quinta-feira, 25 de março de 2010

O que é o Senso Comum? - 1

«O senso comum, diferentemente das ciências, é uma especialização da inteligência no particular e no concreto. É comum sem ser geral, porque consiste num conjunto de conhecimentos que permanece incompleto, até que se acrescente pelo menos outro conhecimento sobre a situação em causa; e, uma vez passada a situação, o conhecimento adicional deixa de ser relevante, de modo que o senso comum volta imediatamente ao seu estado normal de imperfeição. Assim, o senso comum parece argumentar a partir da analogia, mas as suas analogias desafiam a formulação lógica. (...) Depois, o senso comum talvez pareça generalização; mas uma generalização proposta pelo senso comum não tem o significado de uma generalização proposta pela ciência. A generalização científica visa oferecer uma premissa a partir da qual se podem tirar deduções correctas. Mas, as generalizações produzidas pelo senso comum não tencionam ser premissas para deduções. Comunicam antes indicadores que ordinariamente convém ter presentes ao espírito. Os provérbios estão muito longe de ser princípios e, como as regras da gramática, não perdem a sua validade por causa das suas numerosas excepções. Visam expressar, não o conjunto impecável de conhe¬cimentos que o cientista mantém em todas as instâncias ou em nenhuma, mas o conjunto incompleto de actos de conhecimentos que se requer em cada instância concreta, mas que se toma relevante só após um olhar à volta conseguir os actos de conhecimentos adicionais de que se precisa. Veja bem antes de saltar!

Bernard Lonergan, Insight, A study of human understanding, NY, philosophical Livrary, 1970 (rep.), pp. 175

Desafio para o 11.º Ano

As árvores estão a florir

Esta proposição é contingente e sem validade universal. Porquê?

terça-feira, 23 de março de 2010

Ética e acção humana

Desafio para o 10.º ano:

Pode um Gato desenvolver uma acção moralmente boa?
Porquê?

Norma moral e Ética

O primeiro aspecto que devemos deixar claro é que a ética de um homem livre nada tem a ver com os castigos ou os prémios distribuídos por qualquer autoridade que seja – autoridade humana ou divina, para o caso tanto faz. Aquele que se limita a fugir ao castigo e a procurar a recompensa que outros dispensam, segundo normas por eles estabelecidas, não goza de condição melhor do que a de um pobre escravo. Talvez a uma criança pequena bastem o pau e a cenoura como guias de conduta, mas para alguém já mais crescidote torna-se muito triste continuar com essa mentalidade.
(...)
“Moral” é conjunto de condutas e normas que tu, eu e alguns dos que nos rodeiam costumamos aceitar como válidas; “Ética” é a reflexão sobre o porquê de as considerarmos válidas, bem como a sua comparação com as outras “morais”, assumidas por pessoas diferentes.”

Fernando Savater, Ética para um Jovem, Editorial Presença, Lisboa, 1994, pp. 41-42

Instituições e a acção

domingo, 21 de março de 2010

Van Gogh na P2

Excertos de uma reportagem excelente
de Alexandra Lucas Coelho


Hoje visto como o fundador da arte moderna, Vincent Van Gogh morreu a achar que era um fracasso.

Durante 15 anos, peritos (um trio do Museu Van Gogh de Amesterdão, Leo Jansen, Hans Luijten e Nienke Bakker)prepararam uma monumental edição anotada, incluindo reproduções das cartas originais, muitas delas com desenhos.

Tudo isto foi recentemente publicado em seis volumes (com 4300 ilustrações, novas transcrições, novas traduções e cartas até agora desconhecidas), e há uma minuciosa extensão on-line: em www.vangoghletters.org estão disponíveis gratuitamente as 902 cartas da correspondência sobrevivente, nas línguas em que foram escritas (sobretudo holandês e francês) e em tradução para inglês.

"Nenhum outro artista escreveu tão extensamente e em detalhe sobre a sua arte", diz no catálogo Nicholas Grimshaw, director da Royal Academy. "O Van Gogh que emerge daqui é muito diferente do génio louco do mito popular. Ao contrário, descobrimos um homem reflexivo, altamente cultivado, com métodos de trabalho sistemáticos e estratégias artísticas cuidadosamente planeadas."

Sendo ao mesmo tempo papel de desenho, meio de focar ideias e monólogo interior, a correspondência é a "ponte entre o homem e a sua arte", dizem os três holandeses. Revela uma personalidade com grande coesão, "enérgica e activa, de convicções fortes, cuja vida era dominada pelo crescimento pessoal e a necessidade de tornar o seu talento útil, o que o levou a exigir o máximo de si próprio", com entusiasmo e devoção obsessiva.

Para perceber a dimensão deste esforço, vale a pena recordar que Vincent Van Gogh é um autodidacta.

Nascido em 1853, filho de um pastor protestante e sobrinho de um negociante de arte, foi encaminhado aos 16 anos como aprendiz para a firma de arte Goupil & Cie, em Haia, na Holanda (tal como aconteceria depois com o seu irmão Theo, quatro anos mais novo). Já falava inglês e francês, além de holandês, e as estadias em Londres e Paris, onde a Goupil tinha escritórios, ajudaram a torná-lo fluente. Ao convívio constante com originais e reproduções juntaram-se visitas aos museus franceses, ingleses e holandeses, o que originou nele todo um arquivo mental de imagens. Vincent estava assim pronto para comprar e vender arte, a vida confortável que os pais lhe tinham preparado.

Mas a inquietação transbordou cedo. Queria chegar aos pobres, aos operários, aos lavradores, aos mineiros. Educado na Bíblia, pensou primeiro tornar-se evangelista. Depois cortou com a igreja e com a "cultura burguesa e clerical, que achava "jesuítica" e hipócrita". E aos 27 anos, decidiu tornar-se artista, com a ambição última de "confortar as pessoas". A sua arte seria uma "arte para o povo", aquela que as pessoas mais simples pendurariam na parede de sua casa.
Van Gogh acreditava que os homens estão destinados a grandes coisas, e viveu para cumprir isso. A sua ambição era retratar a realidade, não na aparência exterior, mas fazendo vir ao de cima a sua essência, tal como ele a captava.

"Nas figuras humanas como nas paisagens, gostava de expressar não algo sentimentalmente melancólico mas profunda dor", escreveu numa das cartas. "Quero chegar ao ponto em que as pessoas digam do meu trabalho que aquele homem sente profundamente, e sente subtilmente."



Pintar seria assim um meio de expressão pessoal, mas além das emoções pessoais, como se o artista escavasse em si as mais profundas vibrações dos homens e da natureza. Não as coisas como elas são, mas as coisas como o artista as sente.

"Van Gogh, que entusiasticamente subscrevia a ideia por trás da questão retórica de Courbet "Quem já viu anjos!", era essencialmente um inveterado realista", escrevem no catálogo os três peritos holandeses. "A arte não precisava de ser uma repetição fotográfica da realidade, mas a verdade e a autenticidade eram os seus ingredientes essenciais."

No extremo, era o artista que dava verdade à realidade - "focar atenção numa árvore e não descansar até haver alguma vida nela", escreveu Van Gogh numa carta.

E uma arte duradoura pedia artistas maiores que a vida.

O pintor do futuro, acreditava ele, seria um colorista, dando através da cor cada emoção. A função da cor seria essa, e não ser fotograficamente realista. Tal como a pintura do futuro seria o retrato, a que a cor daria intemporalidade e universalidade.

A fotografia não lhe interessava. Fala dela nas cartas como um retrato unidimensional da aparência.
Em contrapartida, a realidade era infinita. De nada valeram os incentivos de Gauguin para que trabalhasse a imaginação, a memória, a fantasia.
Van Gogh não precisou disso.

http://jornal.publico.pt/pages/section.aspx?id=63900&d=20-03-2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Corot-9b

O problema da causalidade

O PROBLEMA DO FUNDAMENTO EPISTEMOLÓGICO DA CIÊNCIA É CENTRAL NA CULTURA CIENTÍFICA

O problema da CAUSALIDADE assume especial relevo pelo facto de deixar o conhecimento Científico - expressão do que podemos conhecer do mundo racionalmenmte - sem um fundamento RACIONAL. Sem um fundamento LÓGICO. A sua base tem pés de barro. O seu fundamento, o seu principio, é só PSICOLÒGICO: o HÁBITO.

Não encontrando FUNDAMENTO QUE IMPONHA aos acontecimentos CONEXÃO NECESSÁRIA temos na SUCESSÃO CONSTANTE o fundamento EPISTEMOLÓGICO da ciência.

Isto não deixa a ciência distinguir-se do conhecimento do homem do dia-a-dia - Senso Comum.

terça-feira, 16 de março de 2010

Indução e conhecimento: o problema epistemológico da indução - 3

Isaque Tomé

Se todas as ideias derivam de impressões qual a impressão originária da ideia de causa?

Esta questão assume importância por duas razões:
1) a causalidade é um dos 3 modos de articular ideias;
2) a causalidade compreende a conexão necessária entre fenómenos e que supostamente está presente na natureza e no conhecimento que o homem pode ter desta.


Posto isto, vamos ao pensamento de Hume.
Hume vai submeter o princípio da causalidade a uma análise crítica rigorosa, baseando-se na teoria do conhecimento já nossa conhecida.

O princípio de causalidade defende uma conexão necessária entre dois fenómenos ou acontecimentos.
Afirmar que A é a causa de B significa que verificando A podemos prever B.Isto permite-nos antecipar com toda a garantia lógica: acontecendo A o fenómeno B não pode deixar de acontecer. Mas, assim estamos a falar de um facto futuro que ainda não aconteceu. É aqui que Hume diz que ultrapassamos o que a experiência nos permite conhecer.


A constatação que Hume nos apresenta é a de que aquilo que afirmamos ser causa e ser efeito são dois factos inteiramente distintos. Não existe um impressão correspondente e originária da ideia de causalidade. O que temos são impressões. Uma impressão do fenómeno A, uma impressão do fenómeno B e uma impressão da sucessão temporal de B face a A. Mas nada disto é a impressão de causalidade. Aliás no post anterior é patente que o quem não tem experiência da associação entre fenómenos não consegue prever esse mesmo fenómeno

O conhecimento de A não exige o conhecimento de B, a não ser que no passado o tivessemos constatado.
Ou seja, cada um deles nada tem de si que exija necessariamente o outro.
Nós apenas conhecemos o que percepcionamos no momento e o que percepcionámos no passado, não podemos ter conhecimento de factos futuros, porque não podemos ter qualquer impressão sensível do que ainda não aconteceu.

☼ A ideia de relação causal, de uma conexão necessária entre dois fenómenos é uma ideia da qual não temos qualquer impressão sensível. Como o critério de verdade de um conhecimento factual é que a uma ideia corresponda uma impressão sensível não temos legitimidade para falar de uma relação causal entre os dados da nossa experiência. Logo, a ideia de causalidade é uma mera associação de ideias, aquilo que nós percepcionamos é uma sucessão de acontecimentos.

☼ Segundo Hume, a previsão surge de dois fenómenos psíquicos:
a) a partir do costume e do hábito de ver os fenómenos associados repetidamente no passado e
b) pela crença na regularidade da natureza, que permite crer que o futuro ocorra tal como o passado.
☼ O princípio da causalidade considerado um princípio racional e objectivo nada mais é do que uma crença subjectiva, o produto de um hábito, o desejo de transformação de uma expectativa em realidade. Assim, não há garantia de que se possa fazer ciência, não há conhecimento verdadeiro, objectivo mas, meramente circunstancial, relativo.
Assim, podemos concluir o seguinte: a ciência não tem um suporte lógico (necessidade lógica dos fenómenos) mas um suporte psicológico (hábito), pelo que a ciência não produz conhecimento seguro.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Indução e conhecimento: o problema epistemológico da indução - 2

Resposta - continuação - ao post anterior


Esse princípio é o costume, o hábito. Porque, todas as vezes que a repetição de uma operação ou de um acto par¬ticular produz uma tendência para renovar o mesmo acto ou a mesma operação sem o estímulo de qualquer raciocínio ou exercício da razão, dizemos sempre que essa tendência é resultante do costume. Ao usarmos este termo, não estamos a afirmar que apresentámos a causa última de uma tal tendência. Limitamo-nos a apontar um princípio da natureza humana, universalmente reconhecido e bem conhecido pelos seus efei¬tos.
(...)
Seguramente, temos pelo menos aqui uma afirmação bastante inteligível, senão uma verdade, quando sustentamos que, após a ligação constante entre dois objectos - calor e chama, por exemplo, ou peso e solidez - somos levados, unicamente pelo costume, a esperar por um quando surge o outro. Parece que esta hipótese é a única que explica a dificuldade; porque tiramos a partir de mil casos uma conclusão que seríamos incapazes de tirar a partir de um único caso, o qual não difere em nenhum aspecto dos precedentes? A razão é incapaz de se dispersar de semelhante forma. As conclusões que tira ao considerar uma circunferência são as mesmas que tiraria ao examinar todas as circunferências do universo.
Mas, se se viu um só corpo mover-se sob impulso de um outro, ninguém inferirá que um outro corpo se movimentará sob um impulso análogo. Todas as conclusões tiradas da experiência são, pois, efeitos do costume e não efeitos do raciocínio.
Então, o costume é o grande guia da vida humana. É esse o único princípio que faz com que a nossa experiência nos sirva, é apenas ele que nos faz esperar, para o futuro, uma sucessão de acontecimentos semelhantes aos que tiveram lugar no passado. Sem a acção do costume, ignoraríamos completamente qualquer questão de facto fora do que está imediatamente presente à memória e aos sentidos. Nunca sabe¬ríamos como ajustar os meios face aos fins, nem como utilizar os nossos poderes naturais para produzir um efeito. Isso seria, simultaneamente, o fim de qualquer acção, bem como prati¬camente de toda a especulação.»
David Hume, Investigações sobre o entendimento humano, secção V

domingo, 14 de março de 2010

Indução e conhecimento: o problema epistemológico da indução

Qual será o princípio que nos permite INDUZIR, segundo Hume?

«Suponham que um homem, não obstante dotado das mais poderosas faculdades da razão e da reflexão, é subita¬mente transportado para este mundo; certamente, notaria de imediato uma contínua sucessão de objectos, um aconteci¬mento seguindo-se a outro; mas, seria incapaz de se aperceber de algo diferente. Em primeiro lugar, seria incapaz de chegar à ideia de causa e de efeito através de qualquer raciocínio, porque as capacidades específicas que realizam todas as ope¬rações naturais nunca são evidentes para os sentidos; e não é legítimo concluir, somente porque um acontecimento pre¬cede um outro numa única ocasião, que é causa e o outro, efeito. A sua ligação pode ser arbitrária e acidental. Não há razão para inferir a existência de um a partir do aparecimento do outro. Em resumo: um homem como esse, sem outra experiência, nunca faria conjecturas ou raciocínios acerca de qualquer questão de facto; não estaria seguro de nada excepto do que está imediatamente presente à sua memória e aos seus sentidos.
Suponham ainda que este homem adquiriu mais expe¬riência e viveu tempo suficiente no mundo para ter obser¬vado a ligação constante entre objectos ou acontecimentos habituais; que resulta desta experiência? Ele infere imediata¬mente a existência de um dos objectos e o aparecimento do outro. Todavia, não adquiriu, através de toda a sua experiên¬cia, qualquer ideia, qualquer conhecimento do poder secreto pelo qual um dos objectos produz o outro; e não é através de qualquer exercício da razão que ele é levado a tirar esta conclusão. Mas é sempre levado a tirá-la; e, mesmo se se convencesse de que o seu entendimento não tem qualquer papel na operação, prosseguiria, no entanto, no mesmo fluxo de pensamento. Há um outro princípio que o leva a extrair uma tal conclusão.
David Hume, Investigações sobre o entendimento humano, secção V

quinta-feira, 11 de março de 2010

Entrevista a Magueiro: Física, Relatividade e Biografia


O enigma Majorana por Magueijo
11.03.2010 - 19:14 Por Teresa Firmino
Numa noite de Março de 1938, o físico italiano Ettore Majorana apanhou um navio de Nápoles, onde trabalhava há pouco tempo, para Palermo e desapareceu para sempre. Levava o passaporte e o equivalente a 50 mil euros. Tinha 31 anos. Ninguém sabe o que aconteceu, o corpo nunca foi encontrado. Suicidou-se, pois afinal estava deprimido há cinco anos? Ou quis isolar-se de todos, incluindo de uma mãe dominadora, refugiando-se num mosteiro?
(...)
João Magueijo não resistiu ao fascínio que Majorana lhe desperta há quase duas décadas. "Tem-me acompanhado durante toda a minha carreira científica como uma sombra que não consigo afastar, lembrando-me sempre da sua história", conta o físico português, 42 anos, a trabalhar no Imperial College, em Londres
(...)
O físico português estreou-se na divulgação científica em 2003, com Mais Rápido do Que a Luz - A Biografia de Uma Especulação Científica, publicado em 13 línguas (em Portugal pela Gradiva). Aí explica a sua teoria que põe em causa Einstein, ao afirmar que a velocidade da luz não é uma constante da natureza. No início do Universo, defende Magueijo, a luz pode ter viajado mais depressa do que hoje e Einstein pode ter-se enganado quando, em 1905, assentou a teoria da relatividade na constância da velocidade da luz.
Com isto, chocou a comunidade científica. Pior, criticou de forma crua como funciona essa comunidade científica e o mundo académico, ao expor a saga até conseguir publicar o primeiro artigo científico sobre o assunto em 1999, na revista Physical Review D. A guerra tinha começado dois anos antes, com a Nature, e Magueijo dedicou alguns dos comentários mais mordazes ao editor de ciências físicas desta revista ("empregaram um idiota de primeira classe como editor"). "A Nature há-de odiar-me para toda a eternidade. É um desgosto para mim", ironiza ao P2.
http://www.publico.pt/Ci%C3%AAncias/o-enigma-majorana-por-magueijo_1426666

Entrevista a José Gil - o Valor da arte


"Há uma inteligência que só a arte nos dá e que é fundamental"
Em 2004 tornou-se num inesperado best-seller com Portugal Hoje - O Medo de Existir. Aos 71 anos, o filósofo e ensaísta José Gil aposenta-se como professor da Universidade Nova de Lisboa. Dá a sua última aula hoje, às 16h, aberta a todos. O tema: "Coisas que interessam ou deveriam interessar a comunidade artística e os que se interessam por arte."

Por Vanessa Rato


http://jornal.publico.clix.pt/noticia/10-03-2010/ha-uma-inteligencia--que-so-a-arte-nos-da-e--que-e-fundamental-18959328.htm

domingo, 7 de março de 2010

As palavras

As palavras. São as palavras...
As palavras são decisivas. Para conhecer, analisar, compreender, socializar, descrever, sonhar, saborear o peixe, degustar o vinho, apreciar uma fotografia, fruir uma obra de arte.
Sem elas as impressões não ganham lugar no nosso espírito, e os textos e demais realidades não encontram a verdade.


em Filosofia palavras são os elementos dos termos - estes são a expressão verbal dos conceitos.

A natureza indeterminada do homem - 2

No supermercado da vida quase todos os animais parecem ser tecnologia de ponta, ferramentas finissimamente calibradas com o fim de cumprirem esta ou aquela tarefa num determinado nicho ecológico. Como acontece com outros instrumentos semelhantes, servem muito bem para o que servem mas não servem para nada mais. Quando as circunstâncias ou a paisagem mudam, perdem o vigor e extinguem-se irremediavelmente. Pelo contrário, os seres humanos são anatomicamente indigentes, têm um desenho grosseiro e carente de adequação precisa, mas suportam as mudanças e compensam com a sua actividade inventiva as limitações a que estão sujeitos. (…)

Fernando Savater, A coragem de escolher. Pub. Dom Quixote

A natureza indeterminada do homem

"É uma ideia assente (...) que o homem não tem natureza, mas que tem - ou antes, que ele é - uma história. (...)
Na criança todo o isolamento extremo revela a ausência nela destes sólidos a priori, destes esquemas adaptativos específicos. As crianças privadas demasiadamente cedo de todo o contacto social – as crianças que se chamam “selvagens” - ficam desprovidas, a ponto de aparecerem como animais estranhos. (...) A verdade é que o comportamento, no homem, não deve à hereditariedade específica o mesmo que o comportamento animal deve. A vida, fechada, dominada e regulada por uma “natureza dada”' é substituída aqui pela existência aberta, criadora e ordenadora de uma "natureza adquirida". O que a análise, (...), retém de comum dos homens é uma estrutura de possibilidades, na verdade, de probabilidades que não pode passar ao ser em contexto social, qualquer que ele seja. Antes do encontro de outrem e do grupo o homem não é senão virtualidades.”

L. Malson, As crianças selvagens, Porto Civilização, pp. 5-7

sexta-feira, 5 de março de 2010

O Pensamento cartesiano - desafio 2

Descartes apresenta uma prova da existência de Deus que resulta da análise do conceito ser perfeito.
Essa prova é chamada prova ontológica e consiste no seguinte: tal como é necessário um triângulo para o ser ter na sua essência que os seus ângulos somam dois ângulos rectos, também o conceito de ser perfeito tem na sua essência - entre outras características - a sua existência. Logo, o ser perfeito não pode deixar de existir sob pena de deixar de ser perfeito. Esta possibilidade não pode ocorrer do p.v. lógico: assim, um ser perfeito existe.

Os desafios que aqui fica são os seguintes:
1.desenvolver este argumento de forma mais clara que a apresentada acima
2.parafrasear o argumento da causalidade.
3.mostrar que entre a dúvida inicial e a res divina todo o processo é dedutivo.


podes usar a caixa de comentários

O Pensamento cartesiano - desafio 1

Descartes considerou haver duas operações do espírito: a Indução racional e a Dedução.

Porque não contemplou Descartes os processos indutivos?

quinta-feira, 4 de março de 2010

E se fôssemos imortais?

CORPO HUMANO E DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E TÉCNICO

Ana Carolina Trabulo
Ana Filipa Moleiro
Joana Leonor Moura

11ºA

Introdução

O sonho da vida eterna é tão antigo quanto a auto-consciência humana da inevitabilidade da morte. E se fôssemos imortais? Esta é a questão sobre a qual nos iremos debruçar. A tarefa que nos foi proposta foi problematizar um assunto que se relacionasse com o corpo humano e o desenvolvimento científico. Assim, consideramos que a imortalidade é um tema inesperado e que suscita interesse e curiosidade e que está, de certa forma, relacionado com a manipulação do corpo, uma vez que para a atingir temos que intervir no normal funcionamento do nosso corpo e isso apenas é possível através da ciência e da tecnologia. Para além disso, é um tema que se relaciona com a matéria abordada nas aulas de Biologia, sendo este, outro dos factores que nos cativou.
Mas, se ainda não se descobriu a improvável receita da imortalidade, a humanidade já obteve conquistas sólidas, em especial no último século: nunca na história tantos viveram tanto como nós. Basta dizer que, entre os antigos romanos, a esperança de vida era de 20 anos, ao passo que, hoje em dia, a média mundial é 66 anos. A pessoa que, comprovadamente, viveu mais tempo foi a francesa Jeanne-Louise Calment, alcançando os 122 anos de idade. Sendo que, actualmente, a tendência é para um aumento da esperança média de vida.
A verdade é que este facto pode ser explicado pela melhoria das condições de vida, como, o saneamento e a alimentação. Além disso, a ciência descobriu vacinas e medicamentos que permitiram a prevenção de doenças e o controlo de epidemias; o aumento do nível educacional permitiu um aumento da organização das sociedades e uma maior instrução, condições importantes para o acesso à informação sobre os cuidados com a saúde que têm saído dos veículos de comunicação nas últimas décadas e despertado a consciência de que viver mais e melhor depende também de hábitos saudáveis. Exemplo disso é a televisão, que mostrou às pessoas um mundo diferente.
Existem, contudo, pessoas que acreditam na imortalidade física. Pelo caminho da ciência e da tecnologia bastaria superar as actuais limitações do homem por meio dos avanços esperados em áreas como por exemplo a genética. Os novos conhecimentos acerca do genoma humano têm permitido atingir novas conclusões.
Tendo isto em conta, achámos pertinente ter como ponto de partida o Prémio Nobel da Medicina entregue há alguns meses atrás e que está directamente relacionado com um assunto que pode contribuir para o alcance da imortalidade.
Posteriormente iremos referir diferentes posições relativamente a este tema e, após a sua exploração, tirarmos as nossas próprias conclusões.

Em breve será disponibilizado todo o trabalho

segunda-feira, 1 de março de 2010

[EUGENIA APLICADA À RAÇA HUMANA]

Rita Centeno
Sofia Gomes
Rubataiana Soares


Ao entrar em Auschwitz, os soldados soviéticos, encontram milhares de prisioneiros moribundos. No gigantesco recinto do campo de concentração, havia pilhas de cadáveres das quais os nazis não tinham tido tempo de se livrar. Os fornos crematórios, vários armazéns e documentos tinham sido destruídos, na tentativa de eliminar as evidências do tratamento dado aos prisioneiros. Para trás tinham deixado toneladas de cabelo humano, roupas, sapatos, óculos, próteses, brinquedos e outros objectos que tinham sido confiscados às vítimas. Isto passa-se em 1945, aquando da libertação do campo de concentração. As provas colhidas são as marcas dos actos praticados pelos alemães sob a liderança de Hitler.
Hitler tinha um sonho. Ambicionava a instituição da supremacia da raça ariana. Esta ideia, que arrastou multidões, tinha por base a eugenia.
A eugenia é genericamente definida como a ciência que visa o aperfeiçoamento da espécie via selecção genética e controlo da reprodução.
Esta ciência teve origem nos tempos de Platão, no século IV a.C., e foi defendida pelo mesmo no diálogo A República (Politéia). Segundo este, uma cidade bem governada, devia garantir que os indivíduos de qualidades similares se cruzassem. Desta forma, os melhores acasalariam apenas com os melhores dando origem a uma raça superior. O poder ser-lhes-ia entregue.
Desde cedo que a igreja cristã implantou na sociedade ocidental a prática de ajudar os pobres, deficientes, doentes e necessitados.
Contudo, a partir dos séculos XVIII e XIX, com o crescimento do poder absolutista, o estado passou a assumir os cuidados que a Igreja tinha para com os menos afortunados. A aquisição desta nova responsabilidade, levou à sobrecarga financeira do estado, começando os necessitados a ser vistos como um empecilho ao avanço da civilização e obstáculo para a prosperidade do Estado, pelas elites europeias.
Esta situação levou à origem do Darwinismo social. O seu criador, o filósofo inglês Herbert Spencer, defendia que “os menos capazes” assim o eram por natureza e que, como tal, deviam ser eliminados e não auxiliados. Toda a imperfeição devia desaparecer de modo a permitir o aperfeiçoamento da humanidade.
No entanto, o termo eugenia (do grego, bem nascer) só foi criado no século XIX, por Francis Galton. Este, acreditava que a inteligência, o talento e as capacidades eram herdadas dos progenitores. Desta forma, apenas os descendentes de pais geneticamente superiores seriam proveitosos para a sociedade. Chegando mesmo a afirmar que o estado devia controlar os casamentos, limitando-o aos geneticamente superiores (Eugenia positiva, ou seja, melhoria da raça através da união de pessoas consideradas geneticamente superiores).
Sobre o assunto, Galton publicou, em 1865, um livro “Hereditary Talent and Genius” onde propunha que "as forças cegas da seleção natural, como agente propulsor do progresso, devem ser substituidas por uma seleção consciente e os homens devem usar todos os conhecimentos adquiridos pelo estudo e o processo da evolução nos tempos passados, a fim de promover o progresso físico e moral no futuro".
Este discurso teve por base a teoria da selecção natural formulada pelo seu primo, Charles Darwin.
Devido às condições da sua fundação, os Estados Unidos são um país que apresenta uma enorme diversidade cultural. No entanto, a coexistência de múltiplas culturas não significava união, as diversas comunidades encontravam-se isoladas umas das outras, sendo cada leva de emigrantes isolada em grupos étnicos e guetos. Ao longo do tempo, criou-se a ideia de que os primeiros colonos eram o povo eleito, o que originou ondas de racismo. Este fenómeno, aliado ao aumento da criminalidade, que se cria ser hereditária, levou a uma forte e rápida aceitação da teoria de Galton.
Quando a eugenia positiva se provou ser insuficiente, surgiu a eugenia negativa. Esta defende a eliminação de indivíduos geneticamente “inferiores”.
A eugenia era defendida, pela elite americana, como por exemplo, especialistas em diferentes campos científicos. Estes consideravam a miscigenação o suicídio da raça e ansiavam a eliminação dos “incapazes sociais”.
Assim, foram aplicadas nos Estados Unidos leis que permitiam a esterilização forçada de criminosos e deficientes mentais, a deportação dos imigrantes indesejados e a eutanásia passiva*.
Entretanto, na Europa, os nazis tomaram conta da Alemanha, levando a eugenia a um nível inimaginável. Estes tinham a obsessão da pureza racial. Para garantir a pura linhagem germânica, foram feitos registos genealógico dos membros das S.S, criando uma elite biológica, os «antepassados» da nova Alemanha.
Em 1935, foi fundada uma sociedade cuja missão era estudar a origem do povo alemão. Foi proibido aos membros das S.S. a utilização de contraceptivos e o aborto. O seu dever patriótico era ter, pelo menos, quatro filhos e ainda servir como “ajudantes de concepção” a mulheres sem filhos consideradas geneticamente valiosas.
A medição do rosto ou a comparação da cor do cabelo, eram alguns dos testes a que os alemães se sujeitavam para comprovar a sua origem e, assim, garantir a pureza da raça.
Esta ideia de superioridade conduziu à perseguição e extermínio de milhões de judeus e de outros povos considerados inferiores. Para tal recorreu-se a quatro fases: Identificação, através de testes como os referidos acima, Separação, criação de guetos, Concentração, em campos de concentração, e Extermínio, muitos eram gaseados à entrada no campo enquanto outros morriam de fome ou das doenças provocadas pela falta de condições sanitárias nos diversos campos.

A descoberta das atrocidades praticadas pelos nazis escandizou o mundo e a eugenia perdeu o seu crédito. Finda a segunda guerra mundial, a ONU sentiu a necessidade de compilar os direitos fundamentais do homem, tentando que estes deixassem de ser violados. Assim, em 1948, emitiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos onde cada atrocidade se identifica com um artigo, nomeadamente:
Artigo 1º- Os homens nascem livres e iguais. – O que é contrário, por exemplo, ao anti-semitismo, ao ódio pelos judeus, à perseguição a que estes foram sujeitos.
Artigo 2º- Qualquer pessoa tem os mesmo direitos sem diferenças de raça, cor, sexo, língua, religião… - Isto contraria a destruição das sinagogas ( locais de culto dos judeus).
Artigo 3º- Todo o homem tem direito à vida, à liberdade, à segurança. – Estes direito foi negado a todos aqueles que morreram nos campos de concentração.
Artigo 4º- Ninguém será submetido a tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes. – Até nisso os judeus foram sacrificados tendo sido usados como cobaias humanas em experiências médicas de uma brutal crueldade.
Artigo 13º- Toda a pessoa tem o direito de livremente circular e escolher a sua residência no interior de um Estado. – Depois de expulsos das suas habitações, os judeus, foram isolados em guetos, onde toda a sua actividade era controlada.
Artigo 15º - Todo o indivíduo tem direito a ter uma nacionalidade. – Nenhum judeu era considerado cidadão alemão.
Artigo 16º - A partir da idade núbil, o homem e a mulher têm o direito de casar e de constituir família, sem restrição alguma de raça, nacionalidade ou religião. – Este direito era negado nos EUA a seres considerados genéticamente inferiores.
Artigo 17.º - Toda a pessoa, individual ou colectivamente, tem direito à propriedade. - O estado alemão apoderou-se dos bens dos judeus, empresas e bancos foram confiscados e vendidos a compradores privados.
Todos estes exemplos condenam a eugenia, uma vez que esta esteve sempre associada ao racismo.
Hoje em dia, surge uma nova forma de eugenia, ligada não ao racismo mas sim à tentativa da melhoria da qualidade de vida, eliminação de doenças ou correcção de imperfeições.
É hoje possível o diagnóstico pré-natal de bebés de modo a detectar possíveis problemas genéticos. Se o embrião possuir alguma doença genética, é dada aos pais a possibilidade de fazerem um aborto terapêutico* ou mesmo a modificação ou substituição do gene responsável pela doença ou defeito.


Mas será alguma destas opções legítima? O que é que confere a um ser o direito à vida? Não é a sua condição humana? Então como pode ser-lhe negado esse direito, só porque possui uma característica menos favorável? E se é legitimo evitar estas doenças, devem também ser evitadas outras como a obesidade, diabetes, ou mesmo a hipertensão? Até que ponto será legítima a sua aplicação à raça humana?
À primeira vista pensar-se-ia que de tais possibilidades só resultariam benefícios para o Homem. Contudo, um olhar mais atento revela conclusões não tão lineares.
Na Inglaterra nasceu a primeira criança sem um dos genes responsáveis pelo cancro da mama. Uma vez que o pai da criança tinha um largo historial na família de cancro da mama o casal decidiu recorrer à genética de forma a reduzir a probabilidade da criança vir a contrair a doença.
Qualquer um de nós tomaria a decisão que melhorasse a qualidade de vida do nosso filho. Mas até que ponto é aceitável levar a manipulação genética? Deverá esta cingir-se ao tratamento de doenças? E se forem também alteradas outras características, como a cor dos olhos ou o desenvolvimento dos membros? Isto levará, em último caso, à criação do ser perfeito. Correspondendo esta perfeição a um critério especifico, como a aptidão à execução de certo trabalho, surgindo assim o homem-máquina.
A prática da eugenia, causa ainda uma diminuição da variabilidade genética, condição necessária à sobrevivência humana.

Bibliografia
FERNANDES, Marcelo e BARROS, Nazaré, (2006), Filosofia, Lisboa, Lisboa Editora.
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http://o-reino-dos-fins.blogspot.com/2007/06/provocaes-meritocrticas-parte-ii-sobre.html; acedido a 16 de Fevereiro de 2010
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A natureza do Estado

A resposta de Aristóteles: o estado existe por natureza

A natureza do homem – que é a inclinação natural para cumprir a sua essência, para realizar o seu próprio fim – é a de procurar a felicidade. E só seremos capazes de desenvolver a nossa natureza na cidade-estado. Esta é a comunidade mais completa, auto-suficiente e é garante das comunidades mais pequenas: famílias e aldeias. E é o corolário da tendência dos homens em viverem agregados. Os homens não vivem separados da comunidade. Aristóteles afirma que o estado é anterior ao indivíduo, pois não há indivíduos auto-suficientes.

O estado não garante apenas a sobrevivência, mas serve igualmente e sobretudo para assegurar a vida boa, a vida que se pretende vivida de acordo com os princípios da felicidade. O estado é, assim, central na vida humana, pois ele garante a ultrapassagem da dimensão animal e a realização da dimensão espiritual do homem.

Assim como a pequena comunidade aldeã ou a família é um espaço de auto-preservação, assegurando a reprodução, a cidade ultrapassa essa função: ela assegura a realização dos indivíduos, pois é um espaço de justiça e de virtude (prudência; auto-control; amizade) possibilitando a realização do que é próprio da natureza do homem: a felicidade.
Aristóteles concebe o estado como um todo, que:
a) assegura a sobrevivência e a vida social através de processos de regulação social, de aplicação da justiça e da justiça social e
b) permite que o homem cumpra a sua verdadeira natureza: a felicidade, promovendo as virtudes (condições e meios para a felicidade).

Como conclusão, respondendo à questão original – qual a natureza do estado? – Aristóteles diz-nos que é impensável conceber a vida humana fora do estado, sendo que o homem é um ser político e que o estado é anterior ao indivíduo e existe por natureza – por necessidade para cumprir a humanidade do homem: estabelece a própria vida moral Assim, viver fora do estado é próprio dos deuses ou das bestas.