domingo, 20 de dezembro de 2009

Marketing infantil


Crianças até aos 7 anos "decidem" 70 por cento do que se compra
Por Renato Duarte

No Natal, o marketing infantil ganha contornos mais nítidos, mas nem todos sabem lidar com o apelo dos mais novos ao consumo no dia-a-dia

Em grande parte das prateleiras de um conhecido hipermercado de brinquedos em Lisboa, o verde é a cor predominante. Há de tudo, desde patins a pistas de carros passando por bonecos iguais a tantos outros, aos olhos dos adultos, apenas com uma pequena grande diferença: a estampa do mais recente herói infantil. Ricardo, com 7 anos, descodifica o mistério rapidamente. O Ben 10 está no topo da sua lista deste ano. Do ecrã de televisão para debaixo da árvore de Natal vai um pulo que é dado com maior ou menor dificuldade consoante o tamanho da carteira dos pais e o poder de persuasão dos filhos.

A utilização de personagens de desenhos animados é apenas uma das muitas formas utilizadas para incutir o desejo de consumo nas crianças. Associação de celebridades a determinados produtos, brindes, clubes infantis, séries juvenis e desenhos animados são outras estratégias que as marcas, de uma forma cada vez mais agressiva, utilizam para aliciar os mais pequenos.

Ricardo terá sorte este ano. O seu herói entrará no sapatinho, ao lado da mais recente pista HotWheels que se juntará, por sua vez, aos modelos de consola que acumulou ao longo de sete natais e aniversários. Nuno Teixeira é o pai e neste momento está desempregado, Rute Teixeira, a mãe, é empregada de escritório. "Normalmente, tento sempre ceder ao que ele pede, pelo menos ao que mais gosta. Quando digo que não, poderá ser por não ter possibilidades ou por achar que não é adequado", diz Rute, que acrescenta: "Noto que os anúncios que mais passam na TV são os brinquedos que ele mais pede. Raramente venho com ele às compras porque senão ele pede tudo."

Não há dúvida: para os marketeers, os mais pequenos são um alvo fundamental. "Actualmente, as crianças até aos 7 anos são responsáveis por cerca de 70 por cento das opções de consumo das famílias. Não apenas em produtos que a elas se destinam directamente. Qualquer compra feita por um pai ou mãe tem em conta as necessidades e preferências das crianças. Elas são muito tidas em conta na hora das escolhas", diz ao PÚBLICO Luísa Agante, docente da cadeira de Experiências de Consumo no Instituto Português de Administração e Marketing e investigadora na área do marketing infantil. "Quando se vende um carro e se salientam as características que eventualmente beneficiam uma família com filhos, conseguimos perceber que o mercado tem consciência do peso que as crianças têm nas decisões dos pais", fundamenta a investigadora.

"Vamos aos carros", diz António, sentado num carrinho de compras, com a articulação que os seus três anos lhe permite. Ao volante das compras está Teresa Ventura. "Vamos, mas é só para ver. Ele sabe que não leva nada. Já se habituou a nem sequer pedir", diz a mãe, empresária, em conjunto com o marido, na área da consultoria de marketing. "Acho que os miúdos têm imensos brinquedos hoje em dia. Ele tem dois brinquedos grandes e pronto. Recebe brinquedos que nem chega a abrir e vão directos para crianças que nunca tiveram a alegria de ter um presente. É muito importante que ele perceba que as coisas não são fáceis e que não pode ter tudo o que quer".

A família não é democrática

Teresa, que também é mãe de Manuel, 10 meses, não vê a agressividade da publicidade dirigida a crianças como um problema, assumindo que os pais têm o controlo das opções de consumo familiares. "O que eu compro sou eu que decido, eles não têm de ter opinião, por enquanto, a esse respeito. Têm de se habituar a ver muita coisa que não podem ter."

Uma opinião que é partilhada pelo terapeuta familiar Daniel Sampaio: "A família não é uma estrutura democrática. As regras de consumo têm de ser determinadas pelos pais. Todos os estudos dizem que são os pais quem mais influencia as crianças. Se a educação for coerente com certos princípios, o peso do marketing diminui."

Ainda assim, o terapeuta ressalva que "os pais estão muito preocupados com os seus filhos e por isso ficam inseguros, acabando por ser permissivos e não conseguir impor autoridade". Sampaio acrescenta: "O grande trabalho da família, relativamente à publicidade, deve ser o de ajudar as crianças a descodificar as mensagens de que vão sendo o alvo e aqui também a escola deve ter um papel importante."

O papel da escola

É precisamente neste sentido que Luísa Agante desenvolve o seu trabalho neste momento, através do programa Mediasmart. Em vigor em Portugal desde 2008, este programa pretende introduzir na estrutura curricular do 1.º e 2.º ciclos módulos de sensibilização para o que é a publicidade e os mecanismos que utiliza, envolvendo pais, professores e investigadores na tarefa de preparar as crianças para a quantidade de estímulos publicitários de que são alvo a todo o momento.

Apesar de tudo, na opinião da investigadora, em Portugal o problema é menor do que nos EUA, por exemplo, em que a legislação é quase inexistente. "Portugal beneficia de uma grande auto-regulação. O que se verifica é que, quando há um atropelo ético, na maioria dos casos, ele acontece por falta de conhecimento sobre os efeitos que uma determinada campanha terá sobre o público a que se dirige. Daí a importância dos estudos nesta área. Os profissionais do marketing têm uma grande consciência do que podem ou não fazer."




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Livros de Férias - 2

O PÊNDULO DE FOUCAULT de Umberto Eco
Tradução: José Colaço Barreiros
Colecção: Literatura Estrangeira
Ano de Edição: 1988
Nº Páginas: 566

Antes dos templários e as conspirações para o governo do mundo serem tema de conversa, U. Eco escreveu este romance construído a partir de pedras históricas da nossa civilização.

Outra boa forma de viajar no tempo e no espaço a preço reduzido.

Livros de Férias - 1

Este romance é uma lição de U. Eco e é a forma mais simples de viajar até à alta Idade Média e conhecê-la profundamente de forma divertida


O NOME DA ROSA de Umberto Eco

Tradução: Maria Celeste Pinto
Colecção: Literatura Estrangeira
Ano de Edição: 1984
Nº Páginas: 502

Estamos em 1327. Numa abadia beneditina reúnem-se os teólogos de João XXII e os do Imperador. O objecto da discussão é a pregação dos Franciscanos, que chamam a igreja à pobreza evangélica e, implicitamente, à renúncia ao poder temporal.

Guilherme de Baskerville, tendo chegado com Adso pouco antes das duas delegações, encontra-se subitamente envolvido numa verdadeira história policial. Um monge morreu misteriosamente, mas este é apenas o primeiro dos sete cadáveres que irão transtornar a comunidade durante sete dias. Guilherme recebe o encargo de investigar esses prováveis crimes. O encontro entre os teólogos fracassa, mas não a investigação do nosso Sherlock Holmes da Idade Média, atento decifrador de sinais, que através de uma série de descobertas extraordinárias, conseguira no final encontrar o culpado nos labirintos da Biblioteca.

objectos indispensáveis - 2

sábado, 19 de dezembro de 2009

objectos indispensáveis - 1

A publicidade é manipulação do auditório?

Ana Carolina Trabulo - 11.º A


Vivemos num mundo cada vez mais consumista, onde tudo parece mais descartável. O tempo dedicado a ver televisão, a aceder à internet, a ler revistas e jornais – entre outros – preenche grande parte dos dias das pessoas que vivem nas cidades mais desenvolvidas industrialmente.
Os media, a publicidades, o marketing têm o poder de seduzir. Os agentes económicos criam alianças para a obtenção de poder económico e/ou reconhecimento. Tudo isto através da influência social e do dinheiro.
O que passa nas televisões é mediatizado, onde um acontecimento irrelevante é transformado em acontecimento. Este sensacionalismo faz aumentar as audiências e consequentemente o lucro. O fenómeno mediatizado gera uma promoção à volta do assunto sobre o qual se debruça. Porém, para além de promover, também tem o poder de destruir. Resultando, em suma, numa grande percentagem de cidadãos mal informados, intoxicados por meias verdades, criando opiniões essencialmente manipuladas. Por isso os media são apelidados de quarto poder (para além dos três conhecidos: poder legislativo, executivo e judicial).
Em resposta à pergunta inicial, a publicidade é manipuladora. Esta é a tese que defenderei.
A publicidade é a divulgação de produtos e serviços. É uma comunicação de carácter persuasivo que visa defender os interesses económicos de uma indústria, empresa, grupo sócio-económico. Desta forma, o principal objectivo da publicidade é fazer com que a mensagem chegue ao auditório alvo e convencer o público sobre o que deve consumir, comprar, escolher. Os meios e métodos utilizados nem sempre provocam no público a melhor opção de escolha, pois esta é mascarada (manipulada).
Para conseguir este fim os agentes publicitários elegem um público-alvo, trabalham de forma eficiente a imagem e o som e optam por um discurso cuidado onde só atribuem mérito ao produto e nunca as suas fraquezas.
O facto de se centrarem num tema específico faz com que elejam um auditório particular, com determinadas características. Isto permite-lhes aceder ao inconsciente e assim dirigir a conduta do consumidor. Há então um uso eficiente do pathos onde os conteúdos publicitários são dirigidos às emoções do espectador, remetendo para valores e desejos ocultos (que permanecem no subconsciente) privando-o emocionalmente e anulando a sua capacidade de raciocinar.
Ao impedir a livre adesão do auditório à tese, o orador está a obrigar o receptor (auditório) a aderir a dada mensagem. Esta imposição por parte do orador nega a possibilidade do auditório poder aceitar ou recusar a mensagem. A manipulação é isso mesmo, paralisar o juízo e em tudo fazer para que o receptor abra ele próprio a sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não aprovaria. Impõem-se a palavra em vez de permitir a sua livre circulação. E isto compromete a autonomia e a identidade do indivíduo.
Conseguindo informações sobre aspectos da personalidade do auditório e escolhendo imagens e sons apropriados, impede os sujeitos de se aperceberem de que estão a ser manipulados. O homem, não tendo plena consciência dos desejos e valores ocultos que fazem parte da sua personalidade, deixa então de ter controlo sobre a sua decisão, sobre o motivo que o leva a agir.
A publicidade influência as pessoas, tornando as coisas diferentes do que são realmente, disformes. Esta passividade do consumidor faz da publicidade uma poderosa arma de manipulação e de influência sobre as suas decisões e opiniões.
Há a considerar uma parte da publicidade aparentemente não comercial, mais informativa, como por exemplo aquelas associadas a problemas genéricos da sociedade. Estas, na minha opinião, não visam a adesão incondicional ao assunto particular mas sim um despertar de consciências onde o único propósito é proporcionar às pessoas um momento de reflexão sobre o que se passa no mundo. No fundo, acaba por ser uma consequência de toda a manipulação em que estamos mergulhados. Uma coisa é a realidade publicitária que a televisão transmite e outra coisa bem diferente é a realidade do mundo que nos rodeia.
A publicidade, ensinando formas de consumo, modela as escolhas das pessoas. A ilusão criada através do apelo aos afectos e da deformação do real faz com que a mensagem seja imposta ao auditório sem que este tenha o seu consentimento. Procura suscitar em nós necessidades mediante um código que não se interpreta por meio da razão (logos), mas que vá directamente dirigido às emoções (pathos), onde também poderá influenciar o prestígio do produto em questão (ethos), e creio que é estas são as principais bases da manipulação.
Tendo isto em conta e o que foi dito inicialmente é natural que, nesta sociedade consumista, a publicidade tenha vindo a ter grande presença e a fazer parte dos nossos dias. Estando esta associada a uma comunicação tendenciosa, é importante que as pessoas tenham cultura para não se deixam levar, para pensem por si mesmas.

Fontes consultadas:
MAGALHÃES, Olga; COSTA, Fernando; Entre Margens – Português 11º ano; Porto Editora (Porto), pp.47 e 48
PAIVA, Marta; TAVARES, Orlanda; Contextos – Filosofia 11º ano; Porto Editora (Porto)
http://criticanarede.com/html/filos_ensaiofilosofico.html (consulta: 10-12-09)
http://www.saudelar.com/edicoes/2002/marco/principal.asp?send=socio.htm (consulta: 10-12-09)
http://cyberdemocracia.blogspot.com/2008/10/linguagem-da-publicidade-1.html (consulta: 10-12-09)

Avatar - o novo mundo






http://ipsilon.publico.pt/Cinema/filme.aspx?id=245635
O novo mundo
Avatar
De: James Cameron
Com: Sam Worthington, Zoe Saldana, Sigourney Weaver, Stephen Lang
Género: Acção, Aventura
Classificacao: M/12


Crítica Ípsilon por:
Jorge Mourinha

O longamente aguardado épico 3D de James Cameron é um espantoso exercício visual onde a demiurgia ganha aos pontos à dramaturgia

Vamos começar pelo paradoxo: "Avatar" não precisa do 3D para nada, mas não seria nada sem ele. Ou seja: a história que Cameron quer contar - a redenção de um soldado humano como líder de um povo alienígena - é herdada de séculos de histórias de aventuras exóticas (veio-nos à cabeça, vá-se lá saber porquê, "As Quatro Penas Brancas"), resiste intacta a qualquer tecnologia mais ou menos avançada. É verdade que, por si só, os efeitos visuais impecáveis de "Avatar" justificariam a visão "normal". No entanto, percebemos rapidamente o que é que atraiu Cameron no uso do 3D - a possibilidade de imergir o espectador num universo ficcional, de subir ao patamar superior da criação, de ser, em suma, uma espécie de "demiurgo sofisticado", batendo a galáxia longínqua de George Lucas aos pontos no seu próprio terreno. Mas não o faz, de todo, de modo sobranceiro ou altaneiro - antes com o prazer arregalado de um contador de histórias que convida os que o rodeiam a entrar no jogo, com a entrega de um miúdo a brincar ao faz-de-conta e que quer que os outros vejam o mundo que ele está a criar e desfrutem dele como ele o faz.

É por essa "démarche" de sedução e convite que Cameron ganha "Avatar", durante as suas primeiras duas horas, como um guia turístico que leva o seu tempo a mostrar as belezas naturais de Pandora ao visitante. E, inteligência suprema, faz o espectador vê-lo através dos olhos de Jake Sully, o soldado paraplégico projectado sensorialmente num corpo geneticamente construído, misto de ADN humano e alienígena, tal como a sua história é um misto de ficção científica futurista e mito tribal primitivo, tal como o seu filme é uma combinação de imagem real tradicional e virtual "state of the art".

"Avatar" é um híbrido - e essa é a sua grande força e a sua principal fraqueza. Cameron não é o argumentista mais inventivo do mundo e nunca primou pela subtileza, pelo que a sua história parece um "megamix" de ideias recicladas de outros e melhores filmes (alguns deles até seus), sem o distanciamento meta-narrativo ou pós-moderno que a tornaria contemporânea. Ao mesmo tempo, a sua concepção psicadélico-fluorescente do povo alienígena Na''vi está demasiado próxima da visão tradicional do "bom selvagem", abraçando os lugares-comuns bocejantes de uma boa consciência ecológica que encontram o seu oposto ideal na vilania de papelão do militar mercenário. Não é preciso muito para perceber que, sim, Cameron gosta do melodrama clássico, básico, simples, e não há nada de mal nisso. Mas, no modo como tudo perde progressivamente gás em direcção a um final que se adivinha à distância, a sensação que fica é a de uma versão extra-terrestre da luta das tribos nativas contra a civilização ocidental, que abre portas e pistas que nunca mais acabam mas que fica sempre aquém do que podia ser - que nunca ganha verdadeiramente espessura para lá do arquétipo porque o realizador se distraiu com a caixa de brinquedos visual que ele próprio criou.

A verdade é que o percebemos. Raras vezes conseguimos olhar para um filme e sentir que estamos a ver qualquer coisa, outra coisa, alguma coisa que vai para lá daquilo a que estamos habituados, e que não se quer limitar a pintar quadros mas quer que esses quadros ganhem vida e nos toquem da mesma maneira que o tocaram a ele. Cameron conseguiu fazê-lo em todos os seus filmes anteriores, mas a pulsão criativa de "Avatar" é esmagadora, até mesmo alucinogénica no grau de detalhe com que todo este universo extra-terrestre é concebido, e no modo como Cameron o usa como reflexo e ressonância da história que conta. Poder-se-ia dizer que é um filme de um director artístico mais do que um realizador, mas isso é negar que Cameron sempre procurou que as suas epopeias tecnológicas tivessem uma alma humana; e, mesmo que nem tudo esteja no ponto em "Avatar", há emoção e arte e vida em Pandora. Que existiria mesmo sem o 3D, mas que, com a tecnologia, faz a diferença entre a admiração distante e a partilha.

James Cameron criou um universo dentro da sua cabeça e quis-nos convidar a visitá-lo, sem segundas intenções que não a de nos mostrar um espectáculo que nunca vimos antes. Quando foi a última vez que um cineasta nos fez um convite destes?

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

É Legítima a publicidade para crianças? - Resposta 1

Rita Novo - 11.º B


O meu interesse por este tema prende-se com o interesse pela aprendizagem e pela desenvoltura das crianças em saber “ler publicidade”.
Mas será que deve então existir publicidade dirigida a crianças?
Esta é, sem dúvida, uma questão importante que deve ser discutida uma vez que pode ter implicações na infância de uma criança.
A infância é um período de grande desenvolvimento físico mas mais do que isso, é um período em que o ser humano se desenvolve psicologicamente, o que envolve graduais mudanças no comportamento e na aquisição das bases de personalidade.
Penso que apesar de tudo o que, com razão, se lhe possa criticar, é credível que se faça publicidade dirigida a crianças. A publicidade ajuda as crianças a crescerem.
Por exemplo, o Media Smart é uma iniciativa da Associação Portuguesa de Anunciantes e consiste num programa de literacia sobre publicidade nos diferentes meios de comunicação dirigido às crianças do 1º e 2º ciclos a ser introduzido em todas as escolas com vista a ensinar os mais pequenos a "ler a publicidade", a perceber exactamente o que é transmitido e a saberem discernir o que é válido, bom ou necessário do que é lesivo, inútil ou ofensivo.
Na primeira escola em que arrancou este programa uma das frases escolhidas pelos alunos para exemplificar um benefício da publicidade foi "Alguns anúncios transmitem informações importantes sobre saúde e segurança rodoviária"; o que demonstra capacidade de distinção entre os bons e os maus anúncios. As crianças conseguem ver as coisas boas da publicidade e identificá-las, ou seja, podem tirar um bom partido desta. Além disso, podem aprender a definição do bom e do mau, a noção do que faz bem e do que faz mal.
Como mau exemplo, um aluno referiu que se "uma pessoa está a tentar poupar e aparece um reclame a dizer para comprar um carro caro, pode levar a pessoa a fazer coisas más como assaltar um banco para poder comprar". Este exemplo não está errado de todo. A Publicidade joga com o carácter conotativo e simbólico da mensagem e das diferentes linguagens que usa, que remetem para o domínio emocional do auditório e para valores e desejos “ocultos” e inconscientes. Por exemplo, se uma pessoa tem o desejo de ascender socialmente e se o anúncio a um carro exibir luxo e demonstrar charme e poder por parte do indivíduo que vai a conduzir determinado carro, é provável que o sujeito sinta vontade de comprar o carro e de ficar nas mesmas condições e no mesmo cenário que estão adjacentes a essa compra.
Contudo o auditório tem que ser racional e ter em conta a suficiência de provas apresentadas, a plausibilidade das premissas e a adequabilidade das mesmas à conclusão. Qualquer pessoa, adulto ou criança, deve saber distinguir a realidade da ficção. Principalmente as crianças devem começar a ter essa noção.
Apesar disso, não faz mal deixar as crianças sonhar. As crianças precisam de viver a sua inocência, de imaginarem e “viverem” as suas fantasias. Aliás, nesta época natalícia que se aproxima, a publicidade pode ser uma grande ajuda para os pais perceberem as preferências dos filhos e para escolherem presentes que lhes agradem.
Retomando as frases que os meninos disseram durante o debate sobre este tema, outras importantes foram: "os anúncios fazem com que as crianças queiram coisas que são más para elas, como as guloseimas", "são ofensivas ou encorajam maus comportamentos e fazem os pais gastar demasiado dinheiro, porque levam as crianças a insistir para que lhes comprem coisas". É nítido nestas frases que as crianças já começam a ter alguma aptidão para criticar o que vêm na televisão e é mesmo necessário que elas desenvolvam essa capacidade de intervir e de desenvolver as suas opiniões.
É claro nem sempre isto se verifica, por exemplo, um dos alunos disse "pedi para me comprarem uma playstation portátil que tinha visto anunciarem na televisão. E consegui!”. “A decisão de consumo cabe aos consumidores” como disse a secretária-geral da APAN. É inevitável que todos os pais devam estar alertados para o que está por detrás dos anúncios. Todos os pais têm o dever de educar os seus filhos e isso passa também por controlar o que fazem, o que vêm na televisão e na internet, a que horas e por quanto tempo. A propósito disto mesmo, o hábito crescente de colocar uma televisão no quarto das crianças é um hábito a evitar.
Não há que evitar a publicidade, há que aproveitá-la de forma benéfica. Por exemplo, se algum menino não gostar de leite e até vir um outro da mesma idade na televisão a beber e a ficar grande, saudável feliz, pode ser um bom incentivo para que ele mesmo também comece a beber leite.
Voltando atrás e para completar esta ideia, também é dever dos encarregados de educação ensinar a “ler a publicidade” ajudando-os a filtrar toda a informação que lhes chega pela televisão, pela internet e pelos panfletos que tão frequentemente encontramos nos estabelecimentos comerciais a anunciarem os demais brinquedos.
Creio que não é necessário abolir a publicidade dirigida às crianças. Assim como as crianças têm que aprender como atravessar uma estrada e a evitar os contactos com desconhecidos, também têm que aprender a lidar com o mundo real.
De facto estão imersas numa sociedade de consumo. Estão imersas em publicidade. Mas não se trata de eliminar o risco. Trata-se de aprender a reflectir.
As crianças devem sonhar e voar com a publicidade; devem ser felizes e estar alegres como é natural da sua idade mas também devem começar a entendê-la e ir crescendo aos poucos uma vez que a comunicação publicitária é inevitável.

Publicidade - uma forma de manipulação? Resposta 3

Ana Carolina Trabulo - 11.º A

Vivemos num mundo cada vez mais consumista, onde tudo parece mais descartável. O tempo dedicado a ver televisão, a aceder à internet, a ler revistas e jornais – entre outros – preenche grande parte dos dias das pessoas que vivem nas cidades mais desenvolvidas industrialmente.
Os media, a publicidades, o marketing têm o poder de seduzir. Os agentes económicos criam alianças para a obtenção de poder económico e/ou reconhecimento. Tudo isto através da influência social e do dinheiro.
O que passa nas televisões é mediatizado, onde um acontecimento irrelevante é transformado em acontecimento. Este sensacionalismo faz aumentar as audiências e consequentemente o lucro. O fenómeno mediatizado gera uma promoção à volta do assunto sobre o qual se debruça. Porém, para além de promover, também tem o poder de destruir. Resultando, em suma, numa grande percentagem de cidadãos mal informados, intoxicados por meias verdades, criando opiniões essencialmente manipuladas. Por isso os media são apelidados de quarto poder (para além dos três conhecidos: poder legislativo, executivo e judicial).
Em resposta à pergunta inicial, a publicidade é manipuladora. Esta é a tese que defenderei.
A publicidade é a divulgação de produtos e serviços. É uma comunicação de carácter persuasivo que visa defender os interesses económicos de uma indústria, empresa, grupo sócio-económico. Desta forma, o principal objectivo da publicidade é fazer com que a mensagem chegue ao auditório alvo e convencer o público sobre o que deve consumir, comprar, escolher. Os meios e métodos utilizados nem sempre provocam no público a melhor opção de escolha, pois esta é mascarada (manipulada).
Para conseguir este fim os agentes publicitários elegem um público-alvo, trabalham de forma eficiente a imagem e o som e optam por um discurso cuidado onde só atribuem mérito ao produto e nunca as suas fraquezas.
O facto de se centrarem num tema específico faz com que elejam um auditório particular, com determinadas características. Isto permite-lhes aceder ao inconsciente e assim dirigir a conduta do consumidor. Há então um uso eficiente do pathos onde os conteúdos publicitários são dirigidos às emoções do espectador, remetendo para valores e desejos ocultos (que permanecem no subconsciente) privando-o emocionalmente e anulando a sua capacidade de raciocinar.
Ao impedir a livre adesão do auditório à tese, o orador está a obrigar o receptor (auditório) a aderir a dada mensagem. Esta imposição por parte do orador nega a possibilidade do auditório poder aceitar ou recusar a mensagem. A manipulação é isso mesmo, paralisar o juízo e em tudo fazer para que o receptor abra ele próprio a sua porta mental a um conteúdo que de outro modo não aprovaria. Impõem-se a palavra em vez de permitir a sua livre circulação. E isto compromete a autonomia e a identidade do indivíduo.
Conseguindo informações sobre aspectos da personalidade do auditório e escolhendo imagens e sons apropriados, impede os sujeitos de se aperceberem de que estão a ser manipulados. O homem, não tendo plena consciência dos desejos e valores ocultos que fazem parte da sua personalidade, deixa então de ter controlo sobre a sua decisão, sobre o motivo que o leva a agir.
A publicidade influência as pessoas, tornando as coisas diferentes do que são realmente, disformes. Esta passividade do consumidor faz da publicidade uma poderosa arma de manipulação e de influência sobre as suas decisões e opiniões.
Há a considerar uma parte da publicidade aparentemente não comercial, mais informativa, como por exemplo aquelas associadas a problemas genéricos da sociedade. Estas, na minha opinião, não visam a adesão incondicional ao assunto particular mas sim um despertar de consciências onde o único propósito é proporcionar às pessoas um momento de reflexão sobre o que se passa no mundo. No fundo, acaba por ser uma consequência de toda a manipulação em que estamos mergulhados. Uma coisa é a realidade publicitária que a televisão transmite e outra coisa bem diferente é a realidade do mundo que nos rodeia.
A publicidade, ensinando formas de consumo, modela as escolhas das pessoas. A ilusão criada através do apelo aos afectos e da deformação do real faz com que a mensagem seja imposta ao auditório sem que este tenha o seu consentimento. Procura suscitar em nós necessidades mediante um código que não se interpreta por meio da razão (logos), mas que vá directamente dirigido às emoções (pathos), onde também poderá influenciar o prestígio do produto em questão (ethos), e creio que é estas são as principais bases da manipulação.
Tendo isto em conta e o que foi dito inicialmente é natural que, nesta sociedade consumista, a publicidade tenha vindo a ter grande presença e a fazer parte dos nossos dias. Estando esta associada a uma comunicação tendenciosa, é importante que as pessoas tenham cultura para não se deixam levar, para pensem por si mesmas.

Publicidade - uma forma de manipulação? Resposta 2

Sara Felizardo - 11.º B



O uso da palavra tanto serve para a verdade como para dizer a mentira, tanto para o bem como para o mal. Mas a partir da argumentação, surgem múltiplas verdades que a sociedade tem legitimidade de contestar. Mas… e se não possuir competência retórico-argumentativa? Poderá ser alvo de má fé, comprometendo a sua autonomia e identidade?
Para diferenciarmos certas publicidades, teremos de constatar a relação dos conceitos de Ethos, Pathos e Logos em que poderá predominar um em vez dos outros. Uma vez realçando o Pathos, já dizia Aristóteles, era uma actividade manipuladora que fazia com que o auditório se esquecesse de quem era pelo grande envolvimento emocional. Naturalmente, verificamos que a publicidade falaciosa pressupõe uma manipulação em que consiste o poder sobre o seu auditório sem este se aperceber, uma imposição que o poderá constringir de compartilhar a sua opinião ou adoptar um determinado comportamento. Quando não nos sentimos à vontade com algum assunto específico, somos facilmente enganados pela linguagem sofisticada, jogo de palavras, difícil de dominar e de extremo poder expressivo, somos obrigados subtilmente.
No meu entender, não querer ouvir o outro é refutar sem quaisquer razões, simplesmente negando a liberdade de expressão e de recepção, de aceitar ou não a sua mensagem, e assim, a não existência de dialéctica (o confronto entre duas teses/ideias). Contudo, hoje em dia apesar de nos sentirmos mais instruídos, está nas nossas mãos pronunciarmo-nos ou fiarmo-nos no que nos impõem, ou seja, cabe-nos a nós garantir a verdade e não encobrir a mentira. Enfim, o mau uso da retórica designada como retórica negra na publicidade existe conscientemente quer no apelo à emoção e aos sentimentos do auditório ou pelo o uso de falácias e sofismas no seu discurso. Recorrendo a comportamentos, ao excesso de figuras de estilo, a figuras artísticas, à criação de situações de medo pelo uso abusivo da autoridade, à repetição, à sincronização entre os sujeitos e hipnose que torna incapaz de resistir à mensagem e até o recurso ao contacto físico que impressionam o público, sendo capaz de mentir sobre os factos e deformar a realidade induzindo à ilusão como ainda dissimula-los para se pretender a adesão involuntária, tudo isto para fazer aceitar determinada tese através da influência da mente humana.
Para finalizar, podemos prevenir-nos colocando alguns limites à persuasão existente na publicidade, uma imposição de regras fundamentais para o exercício de liberdade através do domínio da ética exigindo uma reflexão, por consequente que impeçam a manipulação.
E apesar do orador aprovar a tese, a «culpa» é nossa, do auditório de aceitarmos a falsidade dessa publicidade e ficarmos tão emocionalmente seduzidos que não temos consciência das nossas atitudes, do nosso juízo, perdemos a capacidade comunicativa e argumentativa. “Não saber usar da palavra para convencer não será, no fim das contas, umas das grandes fontes de exclusão?”

Publicidade - uma forma de manipulação? Resposta 1

Sara Ramos

A publicidade é uma actividade de difusão pública de ideias associadas a empresas, produtos ou serviços. Hoje em dia a publicidade encontra-se espalhada por toda a parte, sendo maioritariamente destinada à venda de um produto ou serviço, utilizando diversos métodos e um planeamento rigoroso. Toda a publicidade tem em conta um público-alvo específico e por isso, esmera-se para apelar aos instintos profundos de um determinado grupo e assim despertar o desejo de compra. Mas é o carácter do orador (Ethos), os sentimentos despertados pelo discurso (Pathos) e o próprio discurso em si (Logos) que fazem toda a diferença quando se trata de persuadir um determinado público a aceitar a tese colocada, neste caso, a compra do produto.
Mas, será que podemos admitir que a publicidade que circula na sociedade de hoje é toda ela manipuladora? Não existirá, portanto, nenhuma réstia de bondade na publicidade?
A meu ver, esta ideia – pressuposta na pergunta – é extremamente exagerada já que não podemos afirmar que toda a publicidade manipula a sociedade.
A manipulação baseia-se em controlar a vontade do outro sem que este se aperceba, sendo que o orador se recusa a ouvir o que outra pessoa diz, tentando enganá-la com um discurso falacioso. Já a persuasão expõe os argumentos tentando convencer o outro a aceitar a tese, sem interferir na liberdade de escolha pensamento deste, sendo a aceitação da tese apresentada dependente apenas do auditório.
Qualquer pessoa com espírito crítico será capaz de não sucumbir as tentações por parte de algumas publicidades de cariz manipulador, e ser capaz de diferenciar aquilo que lhe é necessário daquilo que lhe é supérfluo, mesmo que se sinta tentado. Muitas vezes, somos tentados a comprar um certo produto devido a emoções despertadas pela sua publicidade, sendo isto uma técnica de marketing. Todas as imagens, cores, frases, emoções e valores subliminares são estudados até ao último pormenor com o intuito de chamar a atenção do público e produzir consumo.
Quanto à bondade, creio que esta não desapareceu por completo da publicidade já que esta também tem um grande papel informador sobre diversos assuntos. Por exemplo, no caso de acções de caridade social, organizações não governamentais ou outros organismos cujas publicidades pretendem alertas o público para causas importantes, apelando à boa fé do auditório.

Após uma reflexão, penso que toda a publicidade é apenas persuasiva, pois se tivermos espírito crítico para analisar atentamente a sua mensagem, nunca cairemos numa armadilha de consumismo desmedido.

sábado, 12 de dezembro de 2009

publicidade para DEScontrair

TRABALHOS INDIVIDUAIS A CHEGAR ...

a bom ritmo. Sábado de grande produção.


Em breve (dia 13) serão aqui disponibilizados alguns...

Persuasão Vs manipulação




Publicitar a chegada do Pai Natal. Parece bom, o Pai Natal produz felicidade nas crianças.

Mas se o anúncio da chegada do Pai Natal visa levar os pais das crianças ao espaço comercial e a estabelecer laços de simpatia (emoções positivas)?
Há uma intenção oculta? Ou ela não é assim tão oculta? É manipulação ou ainda uma forma de persuasão?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Publicidade 8 - Análise da retórica da publicidade

Liliana e João - 11.ºE



Tese: venda da linha de tratamento Especial Açai.
Ethos: a mulher presente no anúncio transmite uma sensação de alegria, bem-estar, segurança em si própria e está em destaque pelo seu sorriso.
Pathos: quem comprar este produto, sentir-se-á bonita e importante, como se brilhasse e fizesse diferença no meio das outras mulheres.
Público-alvo: mulheres adultas.
Valores e jogos simbólicos: A cor roxa do anúncio e dos produtos transmite calma, serenidade, um “mundo perfeito”. Transmite também frescura, também porque o roxo é uma cor fresca.
Falácias: Está presente a falácia ad populum, uma vez que pretende provocar a adesão do auditório a este produto por uma via emocional e usa um modelo para iludir o público.

Liliana Cecílio 11ºE nº12 e João Viegas 11ºE nº11

Publicidade 7 - Análise da retórica da publicidade

Anos 60

Publicidade 6 - Análise da retórica da publicidade

Um frango atlético?



Ana e Ana - 11.º A

domingo, 6 de dezembro de 2009

Divertido. Mas existe legitimidade ao usar a criança?

Dizem que a Terra suporta mais 2ºC. Será?


Dizem que a Terra suporta mais 2ºC. Será?
É uma ideia política mas cada vez mais consensual: temos de fazer tudo para manter o aumento da temperatura global abaixo dos dois graus Celsius até 2100. Mas há muitas incertezas. O gigantesco esforço necessário para não ultrapassar este valor começa a ser discutido amanhã na cimeira de Copenhaga. Por Ricardo Garcia

Reportagem em
http://jornal.publico.clix.pt/noticia/06-12-2009/dizem-que-a-terra-suporta-mais-2%c2%bac-sera-18353710.htm

sábado, 5 de dezembro de 2009

Publicidade 5 - Análise da retórica da publicidade


11.º B - Tânia e Sara

Auditório:
O auditório compreende mulheres dos 30 a 55 anos, com capacidades económicas avantajadas, que lhes permite viajar enumeras vezes em que, na maioria, são professionalmente realizadas e com um estilo de vida urbano.
Tese:
Não se deve comprar nem usar peles genuinas pois estamos a contribuir para a morte de diversos animais exóticos.
Logos:
Para que se compre peles de animais exóticos, é necessário matá-los.
Se matar estes animais é considerado uma carnificina,
Quem compra estas peles participa na carnificina.

Pathos:
Este cartaz publicitário pertende chocar o auditório, provocando sentimentos de pena pelos animais em causa e um nojo por toda esta carnificina.
Ethos:
A instituição que promove esta causa é a WWF (World Wild Foundation) em que a sua função é conservar e salvaguardar a biodiversidade, bem como todo o nosso planeta. Para sensibilizar as pessoas para a morte destes animais, utilizam imagens chocantes com o intuito de promover a sua causa.
Mensagens sublimares:
Esta publicidade baseia-se numa persuasão sensata pois utiliza argumentos lógico-racionais (Logos) sendo que as provas apresentadas são suficientes.
Não é uma publicidade manipuladora, pois apela à boa fé do auditório e pertende manifestar-se contra algo que julga ser incorrecto.
Valores:
Implícitos: revolta, remorsos, insensibilidade.
Explícitos: carnificina, vida (morte dos animais), tristeza.
Falácias:
Podemos encontrar nesta publicidade falácias do tipo ad terrorem pois invoca consequências negativas para pressionar o auditório a aceitar a sua tese; e ad misericordiam que apela ao sentimento de piedade ou compaixão para conseguir que uma determinada conclusão seja aceite.

Publicidade 4 - Análise da retórica da publicidade

11.B Ana e Álvaro




1) Auditório – Público-alvo: este cartaz publicitário foca-se mais nas mulheres donas de casa e que desempenham tais funções no seu dia-a-dia.

2) Tese – a ideia que se pretende passar é a de que com o electrodoméstico “Brandt” a mulher fica com todo o tempo para aquilo que precisa, o que é o sonho de qualquer mulher.

3) Logos – A publicidade faz-se à marca de electrodomésticos, contudo, por incrível que pareça, a importância da imagem vai para uma mulher que se apresenta em 4 poses diferentes, ocupando estas 2/3 do cartaz. De salientar que a mulher apresenta-se com um à-vontade de quem está muito tranquila e respira sensualidade e bom gosto. O texto que acompanha a imagem possui a função argumentativa: por um lado refere-se às características do forno e por outro procura persuadir o consumidor a comprar o produto para que “aproveite todos os minutos para fazer o que realmente deseja”.

4) Ethos – Embora o produto seja útil, tratando-se de um electrodoméstico, o que é realçado é a beleza, a elegância, a descontracção, a alegria, a felicidade, a sensualidade, o à-vontade e o bom gosto da mulher, tanto no seu passatempo que a distrai (pintar), no seu papel de esposa do Rui, de mãe e de profissional (arquitecta). Este é o carácter que é incutido na mensagem do anúncio, demonstrado através da imagem.

5) Pathos – O leitor começa por prestar atenção à imagem expressiva e questiona-se sobre o porquê das posições diferentes da mulher, que ainda por cima é muito atraente. Só depois se apercebe que o objectivo do cartaz é influenciar na compra da marca “Brandt”. Esta é uma das técnicas mais usadas na publicidade: captar a atenção do consumidor a partir de algo inesperado, belo e surpreendente; fazê-lo sentir atraído pelo produto.

6) Mensagens subliminares – hipotéticas: A função simbólica das cores remete-nos para um conceito de mulher equilibrada que sabe o que quer e que gosta de viver em plenitude. São colocadas três cores em plena harmonia: preto – simboliza classe, bom gosto, desejo de requinte; vermelho – irreverência da mulher, paixão, pessoa de emoções fortes; branco – ao mesmo tempo que é requintada, é uma mulher simples, tranquila, pura, calma, equilibrada. Se o leitor quer ser ou ter tudo isto, basta adquirir o produto.

7) Valores implícitos e explícitos: ousadia e atenção (expressos na imagem pela esposa do rui e pelo seu cão), sensualidade (expressa na imagem pelo boné característico dos pintores), diversão e harmonia (expressos pela grávida), profissionalismo (expresso pela arquitecta que carrega o canudo que tem todos os seus projectos).
A parte destes valores implícitos, estão todos aqueles que nos são remetidos pelas cores (classe, bom gosto, desejo de requinte, irreverência da mulher, paixão, tranquilidade, pureza, calma, equilíbrio).

8) Falácias informais – hipotéticas: É obvio que por termos um produto, todo o resto que envolve a nossa vida e o nosso quotidiano, ao contrário do que é afirmado pela publicidade, corre obrigatoriamente bem. Podemos considerar, então, que existe uma falácia neste argumento indutivo, implícita no anúncio: Com o produto “Brandt” os seus cozinhados serão melhores. Com o produto “Brandt”, a sua vida será perfeita em todos os campos.

Conferência: As relações humanas através da evolução



David Sloan-Wilson, conhecido biólogo e antropólogo americano, fala hoje às 18h00 na Gulbenkian, em Lisboa.
Virgílio Azevedo
16:36 Quarta-feira, 13 de Mai de 2009

Link no final do texto para acesso directo à conferência:http://live.fccn.pt/fcg/


Explicar as relações humanas através da Teoria da Evolução é o objectivo de David Sloan-Wilson , que hoje à tarde (18h00) dá uma conferência na Fundação Gulbenkian , em Lisboa, sobre o tema "Evolução e Relações Humanas".

A iniciativa integra-se na série de conferências internacionais que a fundação tem organizado no âmbito das celebrações dos 200 anos do nascimento de Charles Darwin e dos 150 anos da publicação do seu livro "A Origem das Espécies através da Selecção Natural".

O conhecido biólogo da evolução e antropólogo da Universidade de Binghamton (Nova Iorque) é autor de vários livros destinados ao grande público. O último, "A Evolução para Todos", foi recentemente lançado em Portugal pela editora Gradiva , e é também o nome de uma das disciplinas leccionadas pelo autor na universidade.

O seu propósito é explicar, de uma forma divertida e acessível, como a teoria de Darwin pode mudar a nossa forma de pensar na vida, dando resposta a questões tão variadas do nosso dia-a-dia como a origem biológica dos mexericos, do riso ou da criação artística; por que razão os cães têm as caudas enroladas; ou o que nos podem dizer os micróbios sobre a moral.

Os seus outros livros tratam também de temas aliciantes: as relações entre a evolução e a religião, a evolução e a psicologia do comportamento altruísta, a evolução e a natureza da narrativa. Aliás, o cientista já tinha estado em Lisboa em 2006 onde foi orador numa conferência sobre "A Análise Evolutiva da Religião".

David Sloan-Wilson é um dos proponentes do conceito de selecção de grupo na Teoria da Evolução, que se baseia na ideia de que os genes podem fixar-se ou espalhar-se numa população devido aos benefícios que trazem aos grupos, independentemente do seu impacto nas aptidões dos indivíduos dentro de cada grupo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Trabalho 3 - 11.º Ano - Turmas A, B, E e F

AGORA É A SÉRIO...

Trabalho de ensaio/dissertação sobre dimensões éticas do discurso retórico da publicidade

Problemas de partida:

Hipótese 1) é legitimo dirigir publicidade a crianças?

Hipótese 2) é legitimo usar crianças em publicidade?

Hipótese 3) a publicidade é manipulação do auditório?

Regras:
- Máximo 2 páginas A4 - Letra 11 ou 12, espaçamento 1,5
- Imperativo: citar todas, TODAS, as fontes.
- entrega: dia 12, às 24h

Os alunos defendem o trabalho respondendo a uma só questão acera do mesmo.

Critérios de avaliação:
- coerência, consistência da análise e síntese criada;
e ... VER CRITÉRIOS DA DISCIPLINA FILOSOFIA NESTE BLOG

O que é a liberdade? - momento 2

Podemos ser livres sem ter as necessidades básicas asseguradas?

Podemos ser livres com a barriga vazia?




Miró

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Um ser humano em estado vegetal. O que é estar num estado vegetal?




O médico que pôs fim a 23 anos de 'coma'
Rom Houben, 46 anos, vivia preso no próprio corpo. Técnicas inovadoras libertaram-no.
Daniel do Rosário, correspondente em Bruxelas (www.expresso.pt)
21:00 Segunda-feira, 30 de Nov de 2009


Frustração" foi a palavra com que Rom Houben, agora com 46 anos, descreveu o 'cativeiro' de mais de duas décadas no interior do seu próprio corpo, incapaz de comunicar com o exterior, onde os médicos declararam que a sua consciência tinha-se extinguido.

Depois de semanas em coma, na sequência de um acidente de viação - em 1983, que provocou a morte das duas pessoas que o acompanhavam - o então estudante de engenharia, com 20 anos, foi incluído na lista dos doentes em estado vegetativo, ou seja, sem consciência, insensível à dor, incapaz de comunicar. Agora, Houben é capaz de partilhar aquilo por que passou e também os seus planos para o futuro. Faz um relato sufocante do período em que viveu com o rótulo de 'vegetal' e garante que esteve sempre consciente, mas os médicos que o ajudaram afirmam ser "impossível" de confirmar cientificamente.

http://aeiou.expresso.pt/o-medico-que-pos-fim-a-23-anos-de-coma=f550410

domingo, 29 de novembro de 2009

O que é a liberdade? - momento 1

Isaque Tomé :~)

Definição básica:
Liberdade em sentido positivo: a condição que garante a autonomia e a autodeterminação;

Liberdade em sentido negativo: a ausência de coacções físicas e psíquicas.


Para uma definição mais avançada - problematização:
A Liberdade como capacidade de decisão - é absoluta?
Resposta 1: sim - capaz de ultrapassar as condicionantes constitutivas e circunstanciais.

Resposta 2: não - o homem é sempre limitado e determinado pelas dimensões que o formam, envolvem e configuram.

Resposta 3 - as respostas 1 e 2 formam um falso dilema: há uma alternativa:

HipÓtese 3: O HOMEM DECIDE CONDICIONADO, MAS DECIDE.
Argumento A) o sentimento de responsabilidade por ter decidido como decidiu, relembra a possibilidade de não ter decidido como decidiu.
Argumento B) .... Cria um e envia-o...

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Trabalho 2 - 11.º Ano - Turmas A, B, E e F

O discurso publicitário como discurso persuasivo sedutor

Análise da retórica do anúncio publicitário - etapas:


1) Auditório - Público-alvo
2) Tese
3) Logos
4) Ethos
5) Pathos
6) Mensagens subliminares - hipotéticas
7) Valores implítitos e explícitos
8) Falácias informais - hipotéticas

Apresentação: em suporte digital; Tempo: 4m máx.

ver exemplo neste blog - na categoria: publicidade

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O que é a cultura?

Isaque Tomé
1.º - Resposta sofisticada: por oposição ao natural

Cultura é todo o artificio adaptativo e inteligente humano: os valores, a língua, a dimensão estética da vida, os utensílios, as tecnologias e os saberes vários. Neste sentido cultura é o inverso de NATUREZA. A piada é que é da natureza humana ter cultura ou, o que é quase o mesmo ,a cultura faz a natureza humana.


2.º - Resposta antroplógica

A concepção de cultura entendida numa dimensão antropológica, presente em Edward B. Taylor, que a define como sendo “o complexo unitário que inclui o conhecimento, a crença, a moral, as leis e todas as outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade” (Bernardi, 1978: 23) Esta noção de cultura pode definir-se, de forma simples, tal como o fez Anthony Giddens (1997: 46): “a cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens que criam”.
Estas definições sendo abrangentes e de síntese não fecham a porta à definição de cultura como espaço de construção de identidades através das representações.

3.º - Resposta política: culturalismo

Neste sentido os grupos sociais definem-se numa dimensão cultural, que comporta determinado discurso e simbolismo sobre si mesmo e sobre os outros. Desta forma a cultura é um espaço de disputa, de conflito, onde se joga o poder simbólico e discursivo, mas igualmente o poder sobre a dimensão social.
As diferenças culturais, sendo diversas formas de responder criativamente às condições ambientais e históricas, são relativas a essas condições pelo que não são comparáveis e têm o seu valor nessa contextualidade. Contudo, esta é uma perspectiva de cultura que é a base do multiculturalismo liberal ou humanista, segundo Tadeu da Silva (2000: 87-93). A perspectiva crítica das diferenças culturais é a de que estas não são uma dimensão superficial e acessória. Neste sentido a concepção de cultura sofre uma redefinição que vai da antropologia para a política, perdendo o seu conteúdo neutro.

sábado, 7 de novembro de 2009

Trabalho 1 - 11ºAno - Filosofia - ESCLARECIMENTO

Em função das dúvidas que têm chegado torna-se necessário ter algum cuidado na escolha do texto argumentativo.

Primeiro: porque, por vezes, há textos que são panfletários, meramente propagandeadores ou divulgadores de uma ideia, mas sem o mínimo de sustentação argumentativa. estes textos normalmente sustentam-se em falácias.

Segundo: é mais fácil de trabalhar um texto mais simples do ponto de vista da organização, ainda que mais pobre, do que um texto muito efusivo mas confuso.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Trabalho 1 - 11ºAno - Filosofia

Tarefas

A) Criar discurso escrito (A1) e pequena apresentação (A2) sobre o texto argumentativo
1.º - procurar e escolher um texto argumentativo
2.º - identificar a tese(s), os argumentos, as objecções, a conclusão (tese), o corolário.
3.º - identificar e justificar os tipos de argumento;
4.º - identificar falácias – se as houver
Prazo:
- Entrega – 7 de Novembro
- Apresentação e defesa: 11 de Novembro – tempo de apresentação: 5 min

B) Criar numa página A4, segundo modelo de anexo i, uma apresentação que dê conta de uma Falácia:
1.º - definir a falácia a estudar,
2.º - explicá-la
3.º - ilustrá-la com um exemplo
4.º - criar um guia de análise de cada falácia – mostrando o que o auditório tem a fazer para a desmontar e refutar.
5.º - identificar as fontes com toda a clareza
Prazo:
- entregar até 13 de Novembro
- Apresentar aos colegas o trabalho - máximo: 4min. – 16 a 18 de Novembro Formato: letra 14;

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Física Quântica e Filosofia

É um gato? É um vírus? É uma experiência quântica!

Por Ana Gerschenfeld – PÚBLICO – 25/10/2009



Em 1935, o físico austríaco Erwin Schroedinger imaginou uma experiência conceptual, protagonizada por um gato, para mostrar quão bizarra era a nova mecânica quântica, quando transposta para os objectos quotidianos. Agora, um grupo de cientistas diz que é possível fazer realmente a experiência - com um vírus.

A física quântica é uma verdadeira colecção de bizarrias que desafiam as nossas mais íntimas intuições. À escala dos átomos e das partículas subatómicas, tudo é diferente, tudo fica "desfocado", por assim dizer. Um electrão não é como uma bola de ténis, porque, segundo as leis da mecânica quântica, pode estar em vários sítios diferentes ao mesmo tempo - o que não acontece com a bola de ténis.
Uma pergunta que irrita e fascina há décadas muitos físicos é a seguinte: se é verdade (e ninguém duvida) que os objectos quotidianos são feitos de triliões de partículas quânticas, por que é que as leis da física quântica não se aplicam também a esses objectos? Por que é que não podemos, parafraseando a revistaNew Scientist, estar ao mesmo tempo no jardim a cortar a relva e no supermercado a fazer as compras?
Uma das mais famosas peças da galeria de estranhas propriedades não diz respeito às partículas infinitesimais, mas a um gato... O gato é o protagonista de uma experiência mental, uma pura abstracção, imaginada em 1935 por um dos pioneiros da mecânica quântica, Erwin Schroedinger, precisamente para ilustrar o lado bizarro desta área da física.
Oitenta e poucos anos mais tarde, uma equipa liderada pelos físicos espanhóis Oriol Romero-Isart e Ignacio Cirac, do Instituto Max Planck de Garching, na Alemanha, anunciou agora que quer trocar o gato por um vírus e mostrar que é mesmo possível obrigar um organismo vivo ou quase vivo (se não um gato, pelo menos um vírus) a assumir, em simultâneo, dois estados físicos diferentes. Por enquanto, apenas publicaram a descrição da experiência que tencionam fazer para o conseguir no arXiv.org (um sitede pré-publicação de artigos na área da física). Mas o P2 soube entretanto, junto de Ignacio Cirac, que já submeteram o seu trabalho para publicação na revistaNature.
Paradoxo de Schroedinger
Lá vai então a história do gato. Dentro de uma caixa blindada e opaca, lá está ele. Ao pé, mas inacessíveis ao gato, há um frasco cheio de gás de cianeto, uma amostra de material radioactivo, um martelo e um detector de radiação (estes dois últimos objectos ligados um ao outro por um circuito eléctrico). O material radioactivo tem uma probabilidade de 50 por cento de emitir uma partícula de radiação ao longo de uma hora - e a mesma probabilidade de não emitir nada. Passado esse tempo, se a partícula tiver sido emitida, ela terá sido detectada pelo detector, que terá accionado o martelo, que terá esmagado o frasco, que terá libertado o veneno, que terá morto o gato. Se não tiver sido emitida, nada terá acontecido ao animalzinho de estimação, que continuará vivo.
Só que, como o material radioactivo se rege pelas leis da mecânica quântica, ele pode ter emitido a radiação e não a ter emitido, dando origem ao que os físicos chamam uma "sobreposição" desses dois estados. E como os estados de saúde possíveis do gato estão intrinsecamente ligados a esse fenómeno quântico pelo "mecanismo diabólico" da experiência (a expressão é do próprio Schroedinger), o gato também se encontra, simultaneamente, em dois estados radicalmente diferentes: está vivo e morto ao mesmo tempo.
Um pequeno parêntese: é precisamente a possibilidade de sobreposição de estados que está na base de conceitos como o do computador quântico, que, a existir, seria muitíssimo mais poderoso do que qualquer supercomputador convencional. E, a este propósito, diga-se que Ignacio Cirac é considerado um físico brilhante neste domínio. Uma prova entre muitas outras: recebeu esta semana, juntamente com outros dois físicos, a Medalha Benjamin Franklin da Física 2010 - um dos mais prestigiados prémios do mundo - "pela sua proposta teórica e realização experimental do primeiro dispositivo que faz operações elementares de lógica computacional utilizando as propriedades quânticas dos átomos individuais".
Voltando ao gato, a questão é que Schroedinger quis, através desse paradoxo, criticar a chamada "interpretação de Copenhaga" da mecânica quântica (elaborada, em 1927, por outros dois pioneiros da teoria, Niels Bohr e Werner Heisenberg), que estipula que o mundo das partículas é governado essencialmente pelas probabilidades. Segundo esta interpretação, o que acontece é que, mal a caixa é aberta (ou seja, mal uma observação, ou medição do sistema é efectuada por alguém), os estados quânticos simultâneos "entram em colapso", deixando subsistir apenas um dos dois estados possíveis para a fonte radioactiva e para o gato - morto ou vivo. E tudo volta assim à normalidade. Mas Schroedinger, tal como Albert Einstein, não acreditava que o mundo fosse totalmente indeterminista, aleatório, probabilista; pensava, pelo contrário, que o que se passava com a teoria é que ela não descrevia totalmente o mundo físico, que era incompleta e, por isso, não conseguia conciliar as escalas macroscópica e microscópica do mundo físico.
Hoje em dia, apesar deste tipo de dificuldades, a interpretação de Copenhaga continua a ser a mais largamente aceite pela comunidade dos especialistas. Mas existem também propostas alternativas (que são, contudo, ainda mais parecidas com ficção científica...). Uma delas é a chamada many-worlds interpretation (proposta pelo físico norte-americano Hugh Everett em 1957), que especula que o gato bem pode estar morto e vivo ao mesmo tempo - mas em universos paralelos que não têm qualquer hipótese de comunicar entre eles. No nosso universo, o gato estará por exemplo vivo (ou morto), mas existe, fora do nosso alcance, um outro universo onde se verifica a situação contrária.
"Essa interpretação [de Copenhaga] da mecânica quântica é a comummente aceite", diz-nos por email Carlos Fiolhais, físico da Universidade de Coimbra, "mas levanta algumas dificuldades conceptuais. A maior é talvez que, sendo o estado quântico, em geral, uma sobreposição ou mistura de estados puros (...), é a interacção com o observador que determina o resultado da medida. Este "colapso" da função de onda, esta determinação de um mundo indeterminado feita pelo observador, parece prejudicar a existência de um mundo objectivo independente do observador. O paradoxo do gato de Schroedinger surge neste contexto. A questão é: não será absurdo que seja o observador que, quando abre a caixa para ver o gato, o mata?" Ou, dito por outras palavras, será concebível que a realidade seja tributária da consciência humana?
Uma "ratoeira quântica"
Considerações filosóficas à parte, a experiência à qual Cirac, Romero-Isart e colegas tencionam submeter um vírus é a seguinte, como explicam no seu artigo, que se encontra actualmente acessível através do endereço http://arxiv.org/abs/0909.1469. Primeiro, graças ao campo electromagnético criado por um laser - uma "ratoeira quântica", diz Carlos Fiolhais - vão aprisionar um vírus no vácuo. A seguir, com um segundo laser, vão reduzir os movimentos do vírus até o fazer atingir o seu estado de energia mais baixo - ou seja, até ele parar de se mexer quase por completo. E por último, vão alvejar o vírus com um fotão (uma partícula de luz). Como o fotão é uma partícula quântica (e como tal, pode ao mesmo tempo atravessar o vírus sem surtir qualquer efeito e ser reflectida por ele, imprimindo-lhe um movimento adicional), o dispositivo deverá conseguir colocar o vírus numa superposição quântica de dois estados de movimento.
"Há coisas impossíveis, mas esta não parece ser uma delas", explica-nos ainda Fiolhais. "[Mas] os autores, sabendo que não conseguem "caçar" com gato, "caçam" com um vírus e, em vez de falarem do vírus vivo ou morto, falam de vários estados de vibração do vírus, isto é, querem pôr o vírus a abanar tal como uma corda musical."
Existem vírus capazes de resistir a um tal tratamento? Sim, respondem os autores desta ainda hipotética experiência: por exemplo, os vírus da gripe. Possuem as dimensões adequadas (uma centena de milionésimos de milímetro) e têm as propriedades físicas certas para se comportar de forma quântica: entre outras coisas, não conduzem a electricidade e conseguem resistir ao vácuo durante semanas. O vírus do mosaico do tabaco é um outro candidato. Com mais arrojo ainda, os autores referem mesmo a possibilidade de se vir a utilizar uns bichinhos bem maiores: os tardígrados, uns minúsculos animais, com 1,5 mm de comprimento, que vivem nos musgos, nos locais húmidos, e que também são capazes de sobreviver no vácuo.
Vivo ou não?
Há quem ache que os vírus não são realmente seres vivos e que, portanto, o sucesso da experiência com um vírus não significará que foi possível criar uma sobreposição quântica num ser vivo, ao contrário do que anuncia o título do artigo. "Partículas, átomos, moléculas e grandes moléculas têm-se portado como a mecânica quântica diz que se devem portar", explica-nos Fiolhais. Inclusivamente, frisa, foram feitas experiências de sobreposição quântica com moléculas de futeboleno (carbono 60), que são objectos nanoscópicos tais como os vírus. Ao fim e ao cabo, salienta este cientista, "um vírus não passa de uma molécula grande e complexa" e "é discutível se se lhe deve chamar um organismo vivo". "Digamos que está na transição entre o não-vivo e o vivo."
Martin Plenio, físico do Imperial College de Londres, citado pelaNature numa notícia acerca desta pré-publicação, é da mesma opinião: "Estou totalmente convencido que os vírus se comportariam exactamente da mesma forma que as moléculas inorgânicas."
O que não impede, segundo ele, que a experiência seja interessante, na medida em que pode "ajudar os físicos a determinar onde acaba o mundo quântico e onde começa o nosso mundo macroscópico".
"A questão é precisamente até onde é que essas leis [quânticas] são válidas", diz-nos por seu lado, também via email, Yasser Omar, especialista de física quântica da Universidade Técnica de Lisboa. "Recentemente, tem havido um progresso notável e tem vindo a descobrir-se que os efeitos quânticos sobrevivem em objectos muito maiores do que se imaginava, ainda que à escala nanoscópica." E não só. "Foi demonstrada a existência de efeitos quânticos no processo de fotossíntese", acrescenta Omar, "em moléculas grandes, à temperatura ambiente... e em sistemas vivos". "Trata-se de resultados muito recentes, que vêm mais uma vez empurrar a fronteira do mundo quântico (...). O artigo do Cirac é mais uma contribuição nesta direcção (...)."
E acrescenta, com um entusiasmo palpável: "Criar uma sobreposição quântica num ser vivo, como um vírus, a temperatura ambiente, seria um resultado de grande espectacularidade, que demonstraria que a fronteira entre a física quântica e a física clássica está muito para além do que se pensava. (...) Não deixaria de ser uma surpresa para a esmagadora maioria dos físicos e seria certamente um resultado candidato ao Prémio Nobel. Mas o mais interessante é que, se tais resultados forem observados, abrem-se desafios extremamente interessantes para os físicos resolverem. Como, por exemplo, explicar como é que os sistemas quânticos são robustos [não são perturbados] ao ruído exterior - o que poderá ser uma contribuição crucial para a construção de um computador quântico -, e descobrir até onde se podem observar efeitos quânticos, em particular em sistemas ou seres vivos maiores. A priori, poderá não haver nenhuma limitação fundamental à realização deste tipo de experiências com objectos maiores."
Questões filosóficas
Concluem os autores do artigo: "Esperamos que as experiências propostas sejam um primeiro passo para abordar experimentalmente questões fundamentais, tais como o papel da vida e da consciência na mecânica quântica - e até as implicações nas nossas interpretações da mecânica quântica." E, numa versão anterior do texto (que esteveonlineaté há uns dias), também escreviam que, a confirmar-se que um ser vivo pode assumir sobreposições quânticas, poderia mesmo haver maneiras de testar a validade das diferentes interpretações da teoria, nomeadamente a de Copenhaga e a dos multiversos (many-worlds), já aqui referidas.
Carlos Fiolhais mostra-se céptico. "A confusão que podemos ter sobre o comportamento de objectos nanoscópicos", diz-nos, "é natural, pois não estamos habituados ao comportamento do micromundo. (...) "[Mas] não penso que a experiência do vírus possa iluminar questões filosóficas do tipo das que são levantadas pela teoria quântica."
Até porque "o paradoxo [de Schroedinger] pode ser ultrapassado dizendo que falamos de probabilidade de gato morto e probabilidade de gato vivo", explica ainda, "e que, se tivermos muitas caixas com gatos, encontraremos uns vivos e outros mortos na proporção indicada pelas probabilidades". "Esta é uma maneira satisfatória, quanto a mim, de ver o problema [e evita] algumas complicações que vêm da interpretação de Copenhaga. Não é um gato que está meio vivo, meio morto como umzombie, mas um conjunto de gatos que estarão uns vivos e outros mortos. E, quando eu digo que encontramos gatos vivos e mortos, não estou a dizer que o olhar os mata..." E nós arriscamo-nos a acrescentar: também não significa que pertencem a universos paralelos...
"Eu diria", prossegue Fiolhais, "que há um contínuo entre o micromundo das partículas, átomos e moléculas e o nosso macromundo. A teoria quântica não é eterna, poderá um dia ser ultrapassada por outra que a englobe, mas duvido que possa ser ultrapassada por experiências do tipo da que ora foi proposta... O mais natural é que se confirmem as previsões da teoria quântica e, assim, não se avance muito. Para avançar ter-se-ia de encontrar uma falha de previsão, algo que nem Schroedinger, nem Einstein, nem ninguém depois deles conseguiu. Apesar de todas as dificuldades conceptuais, a teoria quântica está bem e recomenda-se."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Teste de Lógica Formal - Aristotélica

1. O valor de verdade da conclusão de um raciocínio (ou argumento) não é essencial para determinar a sua validade. Concorda com a afirmação? Justifique.

Texto B
«O conceito é a primeira operação intelectiva na qual o entendimento (faculdade mental de conhecer) reúne na mesma representação geral e abstracta as características e as propriedades comuns a uma espécie ou conjunto de seres ou objectos (...)»
2. Relacione o facto de o conceito ser abstracto com a sua característica de universalidade.

3. Disponha por ordem crescente de extensão os seguintes conceitos:
Utensílio; colher; colher de pedreiro; utensílio manual; objecto; ser inanimado

4. Considerando que a proposição “Todos os alunos são aplicados” é verdadeira, avalie o valor lógico da sua contrária e da sua subalterna. E se for falsa qual o valor de verdade da sua contrária?

5. Distinga a dedução da indução.

6. Esclareça a razão pela qual a dedução é mais segura do que a indução.

7. Considere os seguintes argumentos silogísticos:

A) Todos os físicos são valorizadores das ciências empíricas.
Alguns racionalistas são valorizadores das ciências empíricas.
Logo, alguns racionalistas são físicos

B) Alguns intelectuais são racionalista
Todos os racionalistas admiram a geometria
Logo, todo o que admira a geometria é racionalista.

7.1. Enuncie a Figura e o modo dos silogismos que A) e B).
7.2. Avalie o valor lógico dos Silogismos A e B). No caso de ser inválido justifique

8. Classifique os seguintes argumentos como dedutivos ou indutivos. Justifique.
A) Os alentejanos são lentos, pois o João é lento e é alentejano e também o Manuel é alentejano e é lento.
B) O João sacrifica-se, pois para ser bom aluno é preciso sacrifício.

9. Formalize canonicamente o seguinte argumento dedutivo: estes homens pensam, logo existem.

sábado, 10 de outubro de 2009

sentidos, imaginação e razão




Sentidos, imaginação e razão são três formas de conhecer. Pelos sentidos vimos os olhos castanhos deste homem, pela imaginação representamo-los verde água, pela razão criámos o seu conceito, que deixa de ter cor. Neste deixar de ter cor está a virtude e o limite da própria razão.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Conectores lógico-sintáticos

Oposição
mas
ao/pelo contrário
compensação
apesar de
entretanto
contudo
todavia
porém

Concessão
embora
ainda que
se bem que
apesar de que
sem que
ainda quando

Comparação
como
conforme
assim como...assim também
mais...do que

Condição
se
a não ser que
desde que
contanto que
uma vez que
salvo se

Premissa
porque
pois
sabendo que
admitindo que
pressupondo que
partindo do princípio
dado que
uma vez que
já que

Conclusão
logo
então
por conseguinte
portanto
por isso
consequentemente
segue-se
infere-se
conclui-se

termos da argumentação

O que é um argumento?

Um argumento é um conjunto de frases, ou com mais rigor, um conjunto de proposições, no mínimo duas, relacionadas entre si segundo uma estrutura tal que uma e só uma é a conclusão do argumento e uma outra ou outras é/são as premissas do argumento.

Vamos agora esclarecer os termos desta definição:

Proposições: as proposições são frases mas nem todas as frases são proposições. Um a frase interrogativa, uma frase imperativa, uma exclamação, um pedido ou uma promessa não são proposições embora sejam frases. Só são proposições as frases declarativas, ou seja, aquelas em que fazemos afirmações das quais se pode dizer se são verdadeiras ou falsas. Às perguntas pode ou não responder-se, às ordens pode ou não obedecer-se, às exclamações pode ou não reagir-se, as promessas são sinceras ou fingidas, etc.; às afirmações e só às afirmações convém a qualificação de verdadeiras ou falsas.

Conclusão: A conclusão de um argumento é a proposição que se afirma com base na outra ou outras proposições do argumento

Premissas: as premissas (ou premissa) de um argumento são as proposições que são afirmadas (ou supostas) como suporte ou apoio da conclusão.

Estrutura ou forma de um argumento: A estrutura ou forma de um argumento é o tipo de nexo lógico ou de relação inferencial que é estabelecido no argumento entre a(s) premissa(s) e a conclusão. Nem toda a sequencia de proposições é um argumento. É necessário que se verifique uma determinada relação de dependência da conclusão relativamente às premissas, cabendo às premissas dar apoio ou garantia à conclusão.

Inferência: chamamos inferência ao processo de trânsito das premissas para a conclusão: a conclusão infere-se das premissas; as premissas suportam ou sustentam a conclusão.

Competências do aluno de Filosofia no final do 11.º Ano

No final do 11º ano, os alunos e as alunas deverão ser capazes de:

Recolher informação relevante sobre um tema concreto do programa e, utilizando fontes diversas - obras de referência, suportes electrónicos ou outros - compará-la e utilizá-la criticamente na análise dos problemas em apreço.
Clarificar o significado e utilizar de forma adequada os conceitos fundamentais, relativos aos temas/problemas desenvolvidos ao longo do programa de Filosofia.
Redigir textos - sob a forma de acta, síntese de aula(s) ou relatório - que expressem de forma clara, coerente e concisa o resultado do trabalho de compreensão e reflexão sobre os problemas filosóficos efectivamente tratados.
Participar em debates acerca de temas relacionados com os conteúdos programáticos, confrontando e valorando posições filosóficas pertinentes ainda que conflituantes e auscultando e dialogando com os intervenientes que sustentam outras interpretações.
Analisar textos de carácter argumentativo - oralmente ou por escrito -, atendendo:
à identificação do seu tema/problema;
à clarificação dos termos específicos ou conceitos que aparecem;
à explicitação da resposta dada ou da tese defendida;
à análise dos argumentos, razões ou provas avançados;
à relação de conteúdo com os conhecimentos adquiridos.

6. Compor textos de carácter argumentativo sobre algum tema/problema do programa efectivamente tratado e acerca do qual tenham sido discutidas distintas posições ou teses e os correspondentes argumentos:
- formulando com precisão o problema em apreço;
- expondo com imparcialidade as teses concorrentes;
- confrontando as teses concorrentes entre si;
- elaborando uma resposta reflectida à questão ou problema.
7. Realizar um pequeno trabalho monográfico acerca de algum problema filosófico de interesse para
o estudante, relacionado com algum conteúdo programático efectivamente abordado e metodologicamente acompanhado pelo docente nas tarefas de planificação.

Conceitos transversais a todas unidades e a serem dominados pelo aluno do Secundário

CONCEITOS GERAIS OU TRANSVERSAIS

absoluto / relativo
formal / material
abstracto / concreto
identidade / contradição
antecedente / consequente
imediatez / mediação
aparência / realidade
intuitivo / discursivo
a priori / a posteriori
particular / universal
causalidade / finalidade
saber / opinião
compreensão / explicação
sensível / inteligível
contingente / necessário
sentido / referência
dedução / indução
ser / devir
dogmático / crítico
subjectivo / objectivo
dúvida / certeza
substância / acidente
empírico / racional
verdade / validade
essência / existência
teoria / prática
finitude / infinitude
transcendente / imanente

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nobel da Química

do PÚBLICO...

Nobel da Química para estudo do ribossoma e da forma como ilustra a evolução de Darwin
07.10.2009 - 11h03 Clara Barata
O ribossoma traduz a informação contida no núcleo da célula, escrita no código do ADN, é traduzida para produzir proteínas, que são os tijolos que que são construídos todos os seres vivos. Os três cientistas este ano premiados com o Nobel da Química recebem o premio por terem estudado a sua estrutura, através de um método denominado cristalografia de raios-X, e por terem cartografado cada um dos centenas de milhares de átomos que constituem esta estrutura existente no interior das células.


Venkatraman Ramakrishnan (EUA, embora nascido na Índia há 57 anos), Thomas A. Steitz (EUA, 69 anos) e Ada E. Yonath (Israel, 70 anos) são os galardoados deste ano.

“A trilogia de prémios iniciou-se com o mais famoso de todos, o de 1962, quando James Watson, Francis Crick e Maurice Wilkins receberam o reconhecimento pela elaboração do modelo atómico da molécula de ADN em forma de dupla hélice”, diz um comunicado da Real Academia de Ciências Sueca. De fora ficou Rosalind Franklin, a cientista que de facto obteve as imagens em cristalografia de raios-X vistas de forma algo subreptícia por Watson e que lhe deram a ideia inspiradora de como seria a verdadeira estrutura do ADN – mas em 1962 Franklin já tinha morrido, de cancro.

Prosseguindo com a sequência da Academia sueca, o segundo prémio da Trilogia Darwin foi atribuído em 2006, a Robert Kornberg, por ter obtido imagens de estruturas em raios-X que demostram como a informação do ADN, contida no núcleo da célula, é copiada pela molécula do ARN mensageiro (ARNm).

Os ribossomas, que estão no centro do palco do Nobel da Química da 2009 e no final desta Trilogia Darwin, são uma das mais complicadas máquinas celulares – e há várias, no interior de cada minúscula célula do nosso corpo, embora funcionem ao nível atómico. Traduzem a informação do ADN para um código que outras máquinas das células conseguem entender, para juntar aminoácidos e produzir proteínas.

A correcção dessa tradução é muito importante, pois o organismo é literalmente feito de proteínas (hemoglobina no sangue, por exemplo, que transporta oxigénio, ou insulina, que controla os níveis de açúcar no sangue) e alguns erros podem ser fatais.

Por isso, os ribossomas existem em todos os seres vivos, das bactérias aos seres humanos – e exactamente por esse motivo, são alvos preferenciais para medicamentos. Se se impedir uma bactéria de produzir correctamente as proteínas de que precisa para produzir as sua camada exterior, por exemplo, é possível torná-la vulnerável e combater uma infecção com antibióticos. Os três laureados com o Nobel produziram modelos tridimensionais que mostram como diferentes antibióticos se ligam aos ribossomas, usados para desenvolver novos medicamentos

11.º Ano - Teste 1 - Lógica Formal

- Definir Lógica
- Clarificar o objectivo da Lógica

- Clarificar o problema da verdade e da validade dos raciocínios

- Identificar os tipos de raciocínio.
- Caracterizar os tipos de raciocínio

- Definir e relacionar conceito e termo
- Caracterizar o conceito
- Definir extensão e compreensão
- Classificar conceitos segundo a sua extensão e compreensão


- Distinguir Juízo de Proposição
- Classificar as proposições quanto à qualidade e quantidade, aplicando o quadrado lógico
- Conduzir as proposições à forma canónica

- Inferir imediatamente

- Distinguir raciocínio indutivo de raciocínio dedutivo
- Apresentar vantagens e desvantagens de cada um dos raciocínios

- Identificar a distribuição dos termos

- Classificar os silogismos categóricos, segundo a sua figura, modo.
- Identificar num juízo a sua conclusão e as suas premissas.

- Identificar falácias no silogismo categórico (aplicar as regras)

Indução e Dedução

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Induzir e deduzir

Nigel Warburton

A indução e a dedução são dois tipos diferentes de argumentos.
Um argumento indutivo envolve uma generalização baseada num certo número de observações físicas. Se eu observar um grande número de animais com pêlo, concluindo a partir das minhas observações que todos os animais com pêlo são vivíparos (isto é, dão à luz crias em vez de porem ovos), estaria a usar um argumento indutivo.
Um argumento dedutivo, por outro lado, parte de certas premissas, passando depois, longinquamente para uma conclusão que se segue dessas premissas. Por exemplo, das premissas “todas as aves são animais” e “os cisnes são aves”, posso concluir, portanto, todos os cisnes são animais: esse é o argumento dedutivo.
Os argumentos dedutivos preservam a verdade. Isto significa que, se as premissas são verdadeiras as suas conclusões têm que ser verdadeiras. Entraríamos em contradição se afirmássemos as premissas e negássemos a conclusão. Assim, se as premissas “todas as aves são animais” e “ os cisnes são aves” são ambas verdadeiras, têm que ser verdade que todos os cisnes são animais.
Ao invés, os argumentos indutivos com premissas verdadeiras podem ter ou não conclusões verdadeiras. Mesmo que todas as observações de animais com pêlo, por mim efectuadas tenham sido fidedignas e que todos os animais sejam de facto vivíparos e mesmo que eu tenha feito milhares de observações, pode vir a descobrir-se que a minha conclusão indutiva de que “ todos os animais com pêlo são vivíparos” é falsa. Na verdade, a existência de um plátipo ornitorrinco, um tipo peculiar de animal com pêlo que põe ovos, significa que se trata de uma generalização falsa.


Nigel Warburton, Elementos básicos de Filosofia, Gradiva, Lisboa, 1997, p.172

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Darwin




o bicentenário do Nascimento de Charles Darwin e o 150º aniversário da publicação do livro “A Origem das Espécies estão a ser comemorados com diversas iniciativas um pouco por todo o lado. aqui ficam alguns links interessantes

http://darwin-online.org.uk/

http://www.darwin2009.pt/home/

http://www.darwin200.org/

http://www.cienciaviva.pt/home/

O ser desamparado

Eric Fromm

“Quanto menos completo e estável é o equipamento instintivo do animal, mais desenvolvido é o cérebro e, por isso, a capacidade de aprendizagem. A emergência do homem pode situar-se naquele ponto do processo de evolução em que a adaptação instintiva atingiu o mínimo; contudo, o homem surge dotado de novas qualidades que o distinguem de todos os outros animais: a consciência de si mesmo como entidade distinta, a possibilidade de reter o passado, visualizar o futuro e designar objectos e acções por intermédio de símbolos, a razão que lhe permite conceber e compreender o mundo, e a imaginação que o faz ultrapassar os limites dos seus sentidos. O homem é o mais desamparado de todos os animais, mas esta mesma debilidade biológica constitui a base da sua força, o motor fundamental do desenvolvimento das suas qualidades propriamente humanas.”
Eric Fromm, Ética e psicanálise

Cultura como molde do pensamento e do comportamento

O nosso comportamento, sem que disso tenhamos consciência, inspira-se (…) quase a cada momento em normas que nos servem de guias ou modelos. O nosso penteado, o fato, a linguagem que utilizamos, os gostos culinários ou estéticos, a maneira de exprimir a alegria, a dor, a raiva, e muitas vezes mesmo os nossos pensamentos mais íntimos, tudo isto nos foi proposto, fornecido, ensinado pelo meio em que crescemos e onde evoluímos.
(…) A cultura é efectivamente uma espécie de molde em que são colocadas as personalidades psíquicas dos indivíduos; esse molde propõe-lhe ou fornece-lhe modos de pensamento, conhecimentos, ideias (…). A criança que nasce e cresce numa cultura particular (nacional, regional, de classe, etc.) está destinada a ter que gostar de certos pratos, a comê-los de certa maneira, de ligar determinados sentimentos a determinadas cores, e a casar segundo um rito particular, a adoptar certos gestos ou mímica, a compreender os estranhos numa óptica particular, etc. A mesma criança, se à nascença tivesse sido retirada da sua cultura e submetida a outra, teria gostado de outros pratos, comido de maneira diferente, casar-se-ia seguindo outros ritos, não recorria sequer à mímica e compreendia de maneira diferente os nossos estranhos”.
G. Rocher, Sociologia Geral I, Ed. Presença, Lisboa, pp.71-72; 89; 112-113 e 210

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Distribuição dos termos

Distribuição dos termos

A extensão é o conjunto de coisas ou objectos abrangidos pelo termo (ou conceito) em causa.
Sabemos também que um termo é considerado universal quando se refere à totalidade da sua extensão. Nestes casos, o termo costuma ser precedido um quantificador que indique a universalidade.
Por sua vez, é considerado particular o termo que se refere apenas a parte da sua extensão, sendo antecedido por alguns, existem, certos, etc.
Dizemos que um termo (sujeito ou predicado) se encontra distribuído quando tomado em toda a sua extensão.
Nas proposições de tipo A e E, o termo relativo ao sujeito é universal. Com efeito, essas proporções referem-se a todos os elementos do conceito. Sendo assim, o sujeito encontra-se distribuído.
Nas proposições de tipo I e O, o termo referente ao sujeito é particular, refere-se apenas a alguns elementos. Como tal, não se encontra distribuído.
No que se refere ao predicado, ele apenas se encontra distribuído nas proposições negativas (E e O). Nas proposições afirmativas (A e I), não está distribuído. Para perceber a distribuição (ou não distribuição) do predicado, verifiquemos, nos seguintes exemplos, o quantificador que no-lo indica:

Nas proposições de tipo A
Todos os cães são mortais
Todos os cães são (alguns) mortais

Nas proposições de tipo E
Nenhuns homens são anjos
Nenhuns homens são (todos os) anjos

Nas proposições de tipo I
Alguns homens são santos
Alguns homens são (alguns) santos

Nas proposições de tipo O
Alguns homens não são peixes
Alguns homens não são (todos os) peixes

Sendo assim,

PROPOSIÇÕES ---------- SUJEITO -------- PREDICADO
A ---------- Distribuído -------- Não distribuído
E ---------- Distribuído -------- Distribuído
I ---------- Não distribuído -------- Não distribuído
O ---------- Não distribuído -------- Distribuído

Classificação de Proposições

1. Considere as proposições abaixo enunciadas
1.1. Reconduza à forma canónica
1.2. Classifique as proposições a partir do quadro lógico:
A E I O

1 Quase todos os portugueses gostam de futebol
2 Não há quem não goste de boa comida
3 Há alunos que não são estudiosos
4 Ninguém de bom senso se deixa prejudicar
5 Os cisnes não são negros
6 Há pessoas com sorte
7 Qualquer pessoa gosta de ir à praia
8 Todos os portugueses são simpáticos
9 Não há quem não goste de boa música
10 Nem todos os alunos são cábulas
11 As avós são óptimas cozinheiras
12 Nenhum veneno é saudável
13 Quem tudo quer tudo perde
14 Ninguém de bom senso gosta de violência
15 Não há mentirosos honestos