segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Física Quântica e Filosofia

É um gato? É um vírus? É uma experiência quântica!

Por Ana Gerschenfeld – PÚBLICO – 25/10/2009



Em 1935, o físico austríaco Erwin Schroedinger imaginou uma experiência conceptual, protagonizada por um gato, para mostrar quão bizarra era a nova mecânica quântica, quando transposta para os objectos quotidianos. Agora, um grupo de cientistas diz que é possível fazer realmente a experiência - com um vírus.

A física quântica é uma verdadeira colecção de bizarrias que desafiam as nossas mais íntimas intuições. À escala dos átomos e das partículas subatómicas, tudo é diferente, tudo fica "desfocado", por assim dizer. Um electrão não é como uma bola de ténis, porque, segundo as leis da mecânica quântica, pode estar em vários sítios diferentes ao mesmo tempo - o que não acontece com a bola de ténis.
Uma pergunta que irrita e fascina há décadas muitos físicos é a seguinte: se é verdade (e ninguém duvida) que os objectos quotidianos são feitos de triliões de partículas quânticas, por que é que as leis da física quântica não se aplicam também a esses objectos? Por que é que não podemos, parafraseando a revistaNew Scientist, estar ao mesmo tempo no jardim a cortar a relva e no supermercado a fazer as compras?
Uma das mais famosas peças da galeria de estranhas propriedades não diz respeito às partículas infinitesimais, mas a um gato... O gato é o protagonista de uma experiência mental, uma pura abstracção, imaginada em 1935 por um dos pioneiros da mecânica quântica, Erwin Schroedinger, precisamente para ilustrar o lado bizarro desta área da física.
Oitenta e poucos anos mais tarde, uma equipa liderada pelos físicos espanhóis Oriol Romero-Isart e Ignacio Cirac, do Instituto Max Planck de Garching, na Alemanha, anunciou agora que quer trocar o gato por um vírus e mostrar que é mesmo possível obrigar um organismo vivo ou quase vivo (se não um gato, pelo menos um vírus) a assumir, em simultâneo, dois estados físicos diferentes. Por enquanto, apenas publicaram a descrição da experiência que tencionam fazer para o conseguir no arXiv.org (um sitede pré-publicação de artigos na área da física). Mas o P2 soube entretanto, junto de Ignacio Cirac, que já submeteram o seu trabalho para publicação na revistaNature.
Paradoxo de Schroedinger
Lá vai então a história do gato. Dentro de uma caixa blindada e opaca, lá está ele. Ao pé, mas inacessíveis ao gato, há um frasco cheio de gás de cianeto, uma amostra de material radioactivo, um martelo e um detector de radiação (estes dois últimos objectos ligados um ao outro por um circuito eléctrico). O material radioactivo tem uma probabilidade de 50 por cento de emitir uma partícula de radiação ao longo de uma hora - e a mesma probabilidade de não emitir nada. Passado esse tempo, se a partícula tiver sido emitida, ela terá sido detectada pelo detector, que terá accionado o martelo, que terá esmagado o frasco, que terá libertado o veneno, que terá morto o gato. Se não tiver sido emitida, nada terá acontecido ao animalzinho de estimação, que continuará vivo.
Só que, como o material radioactivo se rege pelas leis da mecânica quântica, ele pode ter emitido a radiação e não a ter emitido, dando origem ao que os físicos chamam uma "sobreposição" desses dois estados. E como os estados de saúde possíveis do gato estão intrinsecamente ligados a esse fenómeno quântico pelo "mecanismo diabólico" da experiência (a expressão é do próprio Schroedinger), o gato também se encontra, simultaneamente, em dois estados radicalmente diferentes: está vivo e morto ao mesmo tempo.
Um pequeno parêntese: é precisamente a possibilidade de sobreposição de estados que está na base de conceitos como o do computador quântico, que, a existir, seria muitíssimo mais poderoso do que qualquer supercomputador convencional. E, a este propósito, diga-se que Ignacio Cirac é considerado um físico brilhante neste domínio. Uma prova entre muitas outras: recebeu esta semana, juntamente com outros dois físicos, a Medalha Benjamin Franklin da Física 2010 - um dos mais prestigiados prémios do mundo - "pela sua proposta teórica e realização experimental do primeiro dispositivo que faz operações elementares de lógica computacional utilizando as propriedades quânticas dos átomos individuais".
Voltando ao gato, a questão é que Schroedinger quis, através desse paradoxo, criticar a chamada "interpretação de Copenhaga" da mecânica quântica (elaborada, em 1927, por outros dois pioneiros da teoria, Niels Bohr e Werner Heisenberg), que estipula que o mundo das partículas é governado essencialmente pelas probabilidades. Segundo esta interpretação, o que acontece é que, mal a caixa é aberta (ou seja, mal uma observação, ou medição do sistema é efectuada por alguém), os estados quânticos simultâneos "entram em colapso", deixando subsistir apenas um dos dois estados possíveis para a fonte radioactiva e para o gato - morto ou vivo. E tudo volta assim à normalidade. Mas Schroedinger, tal como Albert Einstein, não acreditava que o mundo fosse totalmente indeterminista, aleatório, probabilista; pensava, pelo contrário, que o que se passava com a teoria é que ela não descrevia totalmente o mundo físico, que era incompleta e, por isso, não conseguia conciliar as escalas macroscópica e microscópica do mundo físico.
Hoje em dia, apesar deste tipo de dificuldades, a interpretação de Copenhaga continua a ser a mais largamente aceite pela comunidade dos especialistas. Mas existem também propostas alternativas (que são, contudo, ainda mais parecidas com ficção científica...). Uma delas é a chamada many-worlds interpretation (proposta pelo físico norte-americano Hugh Everett em 1957), que especula que o gato bem pode estar morto e vivo ao mesmo tempo - mas em universos paralelos que não têm qualquer hipótese de comunicar entre eles. No nosso universo, o gato estará por exemplo vivo (ou morto), mas existe, fora do nosso alcance, um outro universo onde se verifica a situação contrária.
"Essa interpretação [de Copenhaga] da mecânica quântica é a comummente aceite", diz-nos por email Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra, "mas levanta algumas dificuldades conceptuais. A maior é talvez que, sendo o estado quântico, em geral, uma sobreposição ou mistura de estados puros (...), é a interacção com o observador que determina o resultado da medida. Este "colapso" da função de onda, esta determinação de um mundo indeterminado feita pelo observador, parece prejudicar a existência de um mundo objectivo independente do observador. O paradoxo do gato de Schroedinger surge neste contexto. A questão é: não será absurdo que seja o observador que, quando abre a caixa para ver o gato, o mata?" Ou, dito por outras palavras, será concebível que a realidade seja tributária da consciência humana?
Uma "ratoeira quântica"
Considerações filosóficas à parte, a experiência à qual Cirac, Romero-Isart e colegas tencionam submeter um vírus é a seguinte, como explicam no seu artigo, que se encontra actualmente acessível através do endereço http://arxiv.org/abs/0909.1469. Primeiro, graças ao campo electromagnético criado por um laser - uma "ratoeira quântica", diz Carlos Fiolhais - vão aprisionar um vírus no vácuo. A seguir, com um segundo laser, vão reduzir os movimentos do vírus até o fazer atingir o seu estado de energia mais baixo - ou seja, até ele parar de se mexer quase por completo. E por último, vão alvejar o vírus com um fotão (uma partícula de luz). Como o fotão é uma partícula quântica (e como tal, pode ao mesmo tempo atravessar o vírus sem surtir qualquer efeito e ser reflectida por ele, imprimindo-lhe um movimento adicional), o dispositivo deverá conseguir colocar o vírus numa superposição quântica de dois estados de movimento.
"Há coisas impossíveis, mas esta não parece ser uma delas", explica-nos ainda Fiolhais. "[Mas] os autores, sabendo que não conseguem "caçar" com gato, "caçam" com um vírus e, em vez de falarem do vírus vivo ou morto, falam de vários estados de vibração do vírus, isto é, querem pôr o vírus a abanar tal como uma corda musical."
Existem vírus capazes de resistir a um tal tratamento? Sim, respondem os autores desta ainda hipotética experiência: por exemplo, os vírus da gripe. Possuem as dimensões adequadas (uma centena de milionésimos de milímetro) e têm as propriedades físicas certas para se comportar de forma quântica: entre outras coisas, não conduzem a electricidade e conseguem resistir ao vácuo durante semanas. O vírus do mosaico do tabaco é um outro candidato. Com mais arrojo ainda, os autores referem mesmo a possibilidade de se vir a utilizar uns bichinhos bem maiores: os tardígrados, uns minúsculos animais, com 1,5 mm de comprimento, que vivem nos musgos, nos locais húmidos, e que também são capazes de sobreviver no vácuo.
Vivo ou não?
Há quem ache que os vírus não são realmente seres vivos e que, portanto, o sucesso da experiência com um vírus não significará que foi possível criar uma sobreposição quântica num ser vivo, ao contrário do que anuncia o título do artigo. "Partículas, átomos, moléculas e grandes moléculas têm-se portado como a mecânica quântica diz que se devem portar", explica-nos Fiolhais. Inclusivamente, frisa, foram feitas experiências de sobreposição quântica com moléculas de futeboleno (carbono 60), que são objectos nanoscópicos tais como os vírus. Ao fim e ao cabo, salienta este cientista, "um vírus não passa de uma molécula grande e complexa" e "é discutível se se lhe deve chamar um organismo vivo". "Digamos que está na transição entre o não-vivo e o vivo."
Martin Plenio, físico do Imperial College de Londres, citado pelaNature numa notícia acerca desta pré-publicação, é da mesma opinião: "Estou totalmente convencido que os vírus se comportariam exactamente da mesma forma que as moléculas inorgânicas."
O que não impede, segundo ele, que a experiência seja interessante, na medida em que pode "ajudar os físicos a determinar onde acaba o mundo quântico e onde começa o nosso mundo macroscópico".
"A questão é precisamente até onde é que essas leis [quânticas] são válidas", diz-nos por seu lado, também via email, Yasser Omar, especialista de física quântica da Universidade Técnica de Lisboa. "Recentemente, tem havido um progresso notável e tem vindo a descobrir-se que os efeitos quânticos sobrevivem em objectos muito maiores do que se imaginava, ainda que à escala nanoscópica." E não só. "Foi demonstrada a existência de efeitos quânticos no processo de fotossíntese", acrescenta Omar, "em moléculas grandes, à temperatura ambiente... e em sistemas vivos". "Trata-se de resultados muito recentes, que vêm mais uma vez empurrar a fronteira do mundo quântico (...). O artigo do Cirac é mais uma contribuição nesta direcção (...)."
E acrescenta, com um entusiasmo palpável: "Criar uma sobreposição quântica num ser vivo, como um vírus, a temperatura ambiente, seria um resultado de grande espectacularidade, que demonstraria que a fronteira entre a física quântica e a física clássica está muito para além do que se pensava. (...) Não deixaria de ser uma surpresa para a esmagadora maioria dos físicos e seria certamente um resultado candidato ao Prémio Nobel. Mas o mais interessante é que, se tais resultados forem observados, abrem-se desafios extremamente interessantes para os físicos resolverem. Como, por exemplo, explicar como é que os sistemas quânticos são robustos [não são perturbados] ao ruído exterior - o que poderá ser uma contribuição crucial para a construção de um computador quântico -, e descobrir até onde se podem observar efeitos quânticos, em particular em sistemas ou seres vivos maiores. A priori, poderá não haver nenhuma limitação fundamental à realização deste tipo de experiências com objectos maiores."
Questões filosóficas
Concluem os autores do artigo: "Esperamos que as experiências propostas sejam um primeiro passo para abordar experimentalmente questões fundamentais, tais como o papel da vida e da consciência na mecânica quântica - e até as implicações nas nossas interpretações da mecânica quântica." E, numa versão anterior do texto (que esteveonlineaté há uns dias), também escreviam que, a confirmar-se que um ser vivo pode assumir sobreposições quânticas, poderia mesmo haver maneiras de testar a validade das diferentes interpretações da teoria, nomeadamente a de Copenhaga e a dos multiversos (many-worlds), já aqui referidas.
Carlos Fiolhais mostra-se céptico. "A confusão que podemos ter sobre o comportamento de objectos nanoscópicos", diz-nos, "é natural, pois não estamos habituados ao comportamento do micromundo. (...) "[Mas] não penso que a experiência do vírus possa iluminar questões filosóficas do tipo das que são levantadas pela teoria quântica."
Até porque "o paradoxo [de Schroedinger] pode ser ultrapassado dizendo que falamos de probabilidade de gato morto e probabilidade de gato vivo", explica ainda, "e que, se tivermos muitas caixas com gatos, encontraremos uns vivos e outros mortos na proporção indicada pelas probabilidades". "Esta é uma maneira satisfatória, quanto a mim, de ver o problema [e evita] algumas complicações que vêm da interpretação de Copenhaga. Não é um gato que está meio vivo, meio morto como umzombie, mas um conjunto de gatos que estarão uns vivos e outros mortos. E, quando eu digo que encontramos gatos vivos e mortos, não estou a dizer que o olhar os mata..." E nós arriscamo-nos a acrescentar: também não significa que pertencem a universos paralelos...
"Eu diria", prossegue Fiolhais, "que há um contínuo entre o micromundo das partículas, átomos e moléculas e o nosso macromundo. A teoria quântica não é eterna, poderá um dia ser ultrapassada por outra que a englobe, mas duvido que possa ser ultrapassada por experiências do tipo da que ora foi proposta... O mais natural é que se confirmem as previsões da teoria quântica e, assim, não se avance muito. Para avançar ter-se-ia de encontrar uma falha de previsão, algo que nem Schroedinger, nem Einstein, nem ninguém depois deles conseguiu. Apesar de todas as dificuldades conceptuais, a teoria quântica está bem e recomenda-se."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Teste de Lógica Formal - Aristotélica

1. O valor de verdade da conclusão de um raciocínio (ou argumento) não é essencial para determinar a sua validade. Concorda com a afirmação? Justifique.

Texto B
«O conceito é a primeira operação intelectiva na qual o entendimento (faculdade mental de conhecer) reúne na mesma representação geral e abstracta as características e as propriedades comuns a uma espécie ou conjunto de seres ou objectos (...)»
2. Relacione o facto de o conceito ser abstracto com a sua característica de universalidade.

3. Disponha por ordem crescente de extensão os seguintes conceitos:
Utensílio; colher; colher de pedreiro; utensílio manual; objecto; ser inanimado

4. Considerando que a proposição “Todos os alunos são aplicados” é verdadeira, avalie o valor lógico da sua contrária e da sua subalterna. E se for falsa qual o valor de verdade da sua contrária?

5. Distinga a dedução da indução.

6. Esclareça a razão pela qual a dedução é mais segura do que a indução.

7. Considere os seguintes argumentos silogísticos:

A) Todos os físicos são valorizadores das ciências empíricas.
Alguns racionalistas são valorizadores das ciências empíricas.
Logo, alguns racionalistas são físicos

B) Alguns intelectuais são racionalista
Todos os racionalistas admiram a geometria
Logo, todo o que admira a geometria é racionalista.

7.1. Enuncie a Figura e o modo dos silogismos que A) e B).
7.2. Avalie o valor lógico dos Silogismos A e B). No caso de ser inválido justifique

8. Classifique os seguintes argumentos como dedutivos ou indutivos. Justifique.
A) Os alentejanos são lentos, pois o João é lento e é alentejano e também o Manuel é alentejano e é lento.
B) O João sacrifica-se, pois para ser bom aluno é preciso sacrifício.

9. Formalize canonicamente o seguinte argumento dedutivo: estes homens pensam, logo existem.

sábado, 10 de outubro de 2009

sentidos, imaginação e razão




Sentidos, imaginação e razão são três formas de conhecer. Pelos sentidos vimos os olhos castanhos deste homem, pela imaginação representamo-los verde água, pela razão criámos o seu conceito, que deixa de ter cor. Neste deixar de ter cor está a virtude e o limite da própria razão.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Conectores lógico-sintáticos

Oposição
mas
ao/pelo contrário
compensação
apesar de
entretanto
contudo
todavia
porém

Concessão
embora
ainda que
se bem que
apesar de que
sem que
ainda quando

Comparação
como
conforme
assim como...assim também
mais...do que

Condição
se
a não ser que
desde que
contanto que
uma vez que
salvo se

Premissa
porque
pois
sabendo que
admitindo que
pressupondo que
partindo do princípio
dado que
uma vez que
já que

Conclusão
logo
então
por conseguinte
portanto
por isso
consequentemente
segue-se
infere-se
conclui-se

termos da argumentação

O que é um argumento?

Um argumento é um conjunto de frases, ou com mais rigor, um conjunto de proposições, no mínimo duas, relacionadas entre si segundo uma estrutura tal que uma e só uma é a conclusão do argumento e uma outra ou outras é/são as premissas do argumento.

Vamos agora esclarecer os termos desta definição:

Proposições: as proposições são frases mas nem todas as frases são proposições. Um a frase interrogativa, uma frase imperativa, uma exclamação, um pedido ou uma promessa não são proposições embora sejam frases. Só são proposições as frases declarativas, ou seja, aquelas em que fazemos afirmações das quais se pode dizer se são verdadeiras ou falsas. Às perguntas pode ou não responder-se, às ordens pode ou não obedecer-se, às exclamações pode ou não reagir-se, as promessas são sinceras ou fingidas, etc.; às afirmações e só às afirmações convém a qualificação de verdadeiras ou falsas.

Conclusão: A conclusão de um argumento é a proposição que se afirma com base na outra ou outras proposições do argumento

Premissas: as premissas (ou premissa) de um argumento são as proposições que são afirmadas (ou supostas) como suporte ou apoio da conclusão.

Estrutura ou forma de um argumento: A estrutura ou forma de um argumento é o tipo de nexo lógico ou de relação inferencial que é estabelecido no argumento entre a(s) premissa(s) e a conclusão. Nem toda a sequencia de proposições é um argumento. É necessário que se verifique uma determinada relação de dependência da conclusão relativamente às premissas, cabendo às premissas dar apoio ou garantia à conclusão.

Inferência: chamamos inferência ao processo de trânsito das premissas para a conclusão: a conclusão infere-se das premissas; as premissas suportam ou sustentam a conclusão.

Competências do aluno de Filosofia no final do 11.º Ano

No final do 11º ano, os alunos e as alunas deverão ser capazes de:

Recolher informação relevante sobre um tema concreto do programa e, utilizando fontes diversas - obras de referência, suportes electrónicos ou outros - compará-la e utilizá-la criticamente na análise dos problemas em apreço.
Clarificar o significado e utilizar de forma adequada os conceitos fundamentais, relativos aos temas/problemas desenvolvidos ao longo do programa de Filosofia.
Redigir textos - sob a forma de acta, síntese de aula(s) ou relatório - que expressem de forma clara, coerente e concisa o resultado do trabalho de compreensão e reflexão sobre os problemas filosóficos efectivamente tratados.
Participar em debates acerca de temas relacionados com os conteúdos programáticos, confrontando e valorando posições filosóficas pertinentes ainda que conflituantes e auscultando e dialogando com os intervenientes que sustentam outras interpretações.
Analisar textos de carácter argumentativo - oralmente ou por escrito -, atendendo:
à identificação do seu tema/problema;
à clarificação dos termos específicos ou conceitos que aparecem;
à explicitação da resposta dada ou da tese defendida;
à análise dos argumentos, razões ou provas avançados;
à relação de conteúdo com os conhecimentos adquiridos.

6. Compor textos de carácter argumentativo sobre algum tema/problema do programa efectivamente tratado e acerca do qual tenham sido discutidas distintas posições ou teses e os correspondentes argumentos:
- formulando com precisão o problema em apreço;
- expondo com imparcialidade as teses concorrentes;
- confrontando as teses concorrentes entre si;
- elaborando uma resposta reflectida à questão ou problema.
7. Realizar um pequeno trabalho monográfico acerca de algum problema filosófico de interesse para
o estudante, relacionado com algum conteúdo programático efectivamente abordado e metodologicamente acompanhado pelo docente nas tarefas de planificação.

Conceitos transversais a todas unidades e a serem dominados pelo aluno do Secundário

CONCEITOS GERAIS OU TRANSVERSAIS

absoluto / relativo
formal / material
abstracto / concreto
identidade / contradição
antecedente / consequente
imediatez / mediação
aparência / realidade
intuitivo / discursivo
a priori / a posteriori
particular / universal
causalidade / finalidade
saber / opinião
compreensão / explicação
sensível / inteligível
contingente / necessário
sentido / referência
dedução / indução
ser / devir
dogmático / crítico
subjectivo / objectivo
dúvida / certeza
substância / acidente
empírico / racional
verdade / validade
essência / existência
teoria / prática
finitude / infinitude
transcendente / imanente

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nobel da Química

do PÚBLICO...

Nobel da Química para estudo do ribossoma e da forma como ilustra a evolução de Darwin
07.10.2009 - 11h03 Clara Barata
O ribossoma traduz a informação contida no núcleo da célula, escrita no código do ADN, é traduzida para produzir proteínas, que são os tijolos que que são construídos todos os seres vivos. Os três cientistas este ano premiados com o Nobel da Química recebem o premio por terem estudado a sua estrutura, através de um método denominado cristalografia de raios-X, e por terem cartografado cada um dos centenas de milhares de átomos que constituem esta estrutura existente no interior das células.


Venkatraman Ramakrishnan (EUA, embora nascido na Índia há 57 anos), Thomas A. Steitz (EUA, 69 anos) e Ada E. Yonath (Israel, 70 anos) são os galardoados deste ano.

“A trilogia de prémios iniciou-se com o mais famoso de todos, o de 1962, quando James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins receberam o reconhecimento pela elaboração do modelo atómico da molécula de ADN em forma de dupla hélice”, diz um comunicado da Real Academia de Ciências Sueca. De fora ficou Rosalind Franklin, a cientista que de facto obteve as imagens em cristalografia de raios-X vistas de forma algo subreptícia por Watson e que lhe deram a ideia inspiradora de como seria a verdadeira estrutura do ADN – mas em 1962 Franklin já tinha morrido, de cancro.

Prosseguindo com a sequência da Academia sueca, o segundo prémio da Trilogia Darwin foi atribuído em 2006, a Robert Kornberg, por ter obtido imagens de estruturas em raios-X que demostram como a informação do ADN, contida no núcleo da célula, é copiada pela molécula do ARN mensageiro (ARNm).

Os ribossomas, que estão no centro do palco do Nobel da Química da 2009 e no final desta Trilogia Darwin, são uma das mais complicadas máquinas celulares – e há várias, no interior de cada minúscula célula do nosso corpo, embora funcionem ao nível atómico. Traduzem a informação do ADN para um código que outras máquinas das células conseguem entender, para juntar aminoácidos e produzir proteínas.

A correcção dessa tradução é muito importante, pois o organismo é literalmente feito de proteínas (hemoglobina no sangue, por exemplo, que transporta oxigénio, ou insulina, que controla os níveis de açúcar no sangue) e alguns erros podem ser fatais.

Por isso, os ribossomas existem em todos os seres vivos, das bactérias aos seres humanos – e exactamente por esse motivo, são alvos preferenciais para medicamentos. Se se impedir uma bactéria de produzir correctamente as proteínas de que precisa para produzir as sua camada exterior, por exemplo, é possível torná-la vulnerável e combater uma infecção com antibióticos. Os três laureados com o Nobel produziram modelos tridimensionais que mostram como diferentes antibióticos se ligam aos ribossomas, usados para desenvolver novos medicamentos

11.º Ano - Teste 1 - Lógica Formal

- Definir Lógica
- Clarificar o objectivo da Lógica

- Clarificar o problema da verdade e da validade dos raciocínios

- Identificar os tipos de raciocínio.
- Caracterizar os tipos de raciocínio

- Definir e relacionar conceito e termo
- Caracterizar o conceito
- Definir extensão e compreensão
- Classificar conceitos segundo a sua extensão e compreensão


- Distinguir Juízo de Proposição
- Classificar as proposições quanto à qualidade e quantidade, aplicando o quadrado lógico
- Conduzir as proposições à forma canónica

- Inferir imediatamente

- Distinguir raciocínio indutivo de raciocínio dedutivo
- Apresentar vantagens e desvantagens de cada um dos raciocínios

- Identificar a distribuição dos termos

- Classificar os silogismos categóricos, segundo a sua figura, modo.
- Identificar num juízo a sua conclusão e as suas premissas.

- Identificar falácias no silogismo categórico (aplicar as regras)

Indução e Dedução

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Induzir e deduzir

Nigel Warburton

A indução e a dedução são dois tipos diferentes de argumentos.
Um argumento indutivo envolve uma generalização baseada num certo número de observações físicas. Se eu observar um grande número de animais com pêlo, concluindo a partir das minhas observações que todos os animais com pêlo são vivíparos (isto é, dão à luz crias em vez de porem ovos), estaria a usar um argumento indutivo.
Um argumento dedutivo, por outro lado, parte de certas premissas, passando depois, longinquamente para uma conclusão que se segue dessas premissas. Por exemplo, das premissas “todas as aves são animais” e “os cisnes são aves”, posso concluir, portanto, todos os cisnes são animais: esse é o argumento dedutivo.
Os argumentos dedutivos preservam a verdade. Isto significa que, se as premissas são verdadeiras as suas conclusões têm que ser verdadeiras. Entraríamos em contradição se afirmássemos as premissas e negássemos a conclusão. Assim, se as premissas “todas as aves são animais” e “ os cisnes são aves” são ambas verdadeiras, têm que ser verdade que todos os cisnes são animais.
Ao invés, os argumentos indutivos com premissas verdadeiras podem ter ou não conclusões verdadeiras. Mesmo que todas as observações de animais com pêlo, por mim efectuadas tenham sido fidedignas e que todos os animais sejam de facto vivíparos e mesmo que eu tenha feito milhares de observações, pode vir a descobrir-se que a minha conclusão indutiva de que “ todos os animais com pêlo são vivíparos” é falsa. Na verdade, a existência de um plátipo ornitorrinco, um tipo peculiar de animal com pêlo que põe ovos, significa que se trata de uma generalização falsa.


Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia, Gradiva, Lisboa, 1997, p.172

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Darwin




o bicentenário do Nascimento de Charles Darwin e o 150º aniversário da publicação do livro “A Origem das Espécies estão a ser comemorados com diversas iniciativas um pouco por todo o lado. aqui ficam alguns links interessantes

http://darwin-online.org.uk/

http://www.darwin2009.pt/home/

http://www.darwin200.org/

http://www.cienciaviva.pt/home/

O ser desamparado

Eric Fromm

“Quanto menos completo e estável é o equipamento instintivo do animal, mais desenvolvido é o cérebro e, por isso, a capacidade de aprendizagem. A emergência do homem pode situar-se naquele ponto do processo de evolução em que a adaptação instintiva atingiu o mínimo; contudo, o homem surge dotado de novas qualidades que o distinguem de todos os outros animais: a consciência de si mesmo como entidade distinta, a possibilidade de reter o passado, visualizar o futuro e designar objectos e acções por intermédio de símbolos, a razão que lhe permite conceber e compreender o mundo, e a imaginação que o faz ultrapassar os limites dos seus sentidos. O homem é o mais desamparado de todos os animais, mas esta mesma debilidade biológica constitui a base da sua força, o motor fundamental do desenvolvimento das suas qualidades propriamente humanas.”
Eric Fromm, Ética e psicanálise

Cultura como molde do pensamento e do comportamento

O nosso comportamento, sem que disso tenhamos consciência, inspira-se (…) quase a cada momento em normas que nos servem de guias ou modelos. O nosso penteado, o fato, a linguagem que utilizamos, os gostos culinários ou estéticos, a maneira de exprimir a alegria, a dor, a raiva, e muitas vezes mesmo os nossos pensamentos mais íntimos, tudo isto nos foi proposto, fornecido, ensinado pelo meio em que crescemos e onde evoluímos.
(…) A cultura é efectivamente uma espécie de molde em que são colocadas as personalidades psíquicas dos indivíduos; esse molde propõe-lhe ou fornece-lhe modos de pensamento, conhecimentos, ideias (…). A criança que nasce e cresce numa cultura particular (nacional, regional, de classe, etc.) está destinada a ter que gostar de certos pratos, a comê-los de certa maneira, de ligar determinados sentimentos a determinadas cores, e a casar segundo um rito particular, a adoptar certos gestos ou mímica, a compreender os estranhos numa óptica particular, etc. A mesma criança, se à nascença tivesse sido retirada da sua cultura e submetida a outra, teria gostado de outros pratos, comido de maneira diferente, casar-se-ia seguindo outros ritos, não recorria sequer à mímica e compreendia de maneira diferente os nossos estranhos”.
G. Rocher, Sociologia Geral I, Ed. Presença, Lisboa, pp.71-72; 89; 112-113 e 210

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Distribuição dos termos

Distribuição dos termos

A extensão é o conjunto de coisas ou objectos abrangidos pelo termo (ou conceito) em causa.
Sabemos também que um termo é considerado universal quando se refere à totalidade da sua extensão. Nestes casos, o termo costuma ser precedido um quantificador que indique a universalidade.
Por sua vez, é considerado particular o termo que se refere apenas a parte da sua extensão, sendo antecedido por alguns, existem, certos, etc.
Dizemos que um termo (sujeito ou predicado) se encontra distribuído quando tomado em toda a sua extensão.
Nas proposições de tipo A e E, o termo relativo ao sujeito é universal. Com efeito, essas proporções referem-se a todos os elementos do conceito. Sendo assim, o sujeito encontra-se distribuído.
Nas proposições de tipo I e O, o termo referente ao sujeito é particular, refere-se apenas a alguns elementos. Como tal, não se encontra distribuído.
No que se refere ao predicado, ele apenas se encontra distribuído nas proposições negativas (E e O). Nas proposições afirmativas (A e I), não está distribuído. Para perceber a distribuição (ou não distribuição) do predicado, verifiquemos, nos seguintes exemplos, o quantificador que no-lo indica:

Nas proposições de tipo A
Todos os cães são mortais
Todos os cães são (alguns) mortais

Nas proposições de tipo E
Nenhuns homens são anjos
Nenhuns homens são (todos os) anjos

Nas proposições de tipo I
Alguns homens são santos
Alguns homens são (alguns) santos

Nas proposições de tipo O
Alguns homens não são peixes
Alguns homens não são (todos os) peixes

Sendo assim,

PROPOSIÇÕES ---------- SUJEITO -------- PREDICADO
A ---------- Distribuído -------- Não distribuído
E ---------- Distribuído -------- Distribuído
I ---------- Não distribuído -------- Não distribuído
O ---------- Não distribuído -------- Distribuído

Classificação de Proposições

1. Considere as proposições abaixo enunciadas
1.1. Reconduza à forma canónica
1.2. Classifique as proposições a partir do quadro lógico:
A E I O

1 Quase todos os portugueses gostam de futebol
2 Não há quem não goste de boa comida
3 Há alunos que não são estudiosos
4 Ninguém de bom senso se deixa prejudicar
5 Os cisnes não são negros
6 Há pessoas com sorte
7 Qualquer pessoa gosta de ir à praia
8 Todos os portugueses são simpáticos
9 Não há quem não goste de boa música
10 Nem todos os alunos são cábulas
11 As avós são óptimas cozinheiras
12 Nenhum veneno é saudável
13 Quem tudo quer tudo perde
14 Ninguém de bom senso gosta de violência
15 Não há mentirosos honestos

Clássicos da divulgação científica - 2