ou reconstrução da cidadania e, consequentemente da solidez dos regimes democráticos depende fortemente das atitudes e qualidades dos seus cidadãos: a sua forma de encarar potencias rivais de identidades, o desejo de participar no processo político com vista a promover o bem público e mostrar autodomínio e pessoalmente responsáveis economicamente; e como virtude entende-se como boa qualidade de carácter que determina como as pessoas agem e tornam a vida em sociedade melhor como virtudes gerais, sociais, económicas e políticas que são necessárias em qualquer regime político mas na democracia exige-se aos seus cidadãos a capacidade de avaliar a actuação dos seus governantes que implica questionar a sua autoridade e não aceitar as suas decisões passivamente e a boa vontade para se entregar à discussão pública que inclui que num debate ganhem as ideias e propostas mais razoáveis como um ponto de partida para uma política de persuasão racional senão, em contrapartida os governantes manipulam facilmente os cidadãos e as decisões serão tomadas por quem tem mais poder.
“É graças à liberdade de expressão que existem ideias diferentes que geram debates acesos, cuja única arma possível de ser utilizada é a argumentação.” (…)”E são essas ideias que são necessárias para a construção de uma sociedade melhor, já que quando pensamos numa esfera pública pensamos (em princípio), no que é melhor para todos.”
Na minha opinião, a cidadania é mais do que indispensável da democracia, são logicamente necessárias e por isso, devemos potenciar da melhor maneira a participação dos cidadãos. É como se a cidadania tivesse uma solução para a relação entre Estado e cidadão e o que defende um regime político democrático, se nos encontrássemos num domínio científico diria que a cidadania é o paradigma da democracia que contém o seu poder no povo, nos cidadãos que podem assumir de forma activa a prática desta que passa pelas convicções ou valores que cede à democracia, pela liberdade de opinião e no respeito pela dignidade das pessoas referente à tolerância e ao dialogo e a igualdade de direito de discutir as decisões que favorecem a participação e argumentação de todos nas deliberações e na posterior escolha determinada pelo homem que têm de ser necessariamente tomadas. Não apenas na esfera estritamente política, o direito e o dever de votar!
“Já que somos animais políticos não seríamos indivíduos realizados sem o espaço público.”
A época da Pós-Modernidade, a existência de várias culturas e, por sua vez, múltiplas verdades chegando a cada pessoa possuir uma verdade em que tudo é argumentável poderá ter desagregado os homens enquanto sociedade e comunidade política havendo hoje pontos de ligação, ou seja, relações entre culturas evidenciado maioritariamente pelo desporto.
Porém, ainda teremos que responder ao problema da questão inicial e finalmente, vou apresentar algumas teorias com perspectivas muito diferentes.
Teoria do Republicanismo Aristotélico – Teoria em que é defendida que o cidadão deve participar na vida pública, pois acredita que só aí se sentirá realizado enquanto ser humano. Estas ideias inspiradas na cidadania por Aristóteles, também chamada de “humanismo cívico” em que o exercício da cidadania é a condição de possibilidade da sua própria realização total, segundo as quais a vida pública tinha valor intrínseco (valor por si: algo que é bom em si), ao contrário da vida privada que era totalmente destituída de valor. A principal crítica é que esta teoria se encontra desajustada face à actualidade, esta mudança história inclui a ascensão do amor romântico, da maior prosperidade, do trabalho e “uma antipatia cada vez maior à guerra (que os gregos admiravam)”, e hoje em dia a vida pública tem um valor meramente instrumental (é um meio adequado para algo que tem valor em si), porque é necessário promover outros valores como a solidez da democracia. Uma outra crítica será que não conhecemos nada sobre a vida das pessoas comuns da antiga Grécia e pode acontecer que os filósofos não se dedicavam tanto pela vida privada como a sua vida à filosofia e exigiam das pessoas comuns a valorização da vida pública que eles partilhavam o que poderia ser inaceitável para maior parte das pessoas como hoje em que a teoria parece-me ser inaplicável.
Teoria dos direitos – Esta teoria é baseada em ‘oferecer’ direitos aos cidadãos e, segundo esta bastar dar aos cidadãos toda esta gama de direitos que será a melhor maneira de estimular os cidadãos a participarem activamente na vida política da sua sociedade, em particular direitos sociais como a educação, cuidados médicos, reforma e fundo de desemprego com o fim de dar a todos os cidadãos uma vida condigna, independentemente do poder económico. Mas em consequência de tudo isto, as pessoas tem hoje conforto, tempo e o dinheiro e dão cada vez mais importância à sua vida privada e desprezam a vida pública o que constitui uma cidadania passiva a que a gama de direitos deu lugar. E como lhes são concedidos direitos sem exigir nada em troca, ou seja, o cidadão não se sente no dever de praticar a cidadania que respondam aos direitos que lhe foram concedidos deixa isso entregue aos governantes.
Teoria conservadora – Por sua vez, os conservadores exigem deveres sociais básicos que correspondam aos seus direitos como nesta caso, a sua independência económica, a capacidade autónoma e responsável para ganhar a vida e não depender do fundo de desemprego. Assim, o cidadão tem de compreender como funcionam os mercados e saber orientar-se por si o que implica a sua participação sobre a vida pública. Esta teoria defende que são os mercados, com as suas regras que estimulam o exercício da cidadania.
Contudo, uma coisa não implica a outra, a autonomia económica não implica a cidadania, tal como a palavra autonomia diz, o cidadão tende a preocupar-se exclusivamente do seu bem-estar económico, mais uma vez da vida privada. Mas uma crítica que oferecerá mais ‘resistência’ será o facto de se dar extrema importância à vida económica que promove comportamentos no seres humanos incompatíveis com as virtudes cívicas atendendo unicamente aos seus próprios interesses económicos e quando há conflitos de interesses quem terá mais poder acabará por obter melhores resultados ao contrário do que seria racionalmente justo e melhor para a sociedade. Por fim, este tipo de comportamentos só lesam a sociedade, não ajudam na prática da virtude da imparcialidade e da argumentação honesta mas sim o aproveitamento de vantagens para seu próprio benefício.
Teoria da sociedade civil – Esta teoria defende como meio para estimular a cidadania as organizações voluntárias da sociedade civil, como as igrejas, as associações étnicas, os grupos ecologistas, as organizações de caridade, etc.
Cada associação civil corresponde a um modelo da sociedade em que os cidadãos aprendem a cultivar as virtudes fundamentais e necessárias ao exercício da cidadania: teremos de saber trabalhar em conjunto com outros, discutir ideias, determinar cursos de acção e fazer escolhas alternativas sendo por isso chamada de «escola cívica». Porém, por vezes as diferentes associações cultivam diferentes atitudes que nem sempre são compatíveis com as virtudes necessárias à cidadania como por exemplo o princípio NIMBY que consiste numa expressão inglesa ‘not in my back yard’: «No meu quintal não.», em que determinada estrutura tem de ser construída para bem da comunidade como por exemplo uma prisão e o tipo de atitude das associações será unicamente de recusa e impossibilitar uma discussão que inclui a capacidade para avaliar uma situação com imparcialidade que é uma virtude fundamental da cidadania, pensando no bem geral e não apenas no seu próprio bem-estar. Tratando-se apenas de não as querer perto da ‘nossa casa’ e não de argumentar que não será necessária mas será evidente quem têm de ficar perto da ‘casa’ de alguém.
Teoria da virtude liberal – Esta última teoria defende que a escola é o lugar para cultivar as virtudes fundamentais da cidadania, nomeadamente a atitude crítica perante as autoridades/ governantes e a imparcialidade racional que permitem as discussões racionais de ideias.
No entanto, o sistema de ensino nem sempre promove a atitude crítica perante as autoridades, neste caso, o professor e o manual que não são colocados em causa e os estudantes habituam-se unicamente a compreender ou a decorar o que lhes é ensinado. Por isso, acho que a disciplina de filosofia é tão importante visto que, desenvolve a nossa capacidade crítica e adquirimos instrução. Todavia, este sentido crítico poderá por em causa o respeito absoluto das tradições religiosas, sociais e culturais. Como por exemplo, se um estudante cristão entra numa escola liberal onde todas as ideias são criticadas abertamente, é muito provável que se comece a questionar (o que pessoalmente eu não acho errado, pois só assim fará a melhor opção para si) e entre em conflito com a comunidade religiosa e assim, aplicar o sentido crítico adquirido na escola a outros aspectos da sua vida. E, como nós todos temos diferentes interesses, não se segue que os estudantes tenham qualquer interesse em intervir na vida pública e assim, não aplicam à vida pública a discussão crítica cultivada na escola.
O que na minha vida e na minha forma de pensar não faz nenhum sentido pois, se estou a cultivar a minha atitude crítica aprendendo a discutir ideias e novas perspectivas e a aprender a importância da imparcialidade, faz todo o sentido aplicar à minha futura vida pública. Na minha perspectiva, é como desperdiçar água potável enquanto em outros locais do mundo à falta dela.
Perante todas estas teorias verificamos que é mais fácil criticar do que construir uma sociedade com determinados princípios que potenciem o exercício da cidadania mas, por outro lado será assim que nos vamos aproximar da verdade e da construção de um regime democrático sólido. Nenhuma destas teorias apresenta condições necessárias e suficientes para a prática do exercício da cidadania à excepção da teoria da virtude liberal que para além de estimular os cidadãos à prática da cidadania, cultiva as virtudes fundamentais desta que permite discussões racionais apesar de serem rejeitadas por muitas comunidades. Embora sejam apresentadas críticas à Teoria da sociedade civil como os cidadãos não serem auto-suficientes (têm de ser membros de algo para adquirem competência política), eu considero que seja a mais plausível e nos últimos tempos tem vindo a ganhar força e abrange grupos em harmonia ou em conflito e pressiona em direcção a determinadas opções políticas produzindo estruturas como as organizações que favorecem a cidadania em que cidadãos previamente passivos como se transfiguram em cidadãos activos e interventivos. “Para um governo democrático, é muito perigoso que um estado ocupe todo o espaço disponível e não haja associações alternativas, espaço social protegido no qual as pessoas possam encontrar alívio da política, sarar feridas, confortar-se e ganhar forças para novos embates.”
O que seria de nós sem uma Sociedade Civil forte ‘que incluem também uma imensa diversidade de grupos que defendem posições fortes relativamente a uma questão específica sobre o aborto, a venda de armas, a prática de preces nas escolas, a pena de morte, etc.’?
Para mim, a cidadania é a formula que ainda responde melhor ao desafio de “vivermos juntos”.

Espaço Publico e Espaço Privado: Limites e vantagens dos Media

Sara Gamelas
11.º A

O ser Humano é um ser social em que essa sociabilidade está presente desde o momento que se nasce até que morre. A sociedade que acolhe o Homem tem uma cultura própria que nos transmite um modo específico de pensar, sentir e agir. Assim como na família existem pontos de vista diferentes e regras impostas pela autoridade dos pais, também na sociedade nos deparamos com regras e normas com intuito de garantir o bem de todos. Para tal, são definidos não apenas os direitos de cada um, como também os deveres, ou seja, o que podemos receber e o que temos que dar à sociedade. Só com regras, normas e leis é que se torna possível formar uma sociedade organizada e estável que promova o bem colectivo.
O Homem integrado na sociedade é por natureza como citava Aristóteles, um “animal político”. Isto significa, a forma como devemos reflectir acerca da nossa situação social, como nos organizamos dentro de um espaço comum na qual devemos ser práticos ao longo da vida enquanto cidadãos. Ser cidadão significa aquele que habita na cidade em que usufrui de direitos civis e políticos incutidos nela. Na democracia ateniense antiga, o cidadão era considerado um homem livre com capacidade de se auto governar, de participar nas decisões públicas da sociedade com o objectivo de determinar as suas obrigações naturais ligadas á sua subsistência e á da sua família. Deste modo os filósofos identificaram a existência de duas esferas na vida do Homem, privada e pública.
Espaço público e privado são dois conceitos utilizados de forma distinta de que os antigos usavam. Enquanto ser livre e dotado de consciência moral, com a capacidade de decidir e de liberar responsavelmente a sua individualidade, isto é, espaço privado. No entanto, cada vez que o indivíduo age de forma a interferir no seio da colectividade remete-nos para o espaço público. Assim, no espaço privado o individualismo procura o melhor para si, visto este ser onde efectuamos a nossa introspecção pessoal sem o intuito de o publicitar pois somente se reflecte acerca das ideias de forma a alimentar o espaço publico, enquanto que neste o Homem procura o bem para todos pois potencia a reflexão privada publicitando-a e tornando-a comum. Neste contexto predomina a liberdade de expressão de forma a deliberar, discutir, dando-lhe sentido tornando possível o nascimento do político. Assim o espaço público sobrepõe-se ao privado pelo facto de permitir ao Homem a realização da sua natureza política.
Estes dois conceitos de espaço permitiram ao Homem reflectir no sentido ético-politico. O conceito de ética não é de todo inseparável da política visto a ética se designar pela arte de escolher o que mais convém ao Homem com o objectivo de viver o melhor possível. Por sua vez, a política organiza a convivência social de forma a que cada individuo escolha o que mais beneficie. Contudo há diferenças importantes de salientar pois a ética ocupa-se do que a própria pessoa faz com a sua liberdade e a politica tenta determinar a forma mais conveniente de pôr em prática a liberdade.
A liberdade Humana pode ser influenciada por os media. Estes caracterizam-se por toda a comunicação jornalística sendo a informação que entra diariamente em nossas casas. As suas principais virtudes são a argumentação e a persuasão pois o domínio da comunicação visa persuadir o auditório de modo a utilizar uma linguagem o mais simples possível para ser entendido por qualquer indivíduo, ou seja, permite a adequação da informação ao público mais singular. No entanto, há também limites, manipulam e seduzem de forma a convencer o auditório de que a informação transmitida é a mais correcta e a mais benéfica (Exemplo: Relógio usado por uma figura pública transmite ao auditório que este é o melhor a ser utilizado). Porém, a informação que nos é transmitida não permite qualquer tipo de reciprocidade, ou seja, é – nos difícil aceder ou confrontar os media com a veracidade da informação disponível. Devido a essa dificuldade o auditório interpreta a informação como sendo verdadeira, isto significa que o auditório vive na ilusão, pois como sabemos nem toda a informação que nos é dada é justificada.
Este facto verifica-se, por exemplo, na teoria de K. Popper, o falsificacionismo que nos transmite que a partir da análise de fenómenos lógicos do processo indutivo concluímos que por maior que seja o número de observações particulares não há justificação racional para a sua generalização a todos os casos. Deste modo o grande objectivo deste modelo é de refutar as teorias e eliminar progressivamente os erros. Consequentemente as teorias que resistirem às tentativas da falsificação são consideradas teorias corroboradas e aceites provisoriamente.
Em suma, os media são portadores de privatização, obedecem a leis de mercado de oferta, ou seja, toda a informação reverte-se para a necessidade dos indivíduos e não do espaço público, pois temos como consequência o privilégio de satisfazer os interesses particulares de cada um, ou até mesmo do próprio jornal. Isto significa que os media visam satisfazer e enriquecer o intelecto de cada um. Contudo estes interferem na reflexão pessoal e possivelmente na decisão individual.
No meu ponto de vista os media têm um papel imprescindível no espaço público no sentido da transmissão da informação que possibilita o aumento do nosso conhecimento. No entanto, a maneira que nos transmitem a informação nem sempre é o mais correcto pois preocupam-se com a linguagem utilizada simplesmente com o intuito de despertar interesse, desejo ou emoção ao leitor

domingo, 6 de junho de 2010

O PROBLEMA DA INFORMAÇÃO

Ana Filipa Moleiro
11ºA nº2

Frequentemente ouvimos dizer que vivemos na Era da informação. Vivemos num mundo globalizado onde qualquer facto que tenha acontecido chega em pouco tempo ao outro canto do mundo. Temos a possibilidade de saber em qualquer instante o que está a acontecer, o que aconteceu e até previsões do que acontecerá. No entanto, será que podemos designar por informação tudo aquilo que nos chega?
Esta globalização é, sem dúvida, uma consequência evidente da evolução e desenvolvimento exponencial dos media. Os media estão, hoje em dia, completamente inseridos no nosso quotidiano. Uma pessoa que não veja o telejornal durante uma semana nem que leia um jornal torna-se numa pessoa que parece que não vive no nosso mundo. Os media constituem o melhor sistema de informação que se possa conceber. Uma teia apertada cobre a superfície do globo, capta e transmite imediatamente os acontecimentos .
Contudo, embora os media sejam o melhor sistema de transmissão de informação, será que aquilo que transmitem é de facto informação? Para conseguirmos responder a esta questão, penso que deveríamos começar por definir o que é informação, uma vez que se tentarmos responder a um problema sem dominarmos aquilo que está em causa então a sua resolução será impossível. Desta forma, definir informação torna-se crucial para que prossigamos com uma possível resposta.
Segundo Claude Elwood Shannon, um engenheiro electricista e matemático americano que é considerado o fundador da Teoria da Informação, informação é tudo aquilo que reduz a incerteza. Desta forma, então tudo aquilo que nos é fornecido através dos media será informação se conseguir reduzir as incertezas. Como nos apercebemos facilmente, estamos então rodeados de quantidades absurdas de artigos que nos são tantas vezes apresentados como informação, mas que, na verdade, não o são.
A designação de Era da Informação está assim errada, uma vez que o que temos não é informação e sim uma explosão de dados e factos que, isoladamente, não têm significado e não produzem compreensão.
Esta falsa informação que nos é revelada é facilmente explicada pela necessidade de vender. Como é evidente, um jornal não tem futuro se não conseguir lucrar, e, para isso, é necessário vender jornais. Ora, para que tal aconteça, é necessário que aquilo que é publicado seja do interesse da população.
Torna-se assim imperativo colocar a seguinte questão: Se os jornais nos bombardeiam de artigos que não são informação e mesmo assim os compramos ou se os jornais com menos informação são os mais vendidos, então o que está mal?
Podemos imediatamente inferir que aquilo que está mal é a sociedade. O que condiciona e conduz a esta falta de verdadeira informação é o facto de a própria sociedade a apreciar e a desejar. Todos criticam as revistas cor-de-rosa, mas a verdade é que cada vez existem mais. Todos criticam certos canais de televisão pelos seus deploráveis telejornais ou outros programas, mas a verdade é que as audiências não param de subir. Coloca-se assim um problema que não apresenta um fim. Como é que se há-de resolver o problema da falta de verdadeira informação se grande parte da sociedade gosta dessa não-informação e nem sequer procura a verdadeira? Entramos assim numa questão que apenas se torna resolúvel se se reeducar a sociedade, se se criar na sociedade novamente o interesse pelo verdadeiro conhecimento.
Porém, terei eu, enquanto indivíduo e, nós, considerando as pessoas que partilham a mesma opinião que eu, o direito de criticar e julgar essas pessoas? Embora essa não-informação não leve a uma redução das incertezas, que direito tenho eu de dizer que é pior do que aquilo que eu considero informação? Cada pessoa possui critérios valorativos diferentes, dá importância a coisas diferentes. Se, vivendo numa democracia e considerando que todas as pessoas são livres e iguais em dignidade e em direitos, Dotados de razão e de consciência , como posso eu dizer que aquilo que valoram é menos importante?
Aparentemente, teria que ir contra a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Contudo, talvez não seja necessário fazê-lo e talvez até a própria declaração nos ajude a resolver a questão.
É evidente que não podemos criticar as pessoas por gostarem de saber isto ou aquilo que não é realmente informação. No fundo, todos nós gostamos de nos divertir, de relaxar e esquecer o trabalho e, de facto, muita da suposta informação que passa tem um certo carácter lúdico. Contudo, temos que ter consciência de que isso não é verdadeira informação e perceber que para além do mero entretenimento temos que conhecer o que realmente informa. Assim como está escrito nos Direitos Humanos que todos os homens são livres, também está escrito que todos os homens são dotados de razão e consciência, mas, para isso, é necessário que de facto percebam que necessitam de verdadeira informação e não meros factos que os distraiam. O culto da mera diversão, da despreocupação com o importante, intimamente ligado à ausência de inquietações culturais verdadeiras, provoca a perda do centro de gravidade das hierarquizações humanas .
O homem que não se questiona, que não procura saber, é um ser alienado, despossuído de cultura, que se guia pela coordenada da indiferença produzida pela saturação de antagonismos3. Ora, a humanidade tem sofrido um desenvolvimento fantástico, será que queremos, nós, século XXI, parar esta sinergia?