sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Discussão ético-filosófica e ético-política: o corpo humano e o desenvolvimento científico e técnico: possibilidades e limites.

Rita Novo
Sara Gamelas


A presente discussão tem como objectivo reflectir sobre a importância e o impacto das representações sociais do corpo, da construção social do belo com o apoio da engenharia genética e a pressão, maioritária, dos media para a formatação do corpo.
Para tal, foram considerados alguns sites noticiadores do modo como se realiza uma tese, com algumas críticas sobre o assunto em causa ou subtemas relacionados com o mesmo e ainda alguns programas televisivos que apoiam este estudo, uma vez que se baseiam em exemplos reais de pessoas que dão excessiva importância à representação social do seu corpo devido às pressões sociais.

Inicialmente é necessário perceber se existe ou não uma verdadeira definição de “belo”. De seguida, é preciso analisar quais são os principais factores que as representações sociais do corpo, associadas a uma tentativa de alcance do “belo”, contemplam. A par deste tema, numa tentativa de melhor compreensão das motivações das pessoas para “alcançar o belo”, serão interpretados alguns exemplos. Sem esquecer o importante avanço tecnológico que se tem vindo a verificar crescente ao longo dos últimos anos e que permite satisfazer mais e melhor as necessidades e desejos do ser humano.

"Toda beleza é difícil" já dizia Sócrates.
Podemos, de facto, começar com uma questão fundamental: a problemática definição de belo. Não existe uma definição satisfatória, completa, imutável e intemporal para” beleza”. Por ser um conceito de carácter subjectivo, não há certezas sobre qualquer afirmação que se faça a partir deste. Não existe um consenso universal sobre o mesmo. Contudo, partiremos do pressuposto de que cada pessoa pode alcançar a sua representação ideal de “beleza” para avançarmos.
Interessante seria se percebêssemos quais são as motivações que conduzem as pessoas a recorrer às manipulações genéticas como as cirurgias estéticas e os motivos pelos quais não se sentem confortáveis com o seu corpo; ou seja, por que razões têm imensa necessidade e preocupação em alcançar um suposto ideal, o “belo”.
Começando então por analisar quais são os principais aspectos que as representações sociais do corpo, associadas a uma tentativa de alcance do “belo”, contemplam, destacam-se dois. Por um lado existe apenas uma parte prática que contempla aspectos claramente físicos relativos à estética e saúde corporais. Por outro, com carácter mais subjectivo, há uma necessidade de bem-estar e de conforto para se alcançar uma vida mais saudável do ponto de vista mental. No primeiro, as motivações das pessoas são apenas de carácter prático em que existe uma necessidade de satisfação que se pode obter pelo embelezamento ou de carácter biológico em que o que está em causa é a saúde do indivíduo. No segundo, são os distúrbios psicológicos como depressões ou traumas, influenciados pelas grandes pressões exercidas por parte dos media, que estão em causa.

A par deste tema está o avanço tecnológico. Só podemos falar em “alcançar a beleza, o ideal” tendo em conta o avanço tecnológico e as suas facilitações. Hoje em dia já se encara a manipulação de qualquer organismo com alguma facilidade. Os progressos científicos e técnicos acontecem cada vez mais frequentemente e já existe uma capacidade real de manipular, praticamente, qualquer forma de vida. De facto, trata-se de um enorme contributo para a Humanidade uma vez que proporciona, ao ser humano, novas resoluções para problemas no campo da medicina e agricultura, por exemplo, mas, por outro lado, questões sociais e éticas opõem-se-lhe. Esta é, portanto, uma matéria susceptível a dúvidas e que dá azo a muitas reflexões e discussões. As pessoas com problemas, preconceitos ou constrangimentos quanto ao seu corpo e ao facto de este não ser, nas suas opiniões, “belo” podem, hoje em dia, recorrer a cirurgias e a manipulações genéticas. A questão que se coloca é se haverá algo verdadeiramente condenável, de um ponto de vista ético, na alteração genética do corpo de um indivíduo?

Podemos exemplificar o que temos vindo a discutir com um programa que é divulgado pelo canal de televisão MTV. Este programa baseia-se numa tentativa de jovens adolescentes ficarem parecidos com o seu ídolo, alterando o seu corpo através de cirurgias plásticas. Apesar disto, o programa tem um outro lado mais moralista que alerta para os riscos destas operações plásticas que podem correr mal e resultar em fragilizações na saúde.
Referindo um exemplo mais concreto, num dos episódios, participou uma rapariga de 22 anos que esperava ser modelo. O facto de o seu peito ser pequeno atormentava-a e ela considerava que esse era o motivo pelo qual não poderia vir a ser alguém importante e mundialmente conhecido como o seu ídolo, Jessica Simpson. A rapariga desejava alcançar a perfeição e a beleza absoluta em que o seu ideal / o seu modelo a seguir era o seu ídolo.

Logo aqui podemos concluir que a ideia de “belo” é totalmente de carácter subjectivo e pessoal. De certeza que não partilhamos todos o mesmo ideal. Além disto, é notável a pressão que os media exercem sobre os adolescentes de tal modo que eles já desejam alterar o seu corpo em função do de outra pessoa, que julgam ser perfeito.
Outras motivações que levaram esta rapariga a concorrer ao programa foram a tentativa de facilitação na obtenção de emprego, como modelo, e a vontade de ser reconhecida mundialmente pela sua beleza.

Todavia, é óbvio que este exemplo não pode ser molde para ninguém. Não podemos basear os nossos ideais de belo noutra pessoa e tentar atingi-los tentando tornarmo-nos nela; caso contrário estaríamos a roubar uma identidade que é a única característica exclusiva e singular que nos define enquanto seres.
Não parece existir uma resposta evidente ou, pelo menos, rigorosa para dar a este assunto.
Não há uma razão firme que se oponha à engenharia genética e que nos submeta à rejeição desta nova via para tentar modificar indivíduos em seu próprio provento. Contudo é importante referir que, como em tudo, existem limites na nossa interferência propositada com a natureza. Não podemos negar a nossa naturalidade, o que nos define. É apenas necessário que a engenharia genética esteja sujeita a constantes inspecções às suas propostas e propósitos e que somente se prossiga com aqueles que obtenham a concórdia dos avaliadores que somos, sem dúvida, todos nós.
Aplicando esta “opinião” ao facto de as pessoas se preocuparem excessivamente com o alcance de um “corpo perfeito” estética e psicologicamente, não podemos realmente admitir meramente uma única resposta universalmente aplicável a todos os sujeitos. Tem que haver ponderação sobre cada situação e uma análise particular. Com certeza que uma operação estética para tentar refazer alguma parte do corpo após um acidente não tem o mesmo sentido que uma operação a alguém que apenas não se sinta confortável com o seu corpo.
Contudo é importante não esquecer que cada pessoa tem direito à liberdade de opinião, de convicção, de expressão e de pensamento. Cada ser humano é livre de tomar a sua decisão e manipular o seu corpo conforme a sua vontade, se tiver meios para tal e desde que esteja com saúde mental.
Tudo isto, admitindo que o “belo” é alcançável numa dimensão pessoal.

mérito e limites do racionalismo

“O mérito do racionalismo foi ter visto e salientado a importância do factor racional no conhecimento humano. Porém, é exclusivista ao fazer do pensamento a única fonte ou a fonte válida do conhecimento. Como já vimos, ele está em acordo com o seu ideal de conhecimento, segundo o qual todo o conhecimento possui necessidade lógica e validade universal. Mas é precisamente este ideal que é exclusivista, reduzindo o conhecimento a uma forma determinada de conhecimento: o conhecimento matemático. Outro defeito do racionalismo consiste em respirar o espírito do dogmatismo. Acredita poder entrar na esfera metafísica pelo caminho do pensamento puramente intelectual. Deriva, ou retira de princípios formais, proposições materiais; deduz de meros conceitos, conhecimentos reais (pense-se na tentativa de retirar do conceito de Deus a afirmação da sua existência; ou de definir, partindo do conceito de substância, a essência da alma). Foi precisamente este espírito dogmático que provocou o seu antípoda: o empirismo.”

J. Hessen – Teoria do Conhecimento, Espasa-Calpe, México, p.55

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Jaime Magalhães Lima dixit - f

In Eucaliptos e Acácias

onde a observação racionalizada e o novo conhecimento destrói conhecimento tido como certo


Algum tempo, e muito longo, tive como regra invariavel que os Eucalyptos não careciam de póda. Mais do que isso, a póda era-lhes nociva.
(...)

As minhas observações então limitavam-se, porém, a uma só especie de _Eucalyptos_, ao _globulus_.

Jaime Magalhães Lima dixit - e

Três formas de viajar

In Cidades e Paisagens


_Depois, ha muitos modos de viajar. Ha em primeiro logar o estudo - o conhecimento interno e externo dos povos nas suas instituições e nas suas paizagens, na sua vida moral e na sua vida economica, nas suas qualidades physiologicas e nas suas aptidões artisticas, no seu modo de ser intimo e nas suas relações com o mundo externo. Esses estudos carecem de longo tempo e saber paciente e a descripção é um dos seus elementos; estão feitos para quasi todo o mundo tantas vezes e tão bem que seria vaidade pueril tentar acrescentar-lhes o que quer que fosse._

_Um segundo modo é a viagem por curiosidade--vêr muita coisa e coisas differentes das que habitualmente vemos. É o regalo das sensibilidades cansadas ou demasiado cubiçosas e um genero de «sport» hoje muito em voga; o seu valor educativo, porém, é mediocre pela multiplicidade das impressões e falta de connexão entre si._

_Entre estes dois modos parece-me haver um terceiro, munido de estudos prévios para dispensar observação demorada e curioso só quanto baste para a elucidação do estudo. Procura a representação directa d'aquillo que já conhece, vendo em movimento os corpos vivos cuja anatomia e physiologia estudou primeiro; vai envolver-se na corrente das cidades para sentir o calor e o palpitar do seu sangue e uma vez alcançada esta impressão abandona-as como um parasita irrequieto._

Jaime Magalhães Lima dixit - d

As cidades antigas


In CIDADES E PAISAGENS

Uma viagem de impressões e de reflexões – uma viagem pela Europa

As cidades antigas são como as grandes obras classicas que ora se encontram empoeiradas e amarellecidas na edição original, em que o texto e a fórma conservam a harmonia e a exactidão primitivas, ora se encontram nas edições modernas, annotadas, corrigidas, sob uma nova fórma material, corrompidas e alteradas o mais das vezes até se tornarem uma obra nova. São raras as velhas edições authenticas, e mais raras ainda essas outras especies de livros escriptos em pedra a que se chama cidades; porque, n'estas, as alterações são constantes, dia a dia, lentas e immediatamente imperceptiveis. Quando assim não é, a cidade morreu.

sábado, 20 de fevereiro de 2010



Jaime Magalhães Lima com Alberto Sampaio e Luís Magalhães

/>
http://bp0.blogger.com/_6LArPc1PNlk/SFqkMqvC6HI/AAAAAAAAANA/0JiAJICk1H4/s400/ASampaioeamigosWeb.jpg
Jaime Magalhãs Lima com Alberto Sampaio e Luís de Magalhães

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Jaime Magalhães Lima dixit - c

DO QUE O FOGO NÃO QUEIMA
Ensaio de Jaime Magalhães Lima - excerto

Uma democracia, aquela democracia que persiste, cresce e ha mais de vinte séculos ressurge de cada revez mais poderosa do que era antecedentemente, «não é uma mera forma de governo. Não depende de urnas ou de leis de sufragio popular ou de qualquer maquinismo. Isso é apenas o seu adorno. A democracia é um espirito e uma atmosfera, e a sua essencia é a confiança nos instintos morais do povo. Um tirano não é um democrata, porque crê no governo pela força; como não é democrata o demagogo porque crê no governo pela lisonja. Um país democratico é um país onde o governo tem confiança no povo e o povo tem confiança no governo e em si, e onde todos se unem na fé de que a causa do seu país não é materia apenas de interesse individual ou nacional, mas está de harmonia com as grandes forças morais que governam os destinos do genero humano.»

Essas forças morais que governam a humanidade, não as queima o fogo. E essas são as que hão de fazer a paz, a presente como a futura, e a futura mais robusta do que a presente.

Jaime Magalhães Lima dixit - b

do Romance O Transviado - Jaime Magalhães Lima

Claudio approximou-se do par que momentos antes tinha deixado e offereceu-lhe logar na sua carruagem para regressarem juntos a Albergaria.

--Não, muito obrigado, vamos incommodal-o. Temos ali um carrito em que viémos.

Instou; que a tarde estava horrorosa, que iriam talvez um pouco mais agasalhados, que lhe davam o maior prazer com a sua companhia.

--A Emilia dirá, respondeu o homem de lunetas voltando-se para a mulher.

--Ah! por mim, acudiu ella muito alegremente, acceito e agradeço; não sei desprezar tão boa fortuna. Desculpe-me v. ex.ª a franqueza...
Conheço o apenas ha uma hora e vou dispondo já das suas cousas com uma
familiaridade que póde induzil-o em mau juizo...

--Oh! pelo amor de Deus, minha senhora, não diga mais, que blasphemias!... Muito prazer, fico muito reconhecido a v. ex.as.

Encaminharam-se, atravez da linha, para a carruagem, que era um vasto landau tirado por dois possantes cavallos, e Claudio sentou-se em frente de Emilia e do marido.

Apenas sairam da estação, a conversa reatou-se no tom de banal animação em que a vimos começada. Claudio ia inquieto, um pouco embriagado pela belleza da mulher que tinha deante de si.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Jaime Magalhães Lima dixit - a

Uma concepção multicultural e miscigenada de raça

As raças serão tanto mais elevadas quanto mais elevada for a soma das faculdades e capacidades adquiridas por legado e contacto de outras raças, juntando-se à antiguidade e volume do cabedal próprio de cada uma: (…) Raças superiores serão as que mais desafogadamente se mesclam com as outras raças e nelas recompuseram o sangue.

In Lima, Os Povos do Baixo Vouga. Apud Carvalho, Manuel. Nação, Nacionalismo e Democracia. ACP LABOR

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Cérebro, mente, espírito e alma

Isaque Tomé

distinção entre conceitos de cérebro, mente, espírito e alma

cérebro - órgão de processamento da informação; domínio do bio-químico e do anatómico; base material da mente; é o mundo dos neurónios e das sinapses....

mente - o domínio do psíquico e do intelecto: emoções, sentimento, inteligência e seus tipos, estilos cognitivos, processos de aprendizagem, de memoria, a percepção, ...
na tradição anglo-saxónica é tratada como algo conhecível de forma científica e +/- mensurável. Mas a tradição continental (franceses, alemães ...) tendem a olhar para a sua dimensão complexa e a não separar do conceito de espírito.

espírito - 1. a nossa dimensão cultural. 2. o que nos faz viver? 3. é o ponto de intersecção do que somos com o que queremos ser em função das circunstancias - envolve o nosso passado em memória, a nossa identidade, a nossa cultura e os nossos valores. e tudo isto está presente como horizonte de referência quando conhecemos e quando decidimos. Problema: isto não é cientificamente traduzível e por isso há quem simplesmente diga que o espírito não interessa e que devemos ficar pela alma.

alma - tem várias significações; a tradição dominante é a de uma dimensão espiritual que vive acima da matéria - imaterial, mas a tradição cristã, e antes disso, a filosofia antiga grega - Platão, Aristóteles e outros, supõe-na imortal e eterna (que não é o mesmo) e apta a encarnar e a enformar (forma) o corpo (matéria).

Mas nada como ir à LOGOS (enc. de fil) ou a BIBLOS (ens. de religião) ou a um dicionário de filosofia - aqui ao lado existe um link

Trabalho 11.º - Erro a evitar

Isaque Tomé

A propósito do trabalho - O Corpo e o desenvolvimento científico e técnico - e como fórmula geral devemos evitar um erro muito comum.

Erro a evitar:

seja A) na desconstrução e análise da informação e B) no momento de escrever o nosso discurso,
não devemos confundir dois planos
1)o que consideramos ser a realidade (SER)
e
2) o que gostaríamos que a realidade fosse: o que que acharíamos que deveria ser (DEVER SER).

é claro que nem sempre 1) é independente de 2)

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A Tecnologia e o Corpo: questões de privacidade, intimidade e identidade


Alerta: Imagem íntima na Internet fica para sempre

Lusa
21:25 Terça-feira, 9 de Fev de 2010

Num mundo virtual sem fronteiras é melhor prevenir, alerta a Polícia Judiciária, numa altura em que cresce o fenómeno do "sexting" entre jovens

Uma imagem íntima colocada sem consentimento na Internet nunca mais de lá sairá: num mundo virtual sem fronteiras é melhor prevenir porque pode ser impossível remediar, alertou hoje um responsável da Polícia Judiciária (PJ).

Numa conferência para assinalar o Dia Europeu da Internet Segura, em Lisboa, Jorge Duque afirmou que estão a tomar "proporções difíceis de controlar" os casos em que no fim de um namoro uma das partes coloca fotos íntimas do ex-parceiro na Internet ou as espalha "por toda a escola ou pelos seus 500 melhores amigos".

O fenómeno do "Sexting"
"Há jovens a difundir imagens do foro privado, sexual, pelo telemóvel", referiu, um fenómeno conhecido como "sexting" e que pode levar à perda de ano letivo por absentismo e, em alguns casos, ao suicídio.

Esta é uma das razões, defendeu, para pôr jovens e adultos a pensar "quem nos tira fotos, onde vão ficar guardadas e quem vai ter acesso a elas".

Agir contra os ofensores - trata-se de devassa da vida privada - é difícil e pode ser mesmo impossível porque o crime varia conforme, por exemplo, o país em que está alojado o servidor de Internet. Além disso, como há muitos ordenamentos jurídicos diferentes, nem sempre é possível a colaboração entre forças policiais.

"A Internet não tem fronteiras, mas os países ainda têm fronteiras jurídicas", ilustrou.

Perigo da pornografia infantil
Como as fotos nunca saem da Internet e bloqueá-las pode ser impossível, os efeitos podem prolongar-se por toda uma vida, quer para a vítima, quer para o ofensor - o que pode ser primeiro devassa da vida privada pode, em alguns casos, converter-se num verdadeiro crime de difusão de pornografia infantil.

Na conferência organizada pela Plataforma Internet Segura, a investigadora Cristina Ponte, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, afirmou que este ano irá ser feito um estudo entre mil famílias portuguesas para saber os seus hábitos de consumo e participação on-line e avaliar os riscos que correm as crianças.

O inquérito no âmbito do projeto europeu "UE kids online" será feito nas casas das famílias, com garantia de privacidade e anonimato e um conjunto de perguntas a que os filhos respondem sem estar à frente dos pais.

Pretende-se assim ter "resultados para influenciar as práticas de regulação, quem tem poder de decisão e as empresas de conteúdos".

O "ciberbulling" (violência psicológica reiterada), a pornografia, o "sexting" e os encontros na vida real com pessoas conhecidas online são os principais riscos a que os jovens e crianças estão sujeitos, como "recetores, autores ou participantes".
http://aeiou.expresso.pt/alerta-imagem-intima-na-internet-fica-para-sempre=f564433

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Língua e Pensamento - II

Se a resposta à questão colocada no post Língua e Pensamento I, for afirmativo, podemos supor que pobreza de língua conduz a pobreza no pensar?
Ou seja, tem maior capacidade de análise e avaliação da realidade quem domina 10 000 vocábulos face a quem domina 300?

Uma abordagem romanceada a este problema está presente no livro 1984, de George Orwell, que tratando um mundo dividido em 3 blocos, num deles cria-se a novilíngua que era desenvolvida não pela criação de novos vocábulos, mas pela supressão de vocábulos e de sinónimos e impedindo a relativização e subjectividade na abordagem dos assuntos. O objectivo ao simplificar a língua relaciona-se com a eficiência, mas também com o controle do pensamento: só é classificável e passível de integrar uma proposição o que é dado nas/pelas palavras. Não havendo palavras...

Língua e Pensamento - I

Podemos pensar para lá da nossa língua?

ou da(s) língua(s) que conhecemos?

Está o nosso pensamento encerrado/condicionado/limitado/fechado/ ou - mais radical - determinado pela língua?

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Potencialidades tecnológicas e questões éticas


Britânica engravida de marido morto

Mulher britânica engravida de marido morto há dois anos. Objectivo cumprir o velho sonho do casal.

Cândida Santos Silva
16:37 Terça-feira, 2 de Fev de 2010

Mulher britânica engravida de marido morto há dois anos. Objectivo: cumprir o velho sonho do casal. Kelly Bowen, do País de Gales, teve filhos gémeos quase dois anos depois da morte do marido. As crianças foram concebidas com esperma congelado do marido, Gavin, falecido em Abril de 2008, aos 22 anos, vítima de cancro.
O casal já tinha outro filho, nascido em Outubro de 2007, após um tratamento de fertilização, quando a Gavin já tinha sido diagnosticada a doença oncológica.

"Por causa do tratamento de quimioterapia, o meu marido congelou esperma e tivemos um filho, Shay, por inseminação artificial em Outubro de 2007", contou Kelly, de 25 anos, ao jornal local "Glamorgan Gazette". "Antes que morresse, decidimos que queríamos um irmão ou uma irmã para Shay, mas ele morreu muito pouco tempo depois. Para cumprir esse sonho, avancei sozinha". No último dia do ano nasceram Ruby Gravie e Chaise Gavin.

http://aeiou.expresso.pt/britanica-engravida-de-marido-morto=f561483

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

momento de poesia

Sempre a Razão vencida foi de Amor

Sempre a Razão vencida foi de Amor;
Mas, porque assim o pedia o coração,
Quis Amor ser vencido da Razão.
Ora que caso pode haver maior!

Novo modo de morte e nova dor!
Estranheza de grande admiração,
Que perde suas forças a afeição,
Por que não perca a pena o seu rigor.

Pois nunca houve fraqueza no querer,
Mas antes muito mais se esforça assim
Um contrário com outro por vencer.

Mas a Razão, que a luta vence, enfim,
Não creio que é Razão; mas há-de ser
Inclinação que eu tenho contra mim.

Luís de Camões

Segurança, Liberdade e Privacidade

O presidente da Comissão de Protecção de Dados Pessoais diz que a lei chega sempre mais tarde que as tecnologias e que a concentração da informação é um cocktail explosivo.
01/02/2010


Há câmaras por todo o lado, as informações pessoais constam de bases de dados que os cidadãos não conseguem controlar e muitas empresas conseguem fazer perfis ao pormenor dos consumidores. Estarão os dados pessoais em risco de ir parar a mãos perigosas? O cenário não é bom, diz Luís da Silveira, mas não é catastrófico. E alerta para o papel que cada um tem no controlo da informação sobre si que anda por aí espalhada..

Que situações de recolha de informações pessoais são hoje preocupantes que levam a comissão a classificar o cenário como "inquietante"?

O cenário é inquietante porque há situações que em conjunto significam um constrangimento importante da privacidade dos cidadãos. A videovigilância, que se está a banalizar, a utilização de dados biométricos (impressões digitais, imagem facial, a íris, o cheiro). Temos exigido que se trate de sistemas fiáveis, que não admitam a reconversão do código informático da impressão digital no esquema real da impressão digital.

E a geolocalização?

Está na moda. A mais usada é através de RFID - identificação por rádio frequência. O carro em que o trabalhador se desloca leva um chip que transmite sinais para a central da empresa e esta sabe onde é que aquele carro está em cada momento. A razão apresentada é a gestão de frota. Mas passam a saber onde está o trabalhador, onde parou para tomar café. Estamos a discutir se isso é legítimo para controlar os menores: formalmente, os pais têm direito a reger os filhos, mas às crianças não deve ser também reconhecido o direito à privacidade?

Os trabalhadores têm que dar consentimento.

Sim, sempre, mas o consentimento do trabalhador nunca é muito fiável, porque não é suficientemente livre. Só por curiosidade, onde isto já está a ser utilizado nas pessoas é numa discoteca em Barcelona: metem um chip debaixo da pele, entram na discoteca à vontade e debitam logo no cartão os consumos. As pessoas aceitam muito mais coisas do que a gente possa imaginar.

Estabelecer um limite é cada vez mais difícil?

Sim, até porque são cada vez mais difíceis de mensurar os interesses de segurança em jogo e a verificação de que a privacidade está a ser afectada. É enorme a pressão de entidades de investigação criminal obterem informação para realizarem o seu trabalho policial e ter provas em tribunal. Os bodyscanners dos aeroportos são a última polémica.

A questão já foi posta à CNPD?

Ainda não em termos formais. Os EUA estão a pressionar a Europa para os adoptar. Da nossa parte dizemos "Atenção!", há um bulir da privacidade, porque apanha as próteses, os implantes mamários, os sacos pós-operatórios. A simples circunstância de se despojar a pessoa das suas vestes é humilhante, e, se isto se aceita, depois onde é que se vai parar?

Esta comissão chumbaria?

Eu sou apenas um membro. Dentro dos critérios da comissão, muito provavelmente esta será a perspectiva. Isto é um sistema para aplicar a todos: parece que somos todos suspeitos.

Os EUA acabarão por fazer vingar a sua pressão?

Eu esperaria que não. Os EUA têm uma percepção diferente sobre a protecção: entendem que os dados pessoais são para girar, é isso que faz mexer a economia, e só em certas áreas são muito defensores da privacidade - abusos contra crianças e defesa de segredos comerciais. Tirando isso, não há uma lei de protecção de dados, nem qualquer entidade à maneira das europeias.

Há algo que garanta que os dados não são divulgados?

Nada, de facto. Este é o problema da globalização.

Há um laxismo em relação à exposição?

Há um desvalor. Os adolescentes são muito ciosos da sua privacidade em relação aos pais mas são extremamente abertos para fora, gostam de mostrar a sua privacidade aos colegas e amigos.

É possível acompanhar com leis a velocidade a que se introduzem novas tecnologias?

Há a questão problemática e perigosa da nanotecnologia. A lei chega sempre tarde. As tecnologias têm andado sempre à frente da lei.

Em que áreas é urgente legislar?

O importante não é legislar sobre uma tecnologia, mas sobre as suas aplicações, como no chip de matrícula, que é por RFID. Talvez faça sentido o legislador pensar se as recomendações da Comissão Europeia já estão maduras.

A Comissão é o fiel da balança?

É a sua obrigação. O que nós tentamos dizer é a necessidade de o nosso Parlamento acompanhar a legislação que está a ser feita a nível europeu. Sabemos nós que posição é que os portugueses estão a defender nos grupos europeus? Está o Parlamento português a cumprir o seu papel de fiscalizar, de saber e acompanhar o Parlamento Europeu?

Gostava de trabalhar mais de perto com o legislador?

Temos procurado fazê-lo. Apesar de os nossos pareceres aos diplomas legais não serem vinculativos, até hoje a assembleia tem tido em conta a nossa opinião. Pode ter havido discordância, com certeza que há e ponderada. Mas na generalidade acompanham.

A concentração passiva de informação sobre os cidadãos é um perigo quase tão grande quanto o terrorismo?

Não sei comparar, mas lá que cria riscos acrescidos, cria, sem dúvida. Temos tido sempre particular cuidado e preocupação quando nos são apresentadas pretensões de grandes bases de dados. Há sempre o risco da fuga de informação e utilização indevida com finalidades perversas, por qualquer poder. É um cocktail explosivo.

Os dados pessoais em Portugal estão hoje protegidos?

Do ponto de vista legal, sim. Foi a primeira Constituição a protegê-los. A grande questão é a aplicação e isso é da responsabilidade da Comissão, mas é claro que a protecção de dados não pode estar assegurada por uma equipa de 30 pessoas. A defesa dos dados pessoais tem que começar sempre nos próprios., nunca chegarão os tribunais e instituições deste género para o garantir.

Se metade dos pedidos é de videovigilância, os portugueses estão hoje com medo?

O sentimento de insegurança se calhar não corresponde à insegurança existente, agora que esse sentimento se instalou não há dúvidas.

E é aproveitado para cada dia se apertar esse direito à privacidade?

É sempre mais fácil quando temos medo. É isso que temos visto estar a acontecer a alguns níveis. E por isso dizemos que o número de pedidos de videovigilância é desproporcionado.

Somos de facto tratados como suspeitos?

Não há uma perspectiva generalizada, o que acontece é que em relação a certas iniciativas, até parece que somos todos suspeitos. Como nos bodyscanners: todos os que vão andar de avião são suspeitos?

Hanckig - um filósofo da ciência

O Canadiano Hacking recebeu um prémio da Coroa Norueguesa em 25 de Novembro de 2009de 4,5 milhões de coroas norueguesas (mais de 500 mil euros) pela sua investigação sobre filosofia da ciência.

O filósofo de 73 anos foi nomeado em Agosto pela sua investigação sobre o impacto da história e da cultura na formulação do pensamento científico.